HARRIET SPENCER
Os dias que se seguiram depois da conversa com Pepo ficaram martelando na minha cabeça como se eu nunca conseguisse finalizar esses pensamentos.
Preciso confessar que achava que ficar tanto tempo longe do Lando, mesmo que indiretamente, iria apaziguar tudo o que eu estava sentindo mas, ao invés disso, parecia que ele estava grudado nas paredes da minha mente como se fosse o poster favorito do meu piloto de infância.
Todos os dias eu ia da minha casa para a sede da McLaren resolver alguns detalhes da pré temporada, fazer reuniões com o pessoal do stylish e da logística pra aprovar uniformes novos e mudanças nas entregas dos kits.
Eu lidava com muito trabalho que nem era meu de propósito, tentando preencher um vazio dentro de mim.
Enquanto isso, falava com Lando muitas vezes por e-mail, nossa relação tinha ficado profissional nesse nível. Por outro lado ele não me dava trabalho nenhum e, curiosamente, passou o winter break sem render absolutamente nenhuma publicidade negativa pra sua própria imagem.
Fiquei pensando se ele estava meio deprimido igual eu ou se apenas resolveu que precisava crescer e não ter mais atitudes tão inconsequentes.
Alan também tinha aliviado a barra para o meu lado. Não me deu mais nenhuma indireta e parecia bem satisfeito com minha falsa harmonia com Lando, fato que me revoltava mais.
Eu ainda estava brava comigo por ser covarde mas também estava brava com Lando por ser tão compreensivo.
O que custava ele ser irracional pelo menos uma última vez na vida dele?
Respirei fundo enquanto tentava silenciar os pensamentos dentro da minha cabeça já que eu ainda tinha muito trabalho pra fazer.
A minha sala na sede da McLaren parecia menor e claustofóbica, eu frequentemente me perdia em pensamentos aqui e me sentia longe de mim mesma. Metade de mim queria que as coisas funcionassem, afinal, eu amo meu emprego. Mas a outra metade queria mergulhar em Lando Norris e nem se preocupa se tem oxigênio pra respirar em toda essa profundidade de coisas que ele me faz sentir.
— Spencer — uma voz grossa me tira de todos os devaneios e levanto o olhar da agenda que eu encarava para notar Alan encostado no batente da porta. — Tem um minuto?
— Claro — dou pra ele o meu sorriso falso mais genuíno, igual aquela moça do Diabo Veste Prada sempre fazia. — Precisa de algo, Alan?
Ele sorri de volta e se aproxima.
Alan é um chefe muito atencioso, mas igualmente minucioso em todos os detalhes.
— Conversei com Pepo essa semana e contei pra ele que estou satisfeito com o seu trabalho conosco, Harriet — ele começa e encosta na minha mesa, sentando-se em seguida. — Poucos dos meus funcionários são dedicados dessa forma e depois de tanto tempo aqui na McLaren eu percebi que poucos são como você ou como o seu pai um dia foi.
Normalmente eu gosto quando alguém cita o meu pai como sinônimo de trabalho em equipe e dedicação ao automobilismo mas hoje, dentre todas as emoções, tudo o que eu sentia era um nó na garganta que parecia me sufocar.
— Acho que está na hora de darmos um passo a mais na sua carreira — ele me olha com atenção, como se esperasse alguma reação diferente, mas eu só o encaro. — O que acha de parar de ser babá do Norris e trabalhar na coordenação do setor de assessoria aqui da sede?
Fico olhando pra ele como se Alan tivesse me dado um tapa, estou tão chocada com a proposta que não consigo formular uma reação pra isso.
Ele entende de uma forma positiva e continua falando.
VOCÊ ESTÁ LENDO
treacherous | lando norris
FanfictionHarriet Spencer é uma garota determinada que sabe o que quer e sabe o que fazer para conseguir. Quando se viu sozinha no mundo, resolveu se candidatar para uma vaga de emprego na McLaren por que isso a fazia se sentir mais próxima de seu pai que sem...