Aquela Flor.

O que não pode ser dito em voz alta.

Misaki:

Estamos soltando fogos de artifício, o Ethan ficou no hotel para falar com a Mei... Ela ficou esquisita depois da Azumi ter falado que o Haru voltou e era o nosso professor.
Bem, não podemos culpá-la, afinal ela não sabe da história e nem sabe sobre o passado do Ethan.
Eu tenho dó dela por isso, devem haver tantas dúvidas em sua cabeça agora... Assim como há na minha.
O que o Kyan quis dizer? Por que eu não consigo entender? Ele não gosta de mim e isso eu sei... Mas ultimamente ele tem mudado muito, nesse mês eu não vi ele com nenhuma garota... Nem mesmo na escola. O que ele está fazendo?

Eu estou agachada perto do mar, em minhas mãos tenho um dos fogos, eles são em formato de palitinho, na verdade parecem velas de aniversário.
Você acende a ponta e ele queima aos poucos, é muito bonito...
Sem perceber acabo escrevendo o nome dele no ar, quase como que um reflexo, o kanji some em um segundo. Espero que ninguém tenha visto.

Azumi e o Mitsuo-sensei estão juntos também, eles estão brincando com o mesmo tipo de fogo de artifício que eu. Parecem estar felizes, isso me deixa feliz, ela teve que enfrentar bastante coisa e sempre esperou por ele... mesmo achando que ele já estava longe demais ou até namorando alguém, ela se segurou na esperança. Ao contrário de mim... que na primeira oportunidade de desistir, desisti.
Eu não me segurei na esperança de que o Kyan iria vir até mim, e agora sinto que estou enganando o Yuki-kun. Isso é horrível... Eu não sei o que fazer:

- Oi. - Ouço alguém me chamar. - Por que está sozinha aí?

- Ah, olá. - É o Kyan... Por que sempre aparece quando estou pensando em você? - Eles são namorados, né... Não queria atrapalhar, então fiquei aqui.

- Vou ficar aqui também. Posso? - Eu assinto e ele se senta ao meu lado. - Que cor bonita! - Ele aponta para o palito em minha mão:

- Sim, é vermelho carmim. - Eu sorrio para ele. - Igual a cor de seu cabelo, minha cor favorita! - Falo por impulso, meu Deus... O que eu fiz? Acabei ficando animada demais e falei o que não devia. Eu olho para ele e percebo algo... Seu rosto ficou um pouco corado... O que isso significa? Que vergonha:

- O meu é verde. Igual a grama nova que cresce na primavera. - Ele me mostra. - Minha cor favorita também. - Essa é a cor dos meus olhos... Kyan... O que está querendo me dizer?:

- Sim, duas cores muito bonitas. - Digo algo para quebrar o clima que meus pensamentos tentam me fazer sentir. - O que achou de eles estarem namorando?

- Perigoso. - Ele olha para as estrelas e eu faço o mesmo. - Tenho medo de serem pegos, a Azumi está sendo imprudente. É perigoso demais para eles namorarem assim.

- Sim... - Ele tem um ponto. - Mas ele se amam, então sempre irá haver um jeito. - Deixo de olhar para o céu e me concentro no horizonte. - Quando amamos alguém de verdade não importa o tempo, quando é para ser, pode demorar mas sempre acontece. Quem tem que se encontrar, se encontra. - Eu queria acreditar nisso também... Mas quem eu encontrei, quis encontrar outros:

- Você acha que perdoaria a pessoa que ama? - Que? Ele está falando sobre quem? - Digo, você perdoaria alguém que cometeu muitos erros e se distanciou da pessoa que amava, apenas para satisfazer as expectativas dos outros?

- Bem, acho que sim. - Eu não entendi a pergunta... - Acho que perdoaria sim, todos merecem uma segunda chance. - Eu não sei o que dizer para ele, as vezes ele soa como uma incógnita. Quem deveria ser perdoado?:

- Ah... ufa, fico feliz que pensa assim. - Que? Como assim? - Bem, os fogos já se apagaram. Vamos embora?

- Eu nem percebi... - Dou uma risada curta. - Vamos sim. - Ele se levanta e estica a mão para me ajudar a levantar. Eu seguro-a mas quando me levanto acabo tropeçando. Então Kyan segura fortemente meu braço e me puxa, coloca a mão em volta de minha cintura e assim evita minha queda. Sinto meu coração bater mais forte, como um louco! Estou encostada em seu peito, consigo sentir o quanto o tempo o mudou, antes era mais baixo que eu e muito fraco... Hoje parece que é três ou até mesmo quatro vezes maior e mais forte que eu... Esse sentimento que não acaba, por quê?... A maneira que estamos agora... Isso se assemelha à um abraço... Sinto sua respiração acima de minha cabeça, perto dele eu sou tão pequena... Acabamos ficando assim por alguns segundos, até que eu me solto. - O-Obrigada... - Sinto meu rosto queimando, devo estar muito vermelha. - V-Vamos.