HEATHER SPENCER
Os dias que se passaram depois da viagem da equipe para a Escócia foram tranquilos. Minha relação com Lando não podia estar melhor depois de tudo que Pepo e Alan nos incentivaram a fazer após o caótico GP da Bélgica. Nossas conversas começaram a ser mais amistosas e, apesar de toda a situação que tivemos juntos, conseguimos manter as aparências de forma que parecia que não tinha acontecido nada entre nós.
Ele ainda flertava a comigo a cada cinco minutos, mas isso não fugia da forma como ele já agia antes. Uma coisa era impossível negar, Lando estava mais concentrado, seguia à risca seus treinos, a sua dieta e parou de se meter em encrencas, pelo menos até onde eu tinha conhecimento.
Eu gostava de lidar com essa versão dele, mais disciplinada e que só me contrariava quando fosse estritamente necessário. Se tivéssemos começado neste patamar, muita coisa já estaria diferente na jornada de campeão que eu planejava pra ele.
Depois de Londres, nossa próxima parada foi a Holanda e tudo ocorreu sem intercorrências, parecia até um sonho. Agora, estamos em Monza e, com o período pré quali, os ânimos estavam elevados no paddock.
Eu estava sentada na sala de reuniões do motorhome da McLaren com Lando, organizando os últimos detalhes do nosso fim de semana, enquanto Pepo estava esparramado pelo pequeno sofá com o notebook no colo do lado oposto da sala.
— Você entendeu tudo? — repito mais uma vez e Lando, que está de costas para o Pepo, me encara com seus olhos verdes como se ele fosse capaz de ver através de mim.
— Perfeitamente — a língua dele se enrola com seu sotaque britânico e engulo seco.
— Ótimo, agora saia da minha frente e vá trabalhar — volto o olhar para a tela do computador e vejo o vulto dele se levantar devagar. — Aliás, antes de ir, faça um café pra mim, por favor.
Lando não diz nada, apenas caminha para o meu lado da mesa e se inclina na minha direção de modo que eu consiga sentir o seu perfume.
No geral, não havia problemas em ficar tão próxima dele, por que sempre haviam pessoas demais para ele tentar qualquer gracinha além do limite, mas com Pepo tão distraído, ele encontrou uma brecha para me provocar.
— E como você prefere o seu café, Senhorita Spencer? — ele sussurra perto do meu ouvido e sinto os pelos do meu braço se arrepiarem.
— Expresso, sem açúcar — minha voz sai quase em um engasgo.
Odeio como ele consegue fazer uma coisa tão idiota quanto café parecer algo sugestivo falado bem baixo no meu ouvido.
Ele se afasta e, segundos depois, sinto o aroma de café preencher a sala, com a máquina de expressos de fundo ronronando enquanto faz o seu trabalho. Lando deixa o café do meu lado e se abaixa deixando um beijo suave no topo da minha cabeça, como um carinho inocente. Viro o rosto para olhar pra ele, que já caminha para a porta do corredor.
— Eu não aceito menos que um P3 hoje — digo, erguendo o pequeno copo de café na sua direção.
— O seu pedido é uma ordem, darling.
E, assim, Lando desaparece pela porta, forçando que um sorriso escape dos meus lábios por um segundo e volto a prestar atenção na tela do meu computador, dando uma última conferida na escala do dia.
Momentos depois, nem percebo que Pepo tinha chamado o meu nome.
— Harriet, você está me escutando? — Pepo chama minha atenção. — Em que planeta você está vivendo ultimamente?
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treacherous | lando norris
FanfictionHarriet Spencer é uma garota determinada que sabe o que quer e sabe o que fazer para conseguir. Quando se viu sozinha no mundo, resolveu se candidatar para uma vaga de emprego na McLaren por que isso a fazia se sentir mais próxima de seu pai que sem...