the pepperoni

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LANDO NORRIS

Pepo com certeza sabia fazer uma saída dramática e, automaticamente, a tensão estava de volta na mesma hora que ele pisou os pés pra fora da casa dela.

Que carro? — questiono, tentando quebrar o silêncio. — O Mustang?

O outro... — é tudo o que ela diz.

Deve ser o carro que estava coberto ao lado do Mustang que notei quando cheguei aqui na segunda-feira. É claro que eu também estava curioso sobre isso, mas foi tanta informação nova sobre ela ao longo desses dias que eu acabei esquecendo desse detalhe.

Harriet deixa um suspiro escapar, mas mesmo assim ela começa a caminhar em direção ao outro lado do cômodo, sem verbalizar exatamente que queria que eu a seguisse, coisa que eu o fiz mesmo assim.

A porta que dava para a garagem ficava no outro extremo do corredor, ao lado da escada que levava ao segundo andar. Era possível deduzir isso, por que a porta tem detalhes em vidro e era possível ver a lataria do Mustang 67' por ele.

Como era bonito o carro dela. Eu não tive a chance de olhá-lo de perto desde quando nos conhecemos, mas cada detalhe estava impecável. Os bancos de couro, os vidros originais de fábrica, translúcidos como água. A pintura impecável, exceto pelo amassado na traseira dele, que notei quando o contornamos, ainda deve ser o que eu mesmo causei e nunca fiz questão de consertar, isso faz meu rosto se esquentar um pouco.

Parando entre os dois carros, noto que ele é bem mais baixo do que eu imaginava. Harriet com certeza não o usa com frequência quando estava em Londres e o porquê é que me intriga mais, afinal quem é que não gosta de dirigir um esportivo?

Quando ela resolveu puxar a lona e revelar o que havia embaixo, me surpreendi ao ver o "vermelho ferrari" surgir tão rápido. Agora a zoeira de Pepo fazia ainda mais sentido, ela realmente tinha uma Ferrari em casa.

Era um modelo F40, mais uma relíquia que ela tinha na garagem. Meu cérebro começou a pensar em todas as especificações do carro enquanto eu observava com atenção. Um motor V8, 3.0, 478 cavalos de potência. Não era um carro para quem simplesmente queria ter um exemplar da empresa italiana, era um carro para pessoas que são apaixonadas por carros.

Meu Deus... — deixo escapar em um tom surpreso.

Escuto um suspiro enquanto ela desliza uma das mãos pelo capô do carro como se estivesse fazendo um carinho na lataria.

Meu pai levou a sério meu pedido para dirigir um carro vermelho — Harriet começou. — Ele sabia que eu estava me referindo à fórmula 1, é claro, mas ele amava demais a McLaren e seria capaz de se recusar a mudar de scuderia. Então, pra não desfazer da minha vontade...

Ele comprou um carro vermelho — completo e ela, com um sorriso, concorda.

A cada dia a relação de pai e filha deles me conquistava mais. Eu achava bonita a forma com que cada lembrança se materializava nela de forma tão leve, nunca com rancor e sempre com um brilho nos olhos. Era triste que essa história tenha um fim tão trágico, mas também era reconfortante ver que ela tirou de toda essa situação algo bom.

A poucos passos de mim, Harriet me encarava de um jeito diferente dessa vez. Um jeito que eu não conseguia decifrar, os olhos dela estavam mais escuros enquanto sustentava o meu olhar. Eu me sentia atraído por ela como se fossemos lados opostos de um imã e isso me fazia querer trazê-la pra perto de mim. Ela passa a língua nos lábios e isso chama a minha atenção.

Você quer, hm — ela faz uma pausa estratégica como se estivesse pensando na próxima coisa que tem que dizer —, dar uma volta?

Meus olhos vacilam entre ela e a Ferrari. Ela sabia exatamente como agradar um piloto, mesmo que não fosse eu a dirigir o carro. Nem precisei verbalizar para que ela conseguisse ler minha reação.

treacherous | lando norrisOnde histórias criam vida. Descubra agora