CAPÍTULO 10 - Casualidades

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"Existem momentos únicos na nossa vida que nos fazem felizes pela simples casualidade de terem cruzado o nosso caminho." (Fábio Jesuíno)

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Nem um sinal de Daniel pela The Cotswolds School, como quase sempre. Eu sabia que não era fácil achar um aluno no meio de quase mais de mil pessoas, mas às vezes tentava me esforçar. Naquele momento eu não queria ser vista por ninguém, muito menos por ele. Ainda não me sentia preparada para esse momento... Constrangedor.

Na noite passada a adrenalina estava no meu corpo, pulsando loucamente, mas hoje, na luz do dia, depois de tomar um banho, tirar os vários nós do cabelo e beber um café preto bem forte... Bem, o que parecia normal ontem me deixava louca agora.

Os flashes da noite passada ainda me davam longos arrepios.


— É mesmo? Vamos falar sobre isso. Sem julgamentos no celeiro, não é?

Ele concordava com a cabeça — Você me tira do sério desde nossas briguinhas lá no mercado.

Ri ainda mais — Me arrependo parcialmente daquilo.

Ele tinha um sorriso irônico nos lábios — Mais uma coisa que temos em comum.

Respirei fundo — Tenta mais uma.

Daniel nem hesitou — Desde o dia do banho no rio eu não consigo parar de pensar em como o seu corpo vai encaixar no meu.


Corri para a sala da próxima aula, sem nem me preocupar com os novos boatos do dia. Eu provavelmente era um dos três tópicos principais, ficaria sabendo depois o que o povo do interior tinha inventado dessa vez.

Mila se sentou ao meu lado, como sempre fazia nas aulas que tínhamos juntas. Aquele turbilhão de pensamentos já estava me deixando com náuseas. Percebi seu olhar fixo em mim, então não pude deixar de verificar se tinha algo estranho em meu corpo.

Paranoia, vai embora, por favor.

— Que sorriso bobo é esse?

— Hum? — não pude conter a confusão. Eu estava sorrindo sem perceber?

Que droga!

Ela franziu o cenho, se divertindo com minhas reações.

— Eu perguntei que sorriso bobo é esse na sua cara!

— Ah, — fechei minha expressão. Eu corria o risco de ainda estar sorrindo involuntariamente — não é nada. — seu olhar era pura descrença — Ganhei um presente, nada demais.

Mila sorriu mais ainda, pegando minha isca. E ainda diziam que eu não servia para mentiras.

— Hum! — e logo se debruçou sobre a sua mesa, se aproximando mais ainda de mim — Presente Nova Iorquino?

Fiz o máximo para não parecer surpresa. E o máximo também para não ser burra a ponto de responder aquilo.

Tinha contado mais alguns detalhes da minha antiga relação com o meu ex-namorado de Nova Iorque enquanto minha amiga me esperava ficar pronta para o celeiro, na tarde anterior. Não sabia de onde tinha vindo aquele interesse repentino em Logan, até porque não guardava fotos aparentes e nem nada. Mas, como estava realmente me esforçando para ser uma boa amiga para Mila (ela adorava esses papos de meninas), respondi tudinho. E, bem, aparentemente ela tinha fantasiado com aquilo a noite inteira.

Mais flashes da noite anterior me fizeram suspirar alto.

O meu sorrisinho de lado pareceu suficiente para Mila, que sentou direito em sua mesa com uma expressão de vitória. As pessoas ainda achavam difícil saber algo sobre mim? Pois lá estava minha amiga, contente por saber algo que nem sequer era verdade.

Reasons Why: A Garota da Cidade GrandeOnde histórias criam vida. Descubra agora