the london boy

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HARRIET SPENCER

Os dias passaram devagar desde o anúncio da aposentadoria e agregação de Pepo à equipe técnica da McLaren. Para mim não houveram muitas novidades, fiz meu planejamento anual como sempre faço, comprei roupas novas para dar uma diversificada nos looks durante a nova temporada, arrumei as malas antecipadamente, tudo estava indo bem. Mas eu ainda não sabia nada sobre o substituto de Pepo, nem mesmo se ele sequer tinha pisado no Paddock alguma vez na última temporada e a curiosidade estava me matando aos poucos.

Tirando isso, a única coisa que me preocupa é que meu Mustang ainda continua amassado e poucas coisas me irritam tanto quanto uma pessoa que faz algo errado e não arca com as consequências. Vai por mim, não estou com a mínima vontade de ir atrás do cara que bateu no meu carro, mas fico completamente sem escolhas quando se trata da lembrança material mais viva que tenho do meu pai. Então, fiz um acordo comigo que, antes do início da temporada, vou encontrar o cidadão e fazê-lo pagar pela sua própria irresponsabilidade.

Olho no relógio e vejo que falta pouco para as três da tarde. A coletiva da McLaren vai começar mais tarde, mas Pepo e Alan me fizeram o convite para conhecer 'o novo rosto da equipe' hoje, antes de todo mundo. Retoco meu batom enquanto olho no espelho do banheiro e penso que esse encontro provavelmente é um teste, afinal, estou com Pepo desde o início do meu trabalho aqui e todos sabem que não fui das pessoas mais fáceis de lidar.

Os saltos ecoam no salão enquanto finalmente caminho até a sala de Alan que fica no final do corredor. Vesti meu terninho verde musgo que é ao mesmo tempo vibrante e discreto. Faltam dois minutos para as três quando abro a porta, estou no horário combinado, Pepo e Alan estão em pé, olhando para Londres pela imensa janela de vidro.

Então, onde está o novo rosto da McLaren que todos estão fazendo questão de guardar tanto segredo? — falo em um tom descontraído que beira o debochado e me sento próxima a eles.

Até que esse moleque mostre que tem talento vou me referir a ele como o único esteriótipo possível dentro do meio que habitamos: o filhinho do papai que finalmente teve o passe livre comprado. Sei que uma parte do meu comportamento se dá ao rancor pela aposentadoria do Pepo, mas de qualquer forma o meu respeito precisa ser conquistado, sempre foi assim.

Ele está a caminho — é só o que Alan diz, enquanto Pepo me encara de forma enfática, sabendo exatamente o que estou pensando.

Ele. Está. Atrasado.

Me junto aos dois e varro a paisagem de concreto com o olhar, começando a ficar ainda mais irritada. Já não me basta minha vida pessoal estar o caos, a tpm estar evaporando pela minha pele, ainda vou ter que encarar problemas no trabalho. Por que, convenhamos, se esse garoto não consegue obeceder um horário, imagina outras ordens expressas que vão soar bem mais banais aos ouvidos dele.

Está tudo bem? — Pepo se aproxima de forma suave e segura um dos meus braços, chamando minha atenção. — Aconteceu alguma coisa?

Várias — digo, mantendo minha pose de durona, mas evitando olhar nos olhos castanhos dele. — Mas isso é assunto pra outra hora, cadê ele?

Olho mais uma vez no relógio. Quinze minutos.

Alan não é possível que você chame de "rosto da McLaren" um playboy que não consegue nem chegar no horário! — reclamo mais, criando internamente uma antipatia pelo novato sem nem conhecê-lo. — Sério, Alan, qual é o seu prob...

Antes que eu possa destilar toda a minha raiva em cima de Alan, a porta range e por ela entra uma figura esguia e bonita que usa uma camiseta branca com o logo da McLaren e um boné laranja. Um homem bronzeado de sorriso extremamente fácil vem se aproximando de onde estamos rapidamente. Fico paralisada.

treacherous | lando norrisOnde histórias criam vida. Descubra agora