the conciliation

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LANDO NORRIS

Quando cheguei na Abbey Road, segunda-feira no horário combinado, me impressionei com a casa. Era uma casa grande, toda trabalhada em tijolinhos e janelas amplas de batente branco, um estilo quase vitoriano, meio que não combinava com ela. Na verdade, talvez não combinasse com a ideia que eu tinha dela.

Na minha cabeça, se Harriet fosse uma casa, seria um apartamento grande o suficiente para um closet só de sapatos e jaquetas de couro e na sua sala teria algum sofá de cor não convencional, tipo amarelo, sei lá. Talvez essa casa seja uma herança de família, dou uma espiada nos outros detalhes e vejo o Mustang 67' estacionado na garagem que está com o portão elevado, também é possível ver que há um outro carro, mas coberto por uma lona, por isso, não consigo identificar o modelo, mas pela altura talvez seja algum esportivo moderno.

Quando toco a campainha, a porta não demora muito pra se abrir. Harriet aparece vestida em calças de algodão brancas e uma camiseta preta, está descalça. Levanto as sobrancelhas, nunca tinha a visto assim, tão... confortável. Ela não sorri quando me recebe, apenas faz um gesto deixando que eu adentre o corredor.

Se eu reclamei que não sabia nada dela, essa casa estava saciando a minha curiosidade. O corredor tinha paredes brancas e quadros de retratos pendurados juntos e de forma aleatória. Reconheço George Evans na primeira e tenho a impressão de já ter visto essa foto dele na mídia, sorrindo com a equipe e uma pequena menininha que usava um capacete e estava ao lado de uma bicicleta no meio do Paddock.

Não tinha como ela ser filha de outra pessoa.

Vai ficar aí parado? — a voz áspera dela chama a minha atenção enquanto ela marcha até o outro lado do corredor.

Caminhamos até a sala de estar e noto que ela já devia estar trabalhando faz um tempo, há uma caneca de café que descansa na mesa de centro, alguns biscoitos em um pratinho e o seu computador deixado de qualquer jeito no sofá, próximo à umas cobertas. Harriet aponta a poltrona para que eu me sente e observo que ela espelhou a tela do computador na televisão, como se fosse me dar uma aula de alguma coisa, isso me faz sorrir.

Vamos esclarecer algumas coisas antes de começarmos, para alinhar possíveis expectativas — ela me encara e respira fundo antes de continuar. — Conversei com Pepo...

Ah não, o que aquele velho falou pra ela da conversa que tivemos? Sinto meus olhos de arregalarem. 

... e ele me disse que você reclamou pra ele que nossa relação de trabalho não era boa por que não éramos abertos um com o outro. Então, como vamos precisar discutir as estratégias já que quem devia fazer isso está impossibilitado, pensei em unir o útil ao agradável. Se você quer me conhecer melhor, bem vindo ao lugar que mais fala sobre mim no mundo: a minha casa.

Ok. Por essa eu não esperava.

Não canso de pensar no quanto ela era inteligente, se dependesse de mim talvez eu fizesse uma noite do slide com características que acho importante alguém saber sobre mim ou então um jantar com muito vinho e um papo sem roteiro algum. Não pensaria em levá-la até a minha casa, isso realmente foi bem legal, de certa forma até meio íntimo.

Mas, de qualquer forma, eu não me sentia mais perto dela por causa disso, afinal, Harriet nada mais é do que uma grande muralha de gelo vista de longe. Tenho muito pra caminhar para conhecê-la melhor e isso já é um começo em tanto.

Obrigada por isso, Harriet — murmuro e ela concorda com a cabeça.

Sei que há muito sobre mim que você não sabe e que, sinceramente, não acho que você precise. Mas trabalho em equipe também é atendermos à demanda uns dos outros — ela comenta e pega a caneca de café, dando um longo gole. — Algumas coisas que você talvez deva saber sobre mim antes de começarmos. Eu sou inglesa e sei que você sabe quem o meu pai é, Pepo já me disse que te deu essa colher de chá. Eu gosto de tomar café puro pela manhã e minha comida favorita é...

treacherous | lando norrisOnde histórias criam vida. Descubra agora