Wilmer
Faziam anos desde de quando nos encontramos em uma situação tão desesperadora assim.
A garota ainda chorava abraçada a mim e eu não sabia quais palavras usar. Ainda me mantinha em silêncio, enquanto Demi acariciava seus cabelos em forma de apoio. Sua mãe biológica também engravidou quando estava na faculdade e isso foi totalmente problemático para ela, espero que para Sophie seja diferente.
Quando Demi se referia a Sophie como um tornado, ela não estava brincando.
— Filha, você quer conversar com a sua mãe a sós... bom... — Eu estava um pouco receoso enquanto a esses assuntos, sabia que em algum momento eles se tornariam pauta na minha função de pai, mas era constrangedor. Sophie apenas negou com a cabeça. — Eu estou meio sem jeito, por você! — Fui sincero e Demi deu uma pequena risada de canto para mim. Ela era linda, até em momentos como este.
— Está tudo bem, pai! — Sophie se separou de meu abraço e encostou as costas no sofá. Estava com os olhos vermelhos e as bochechas também. Coçou os olhos como se de alguma forma essa ação a ajudasse a enxergar a melhor solução para o que estava acontecendo. — Eu só preciso de um copo de água! — Ela indicou que iria levantar.
— Irei pegar para você! — Demi falou ao olhar para mim. Eu neguei para Sophie impedindo ela de prosseguir. — Enquanto isso se recomponha. Precisamos conversar! — Demi indicou com calma a Sophie, porém séria e dura, talvez consigo mesma. Eu estive ainda mais feliz por ela não surtar dessa vez e piorar a situação. Ela mantinha a calma em uma situação difícil e eu estava orgulhoso por ela estar se superando a cada dia.
— Pai, eu sinto muito! — A garota ao meu lado choramingou. Não me senti rude ao pensar que agora ela deveria aguentar suas próprias consequências, mas ainda assim ficava preocupado com ela. Era inevitável não estar.
— Não estou preparado para ser vovô! — Brinquei ao segurar sua mão. Pude arrancar um sorriso dela e me senti bem por isso. Sophie havia crescido.
— Vamos para a cozinha! — Ela se levantou. De qualquer forma ela queria estar perto da mãe. A encarei e pude ver o seu rosto sereno depois do choro.
— Você está com fome? — Perguntei enquanto íamos em direção a cozinha e observávamos juntos Demi tentando beber um copo de água enquanto tremia.
— Não! — Sophie falou preocupada com Demi que indicou que sua água estava na mesa. — Obrigada, mãe! — Ela sorriu a menina e pediu para ela se sentar na mesa. Assim ela fez. Me aproximei de minha esposa e toquei suas costas em forma de apoio, era visível o seu nervosismo.
— Está mais calma? — Perguntei a ela que assentiu, mas pude ver o seu olho tremer. Demi estava estressada e eu pude sentir um frio na espinha pois as minhas duas garotas de personalidade forte poderiam brigar a qualquer momento e não era hora para isso.
— Você está mais calma? — Ela se aproximou da garota que ainda bebia água. Sophie assentiu a pergunta da mãe. — Então me explica! — Demi estava sentada a frente da filha e aguardava atentamente sua explicação. — Filha, você sempre se cuidou! — Me aproximei das duas e senti o peso do olhar de Sophie sobre o meu.
— Mãe, eu estava bêbada e eu não me lembro! — Eu tinha um pensamento sobre isso, mas não queria falar. Me sentei ao lado de minha esposa de frente a minha menina. Fiquei com medo por ela. Sabia bem como as coisas funcionavam na faculdade. Sophie já estava fragilizada não poderia tornar isso ainda mais duro, não agora, sem saber as palavras certas. — Como assim sempre se cuidou? — Ela nós encarou meio confusa e eu entendi tudo de primeira. Merda! Por que era tão difícil?
