the surprise

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HARRIET SPENCER

Se um alfinete caísse no chão, eu tinha certeza que teria como ouvir devido ao silêncio absurdo que eu e Lando fizemos depois da primeira batida na porta.

O meu coração estava acelerado e só percebi que tinha prendido a respiração quando comecei a ficar tonta. Minhas mãos estavam meladas depois do momento com Lando e as dele ainda estavam embaixo do meu vestido.

Mais batidas.

— Harriet, por favor, eu sei que está aí — a voz grossa de Pepo me chama e sinto meu corpo relaxar um pouco da tensão do último minuto.

— Me dá um minuto — digo baixo, pra ele achar que estou falando mais alto de outro lugar do cômodo.

Lando me encara com uma expressão interrogativa e me afasto devagar, puxando ele pela camisa até o banheiro.

— Puta que pariu — exclamo baixinho —, você precisa ficar aqui enquanto eu tento despistar ele.

— Você parece uma mulher casada que está tentando esconder o amante do seu marido — ele resmunga, claramente irritado pela minha ideia de querer confiná-lo.

— Lando, eu preferia que o pequeno incidente que aconteceu entre nós dois não saísse daqui — olho bem nos olhos dele, sentindo a sábia Harriet, melhor relações públicas da McLaren, tomar conta de mim novamente. — E não é Pepo te vendo no meu quarto que vamos conseguir manter esse segredo entre nós.

— Eu vim só ver como você estava, o álibi já vem pronto — ele resmunga de novo.

— Não com Pepo, não depois do que você disse lá embaixo — deixo um suspiro sair —, não depois de como a sua camisa ficou depois que... bom, você sabe. Mas, principalmente, não depois que ele já sacou que tinha uma tensão sexual gigante entre a gente...

Começo a pentear o cabelo, enquanto Lando me dá um sorriso preguiçoso pelo espelho, encostado na parede contrária. A camisa dele está abarrotada e o seu cabelo parecendo que não vê uma escova há meses depois de eu o ter puxado com meus dedos. As calças dele já estão abotoadas e noto que ele tem uma marca no pescoço do lado direito que eu mesma devo ter causado alguns minutos atrás.

Não existe a mínima possibilidade de eu permitir que Pepo veja isso.

— Que a gente tinha?

Ele faz questão de frisar o verbo no passado e eu nem preciso fazer muito esforço pra saber que ele está se referindo à tensão sexual. Puxo o vestido pra cima me livrando dele ali mesmo, na frente de Lando que me observa com atenção.

— É, que a gente tinha — reafirmo e, com os olhos dele atentos em mim, puxo o roupão que estava pendurado atrás da porta e o visto. — Assim que o Pepo for embora, você vai voltar pro seu quarto.

— Mas ainda não terminamos — Lando protesta mais uma vez, enquanto passa a língua pelos lábios em um truque pra me distrair.

— Você disse uma noite — resmungo e me aproximo dele —, foi incrível mas essa noite já acabou.

Lando engancha uma das mãos pelo cinto do roupão e me puxa na direção dele. Os lábios suaves dele encostam nos meus com um carinho que me faz ter vontade de me enroscar nele de novo e apenas ignorar Pepo do lado de fora. Mas me contento com isso.

É o nosso beijo de despedida.

Mais uma batida na porta e me sinto a Cinderella no fim do baile, prestes à voltar a ser o que era antes.

Ele deixa um sorriso discreto escapar enquanto ainda segura a minha nuca e começo a me afastar devagar.

— Obrigado por ter feito dela uma noite especial — ele sussurra e se inclina uma última vez pra me dar um beijo na testa.

treacherous | lando norrisOnde histórias criam vida. Descubra agora