CAPÍTULO 18 - Simplicidades

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"Todas as grandes coisas são simples." (Winston Churchill)

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Aquela era uma ótima tarde para invadir a oficina de Artes.

— Riley, pode acender a luz — olhei para os dois meninos que ainda se mantinham escorados na parede que não tinha vista da janela. — Já entramos, está tudo bem.

O garoto mais novo ajeitou os grandes óculos de grau no rosto, andando até o interruptor. Respirou fundo, mas ainda parecia nervoso.

Noah descolou dos tijolos.

— Você não vai ficar em detenção por isso?

Dei de ombros na mesma hora. Se alguém me dedurar, pensaria nisso depois.

— Por pegar fantasias emprestadas? — fiz pouco caso.

Foi a vez dele fazer um gesto como se dissesse "estou satisfeito com a sua resposta". Que bom, porque eu também estava.

Reviramos a grande sala em que o meu bagunceiro grupo de Artes funcionava três vezes na semana. Tínhamos esperado que todos saíssem para entrar escondido, porque se fôssemos pegar algumas coisinhas ali, certamente iriam me encher de perguntas que eu não estava disposta a responder.

Os meninos fizeram a bagunça que eu já esperava, tomados pela indecisão de quantas coisas levar dali. Pedaços de panos diversos, chapéus, capas. Parecia uma chuva de coisas coloridas e com paetês demais.

Por fim, quinze minutos depois, estavam prontos para partir com uma bolsa cheia demais em mãos. Atravessamos a janela por onde entramos e deixei que a tranca automática fizesse seu papel. Pela manhã tinha passado por ali e colocado um pedaço fino de madeira, o que nos permitiu entrar sem precisar ser pela porta principal.

Eu me sentia elevando o Time Amanda para outro nível. E eu gostava muito disso, era impossível negar.

E quando Daniel soubesse daquilo, iria proclamar de vez a minha loucura em Bourton-on-the-Water.

— E você? — Riley me encarava de uma forma curiosa enquanto eu me certificava de que ninguém tinha nos visto. — Vai se vestir de que?

Dei o meu melhor sorriso.

— Vai ser uma surpresa.


❤️✌️🌳🌻✨🍂🍃🚲🎓


No dia seguinte eu já estava pronta antes mesmo de anoitecer.

Arrumei com esforço a bagunça dos meus fios loiros e rebeldes, tentando o melhor penteado que consegui fazer sozinha. Sabia que se estivesse horroroso, Ella insistiria para consertar. Vesti uma roupa que não era adequada para a noite que combinamos no celeiro, enfiando as verdadeiras peças em minha mochila, com o maior cuidado possível.

Mamãe e papai assistiam televisão quando desci as escadas até o final. Astra, meu cachorro de pelo caramelo, dormia entre os pés dos dois, como se precisasse se encostar em qualquer calor humano ao seu alcance. Dei um aceno breve aos dois e parti.

Ao sair pela porta principal, encontrei Mila. Seu sorriso foi o suficiente para que eu corresse até onde estava encostada com a sua bicicleta rosa chiclete.

— Cadê a sua roupa? — ela franziu o cenho quando a abracei. — Não vou te levar assim, não é justo.

Revirei os olhos, mas ainda tinha um sorriso grande nos lábios.

— Vou vestir lá.

Ela me mediu um pouco, mas deu de ombros. Só então percebi que vestia uma roupa toda rosa com frufru da mesma cor. Uma bailarina.

Reasons Why: A Garota da Cidade GrandeOnde histórias criam vida. Descubra agora