CAPÍTULO 9 - Sentimentos (Parte 2)

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"Não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito." (William Shakespeare)

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Após algumas fatias de bolo, muitos sucos e biscoitos (minha mãe tinha se animado com Mila em nossa casa), minha amiga e eu saímos em direção ao celeiro.

A bicicleta de Mila tinha aquele suporte para sentar atrás, posto em cima da roda traseira. Eu sabia que não era a pessoa mais leve do mundo, mas ela parecia feliz ao pedalar mesmo fazendo um pouco mais de força que o normal.


Em poucos minutos já estávamos abrindo a porta do celeiro.

Ella, que estava deitada em um bolo de feno com Daniel, se levantou correndo ao me ver. Seus braços envolveram meu corpo.

— Obrigada, Amanda!

A abracei de volta — Conta comigo.

Ninguém no celeiro parecia entender. Eu sorria para a menina, que parecia muito feliz. Já tinha tirado o penteado dos meus cabelos antes de ir ao celeiro, mas usaria no próximo dia na escola com toda certeza.

Daniel, agora sentado no feno ridículo, parecia curioso. Seu olhar em mim fez meu coração dar um salto. Sua expressão era a mesma de sempre, mas eu sentia que ele não agiria normal comigo hoje.

Ele tinha os seus motivos, não é?

— O que você fez dessa vez?

Estranhei aquela pergunta sair sem nenhum cinismo ou sarcasmo. Dei de ombros, sorrindo de lado (o que pareceu deixar ele ainda mais curioso).

— Decidi utilizar a minha bizarra popularidade para o bem.

Mais ao fundo, Mason sacudiu seu copo — Um brinde a isso.


Ajudei Mila a organizar os salgadinhos que tinha pegado furtivamente da despensa de casa. No canto direito Ella e Daniel continuavam deitados no bolo de feno, a menina com a cabeça em um dos ombros de Danny, assistindo a alguma coisa gravada no celular. Ella tinha uma nova cor de mechas e aquilo me deu uma ideia.

Caminhei novamente a eles, limpando as pontas dos dedos sujas de farelo em minha calça.

— Ella, tem um minuto?

Ela desviou o olhar do celular, mas ainda estava aninhada no ombro de Daniel.

— Claro, Amanda.

Também tinha conseguido a atenção de Daniel, que me olhava sem expressão.

Ia ser uma longa noite.

— Onde eu posso pintar o meu cabelo aqui na vila? – e revirei os olhos dramaticamente — Tem sido dias fáceis para os meus inimigos.

Parecia fútil, mas era difícil, ainda mais com toda aquela perfeição dentro da escola. Ou todo mundo tinha o cabelo perfeitamente natural ou eu que estava muito fora daquela curva.

Ella sentou rapidamente — Eu posso pintar o seu!

Tentei ao máximo não parecer chocada e aquilo, incrivelmente, tirou um sorrisinho escroto dos lábios de Daniel.

— Você tem certeza? – eu não queria ser mal educada, mas ainda achava a menina muito doidinha.

— Sim. Eu pinto o meu. – e então apontou para o outro lado do celeiro — E também o da Bronwen.

Segui seu dedo, reparando na menina ruiva. Os seus cabelos estavam mais vermelhos que da última vez em que tinha a visto.

Aquilo me deu a segurança que eu precisava.

Reasons Why: A Garota da Cidade GrandeOnde histórias criam vida. Descubra agora