Capítulo 28

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Manchester, Reino Unido (2008).

― A enfermeira me disse que sua barriga dói. Espero que você entenda o porquê.

Louis negou.

― Diga-me.  ― Suas feições se torceram em uma careta de pesar. ― Diga que não é verdade ... ―  Ele soluçou.

― Sinto muito, Louis. O colapso que houve em seu sistema foi demais para seu útero. Não temos certeza, mas há uma grande probabilidade de que você esteja agora em um estado estéril.

As lágrimas caíram quentes, molhando suas bochechas. Ele sentiu braços o cercando, era Evan. Ele não o afastou, pois ele precisava disso. Um abraço, aquele apoio e a sensação de que tudo ficaria bem. Mesmo que fosse uma mentira triste.

Uma vez ele sonhou que carregava nos braços um pequeno e terno ser que vinha dele. Claro que ele sonhou, como qualquer Ômega normal que quer crescer e começar uma família. Ele imaginou alguma noite antes de dormir com uma barriguinha, vestindo roupas largas e confortáveis, ele se perguntou se ficaria mal-humorado se no futuro provavelmente estivesse em condições. Ou seja, um futuro muito distante. Embora não importasse mais, ele não tinha mais aquela oportunidade que existia, ele próprio estragou tudo.

Ele soluçou, abraçando fortemente o alfa que negava suavemente sentir a dor de Louis em seu próprio peito. O cheiro de ômega estava sufocando na sala, ele quase podia sentir o arrependimento no ar tomando conta de seus próprios sentimentos. Sem dúvida, a aura de Louis era dolorosa, uma pena para quem sentisse porque era muito intensa.

E é que apesar de rejeitar seu ômega interior por algum tempo, não havia nada pior do que sentir o que ele sentia naquele momento. Um Ômega vem ao mundo para poder trazer mais vidas à ele. Para, quem sabe, poder procriar e cuidar de seus filhotes com aquele instinto protetor que sempre prevaleceu neles. Louis não sabia o que estava acontecendo, mas sentiu um vazio gigante dentro dele. Ele nunca poderia ser mãe. E embora não fosse algo que planejasse fazer tão cedo, doía saber que se ele quisesse ... Ele não poderia.

Ele nunca ouviu as palavras angustiadas que sua mãe lhe deu. Ela disse que ele deveria parar, que ele se machucaria e ele não deu ouvidos. Ele também não deu ouvidos às advertências do médico que visitava para prescrever supressores. Ele também disse à ele que um dia ele deveria parar, e que eles esperavam que não fosse tarde demais quando ele decidisse que já estar farto.

Mas agora, era tarde demais, certo? E realmente tinha sido tudo culpa dele. Ele queria gritar e correr, ir embora, mas não havia para onde escapar. Parecia inútil.

―  Isso é tudo? ... ― Ele perguntou em um soluço.― Eu jamais poderei ...? ― Ele tentou dizer, mas não conseguiu terminar. Ele não tinha acabado de aceitar ainda. Estava quebrado agora sim, por dentro. Isso poderia ser dito facilmente, mas era difícil. Não poder dar vida, mesmo quando tinha oportunidade de o fazer. Quando ele decidiu ignorar tudo e acreditar ser o "rei" pelo simples fato de ser capaz de fazer o que ele achava certo e isso estava apenas o machucando silenciosamente. Era uma porcaria.

―  Se você quiser minha opinião honesta, Louis. Eu diria que não. ―  Um golpe teria doído menos, mais lágrimas correram por suas bochechas e ele deu um suspiro lamentável. Há anos usando um produto que deve ser usado umas duas vezes por ano e só se for realmente necessário. ―  Você deve entender que ... É muito difícil. Sua fertilidade foi se deteriorando aos poucos, as pílulas supressoras são muito fortes e, mais ainda no seu caso. Você começou muito jovem com eles e, claro, usando-os de uma maneira seriamente errada. Eu não diria que você não será capaz de conceber uma vida um dia, mas será realmente muito difícil e por si só, a oportunidade é quase nula, além de muito perigosa. Com base em meus estudos e meu diagnóstico, recomendo que você não tente fazer isso.

Secret Omega • Larry Stylinson ➵ portuguese versionOnde histórias criam vida. Descubra agora