CAPÍTULO 5 - Passados (Parte 2)

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"Amor não se conjuga no passado; ou se ama para sempre, ou nunca se amou verdadeiramente." (M. Paglia)

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Daniel se levantou do seu bolo de feno, falando alguma coisa com Mason. Nossos olhos se encontraram, finalmente, e eu já não sabia o que Mila e Ella tagarelavam ao meu lado. Eu sei que era horrível ignorar minha mais nova amiga, mas a bebida que eu já tinha ingerido me deixava mais descontraída, o que levava meu corpo a ficar desinibido.

Sério. Eu tinha que adquirir uma resistência ao álcool o quanto antes.

Ele se aproximou de nós trazendo duas garrafas coloridas em mãos. Eu poderia jurar que Mila tinha o mesmo olhar apavorado que o meu. Ella pareceu se lembrar de seu copo vazio e correu até a mesa das bebidas ilícitas.

Eu já sabia que Mila não era chegada em bebidas alcóolicas e o grupo secreto do celeiro parecia respeitar isso muito bem. Mas como eu tinha vindo da cidade grande, Daniel achava que eu era obrigada a experimentar tudo o que eles tinham naquele celeiro velho.

— Tenho duas garrafas aqui que você pode amar ou odiar. – e terminou com um sorriso cínico — Está pronta?

Fiz uma careta — Posso saber o que é primeiro?

— A careta é para depois da bebida, cidade grande.

Revirei os olhos enquanto Mila parecia se divertir com aquela cena. Sortuda era ela que não ia precisar experimentar aquilo.

— Tudo bem. Vamos lá.

Antes de me entregar um copo, Daniel me olhou engraçado.

— Respira fundo porque é a nossa quarta e quinta tentativas.

Mila trocou sua expressão de divertida para confusa.

— O que vocês estão aprontando?

Revirei os olhos novamente, finalmente pegando o copo com um dos líquidos questionáveis das mãos de Daniel.

— Ele cismou que a gente precisa encontrar uma bebida que seja do meu gosto.

O garoto do mercado deu um gole na própria garrafa com conteúdo amarelo.

— Precisamos fazer esse teste, você nunca curtiu nada na cidade grande.

Mila deu uma risadinha enquanto eu simplesmente dava um tapa no ombro dele.

— Deixa de ser ridículo. - e bebi o conteúdo amarelo de uma vez só. Tinha um gosto terrível e amargo. Minha careta foi instantânea — Que coisa horrível!

Daniel se divertia — Bom, vamos excluir essa. – e me entregou outro copo, agora de cor transparente — Estou torcendo por esse aqui, porque é um dos meus preferidos.

Eu não sabia se acreditava nele ou simplesmente saía correndo dali, para não ter que beber mais nada com gosto de morte.

Peguei o copo de suas mãos, com uma pequena dose. Só o cheiro já arrepiava os pelos dos meus braços. Tomei de uma vez também, segurando a careta no final ao máximo.

Uma tentativa bastante frustrada.

Daniel riu junto com Mila — Tem gosto de quê?

Dei uma tossida forte, secando os olhos em seguida.

— Parece que industrializaram o gosto de morte.

Ele franziu o cenho — Está dizendo que meu gosto é de merda?

Mila só dava risadas, provavelmente adorando aquela cena esquisita entre nós dois.

— Só estou dizendo que não é nem um pouco o meu gosto.

Reasons Why: A Garota da Cidade GrandeOnde histórias criam vida. Descubra agora