Demi
— Fico feliz por você ter compartilhado isso comigo. Como, seu pai, eu me sinto confuso, mas como seu amigo, sinto que sou vitorioso demais, por ter sua confiança. — Eu me permiti escutar a conversa do meu esposo, com nossa filha mais velha. Tinha a fama de escutar atrás da porta, mas minha curiosidade sempre falava mais alto e acabava confirmando tudo o que diziam. — Eu sabia que essa sua carinha, era por um motivo... um grande motivo.
— Pai, eu não queria te preocupar com meus problemas. — Não fazia ideia sobre o que era a sua conversa com ele, mas me sentia traída por ela ter o escolhido para conversar, ao invés de mim. — O tempo está passando e eu sinto que devo resolver tudo sozinha, mas fico feliz, também, por você se preocupar comigo. — Confesso que sentir esse sentimento me causava enjoo, sim, eu estava com ciúmes da proximidade dos dois. Eu deveria assumir meus sentimentos para de alguma forma, não reprimi-los.
— Filhos são para sempre, Bee! — Quando fui que me perdi em não ser mais refúgio para ela? Qual era o motivo da tempestade da vez? Por que ela não se abrigou dentro do meu abraço? — Sempre irei me preocupar com você, não importa a idade que tiver. — Pude imaginar um lindo sorriso em seus lábios ao ouvir o pai dizer isso, sei o quanto todas essas palavras de conforto eram importantes para ela. Escutei passos irem de encontro a porta entreaberta.
— Pai, espera! — Mas Sophie o impediu. Respirei aliviada, não conseguiria sair dali a tempo. Seria pega e mais uma vez isso poderia ser motivo para uma confusão. — Como você soube que a mamãe era sua pessoa? — Senti um aperto no peito ao ouvir sua pergunta. — Você sentiu medo? — Ela rebateu e eu entendi qual era o assunto de sua conversa. Isabela havia conversado comigo, ela tinha ficado preocupada com a irmã. Tudo fazia sentido agora. Merda.
— Senti, mas eu apenas soube. — As coisas aconteceram de forma tão natural, que nem sequer percebi. — As coisas fluíram e eu apenas as deixei fluir...
— Pai... — Poderia imaginar o seu olhar sobre o pai, seus olhinhos cheios de medo por não saber qual decisão tomar sobre uma paixão. — Mas...
— Apenas deixe acontecer. Você realmente está com medo. Isabela apenas te disse a verdade. Sophie, você já lidou com perdas maiores. — Ela sempre teria medo de perder. Sophie carregaria essa cruz em suas costas por toda vida, não importe o quanto ela amadurecesse, ela sempre teria um medo incontrolável de perder as pessoas que ama. — E, quem disse que terá mais alguma perda? — Meu esposo tinha razão.
— Mas eu sinto tanto medo... — Era mais fácil se privar de sentir do que enfrentar todo esse fogo que queima e arde dentro do peito.
— Medo de quê? — Wilmer rebateu seu questionamento como se já estivesse cansado de tudo isso.
— Não sei... também queria saber... — Um silêncio se estendeu pelo quarto e eu não queria imaginar seus olhos cheios de lágrimas, era apenas isso que poderia pensar nesse momento, me aproximei ainda mais da porta. — Pai, você pode me contar como soube que amava a mamãe? — Senti minha boca secar e paralisei com a mão já na fechadura, eu queria ouvir o que ele tinha a dizer. Eu precisa ouvir...
— Eu cruzei meu olhar com ela e simplesmente soube que havia algo estranho. — Ainda era uma adolescente confusa, mas tinha total certeza que o amava. Eu sabia que era ele. Desde quando nos olhamos pela primeira vez, eu sabia... — Eu já a conhecia, mas eu soube que a amava, um tempo depois. O jeito dela era diferente. Ela era determinada e isso me encantava muito... eu sentia um enorme receio, em tudo, mas eu a amava mais que todos esses medos.