Sophie
As horas poderiam perdurar por mais cinquenta anos que eu não me importaria.
Estar de volta ao lados dos meus melhores amigos, era cômodo, mas graciosamente incrível. Ver eles rirem, me fazia voltar ao tempo e de alguma forma congelava esse momento e o tornava algo único.
Assim como Henry poderia nesse momento fotografar essa cena e emoldura-la em meu coração.
— Você quer mais pipoca, Sophie? — Voltei ao momento em si e ao filme que assistíamos. Era de comédia, nada muito constrangedor, mas amigavelmente reconfortante.
— Mano, eu estou tão feliz por você ter dado uma pausa nos estudos só para receber a gente! — Bati no braço de Henry, ao meu lado do sofá. Lola estava sentada ao chão da sala do pequeno e aconchegante apartamento de nosso melhor amigo.
— Lola quem me obrigou! — Ele virou para olhar ele, com os olhos cerrados, mas logo sorriu jogando uma pipoca em seu rosto. — Por ser o dia de folga dela! — Henry tentou concertar o que dizia, mas todos sabíamos que ele estava ali pelos bons tempos, nada por obrigação, apenas pelas boas lembranças.
O silêncio reinou novamente e focamos apenas em comer guloseimas e trocar olhares em meios a risadas e a momentos românticos como o que estava acontecendo agora. As vezes me perguntava se depois de Alex iria me apaixonar de novo, se de fato iria me imaginar construindo uma família ou viver viajando pelo mundo ao lado da minha pessoa amada.
— Poderia comer milhões de paçocas sem perceber, deveria frequentar mais o mercado brasileiro! — Lolita falou ao suspirar entre uma paçoca e outra. Os dois haviam comprado sozinhos e por incrível que pareça paçoca não era meu doce favorito, mas eu estava extremamente agradecida por eles se esforçarem apenas para me agradar. Era bom estar de volta.
— Isso é muito bom mesmo, é tipo pasta de amendoim! — Lola levou um pedaço de sua paçoca a boca de Henry e ele adorou o sabor agridoce. Era perceptível por seus olhos verdes uva se fecharem e as sardas em seu rosto moreno se revelassem ainda mais brilhantes por conta do seu sorriso. Eu adorava a forma como o seu sorriso me lembrava a Senhora Susan. O garoto ao meu lado apanhou o controle e colocou os créditos do filme no mudo.
— Henry Addams, como está sendo estudar as ciências humanas, sobre os órgãos ou entender finalmente porque agimos da forma que agimos? — Perguntei interessada genuinamente em suas novidades sobre seus estudos e outras áreas da sua vida, nossas conversas se resumiam em perguntar se estava tudo bem e marcar viagens para um futuro distante, talvez, assim como eu, ele estivesse sempre mentindo sobre estar bem realmente. — Fale sobre sua vida, eu estive longe por tanto tempo...
— Ainda não cheguei na melhor parte! — Henry se aconchegou em meu colo e Lola se virou a observar a nós dois. — Está sendo terrível! — O garoto de vinte anos choramingou sobre os estudos e eu sorri por sua forma de falar. — Mas estou pegando gosto! — Lola tocou a sua mão em forma de apoio. — São muitas matérias e eu acabei desistindo de fazer duas ao mesmo tempo, desisti de cinema, mas ainda irei retomar e me formar, quero fazer um filme! — Seus olhos brilharam ao falar sobre o cinema e eu me senti incrível por ter feito parte de sua jornada inicial. Ele tinha o dom, todos sabiam, mas dom e paixão, as vezes não eram o bastante.
— Você já fez vários! — Lola tentou ajuda-lo, mas soou de forma grosseira.
— Um filme de verdade, Lola! — As vezes eu queria, queria ter esse brilho nos olhos ao falar sobre uma paixão de vida. — Só que não posso abraçar o mundo, eu deveria focar em uma coisa só e fiz uma boa escolha. — Ele estava certo por o que queria e tudo bem.