CAPÍTULO 17 - Liberdades

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"Querer ser livre é também querer livres os outros". (Simone de Beauvoir)

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Mais cedo tinha recebido uma mensagem cheia de segredos de Daniel. As palavras eram simples: "Tenho uma coisa para você. Vamos ao celeiro uma hora antes do combinado".

Aquilo foi o suficiente para me sufocar o resto da tarde.

Eu fiquei imaginando o que poderia ser e, principalmente, o que ele poderia estar aprontando para mim. Meu estômago gelava só de pensar em Daniel preparando algo para mim... O que quer que fosse.

Depois de passear com Astra pela vila por horas para fazer o tempo passar mais rápido, deixei o cachorro com mamãe e sai porta a fora antes mesmo que ela pudesse me fazer qualquer pergunta que eu não saberia como responder. Ultimamente meus pais tinham se interessado mais sobre os amigos que eu tinha pela vila de Bourton-on-the-Water, mas quando começavam a perguntar demais... Eu tinha que me controlar para não falar demais sobre Daniel ou dar com as línguas nos dentes sobre todo o nosso grupinho secreto, já que estava parecendo ser uma coisa frequente minha mãe visitar Miriam, a mãe de Mason e Riley — e vice-versa.

Ainda não sabia o que achava daquela união das duas, mas, com o coração pulando a cada minuto que passava, mal me importava. Sério, eu me importaria depois caso Miriam estivesse montando um plano para juntar Mason e eu (coisa que eu não duvidava de acontecer em breve). Mamãe já sabia de toda a história errada de Mason e Mila, e isso, bem no fundo, me tranquilizava que nenhum outro baile seria forçado entre nós.

Dei uma corrida breve até o mercado vende tudo dos Green e respirei fundo ao ver Daniel caminhando a alguns metros da construção, com sua fiel bicicleta verde e velha ao lado. Apressei os passos quando seu sorriso se abriu.

Minutos depois já estávamos pedalando pela estrada de terra, em silêncio. Na verdade, não tinha falado uma palavra desde que o vira no mercado e tinha montado em sua bicicleta. Só os nossos olhares pareciam o suficiente para o momento.

Quando pisamos dentro do celeiro, foi a hora que não aguentei mais.

— Então, o que tem para mim aqui?

Daniel deu um sorriso fofo, o que me deixou ainda mais curiosa. Eu adorava surpresa e algo vindo dele... Me fazia derreter sem querer.

— Tem eu só — ele deu de ombros ao dizer.

— Não entendi.

O garoto do mercado riu ainda mais, botando as mãos nos bolsos da sua jaqueta jeans.

— Eu menti, Amanda — ele deu de ombros, como se mal se importasse se eu ficaria estressada ou não com aquilo. — Só queria ficar sozinho com você antes da noite começar.

Tudo bem, aquilo me pegou de surpresa.

E, pensando bem, ele tinha razão. A gente sempre beijava depois do celeiro... Antecipar aquilo não era uma má ideia. Mas tive de achar graça.

— Está com saudade de mim?

Ele pendeu a cabeça para o lado direito. Alguns fios de cabelo quase chegando aos seus olhos claros demais.

— Estou.

Se Daniel estava querendo ser fofo, tinha conseguido fácil, fácil. Abracei seu corpo sem nem pensar duas vezes.

Eu gostava desse lado de Daniel. Ele era sempre direto, sem jogos, simplesmente falava o que queria. E, ah, se ele sentia a minha falta... Eu tinha a liberdade para fazer o que quiser, porque com certeza eu sentia a falta dele o tempo inteiro.

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