Demi
Haviam situações que me deixavam angustiadas, uma delas é esperar por respostas.
Estava esperando a duas horas e apesar de Sophie insistir para eu ir com ela, decidi ficar, colocar os pensamentos em ordem e encarar essa sala de espera pela primeira vez depois de anos.
Agora era real e eu sabia disso. Era angustiante se ver novamente entre essas paredes branco gelo. Eu nunca mais fui a mesma depois daquele sonho. Nunca mais. As coisas não mudaram apenas no meu físico, mas em meus pensamentos também.
— Senhora Valderrama! — Doutora Costa, filha do médico responsável pela saúde de meus filhos, desde de sempre, se aproximou me encerrando os pensamentos. — Olá! — Ela estalou os dedos como se isso fosse capaz de me acordar para vida ou me tirar do transe que parecia estar.
— Oi! — Falei meio sem graça me levantando. Estendi minha mão direita a ela que a apanhou com cuidado. — Como está? — Ela começou a encarar os papéis e não me respondeu. — Como está seu pai? — Perguntei um tanto curiosa, mas com um pouco de medo do que ela poderia me falar sobre minha filha.
— Bem, obrigada! — Ela foi direta e um pouco áspera em suas palavras. Ela apanhou a sua prancheta e mexeu nos papéis que ali estavam procurando pelo nome de minha filha mais velha. — Andei conversando com Sophie e ela me pediu com gentileza para entregar os resultados dos exames para você! — Ela tirou três folhas grampeadas de trás de todas aquelas folhas. — Aqui está! — E me entregou.
— Não me diga, quê... — Os apanhei um pouco receosa, mas vi um pequeno sorriso sarcástico se formar.
— Não, ela não está grávida. Seria quase impossível ter tanta certeza em tão pouco tempo, mas fique de olho na próxima menstruação. Se caso atrasar. — Ela deu de ombros nem um pouco preocupada. — Apesar de ter dezenove anos ela é bem atrasada, você deveria ter dado uma boa educação a ela! — Ela me repreendeu enquanto passava os dedos sobre a página sobre as condições de minha filha. — Inclusive sexual! — Isso me enfureceu, mas me mantive plena.
— Me desculpe, mas ela foi muito bem orientada! — Sempre tivemos a conversa, foram muitas, mas não sei o que houve. Eu costumava falar ao pai dela que Sophie era brilhantemente responsável e madura para a própria idade. — Talvez estivesse tão nervosa com alguns acontecimentos que entrou em pânico. Ela sabe muito bem o que faz! — Não estava a defendendo com unhas e dentes, mas conseguia compreender minha menina, tudo bem, estava a defendendo com unhas e dentes.
— Demi, encontramos uma droga não identificada em seu organismo! — Minha boca automaticamente se abriu e senti minha pálpebra tremer. — Ela realmente sabe o que faz?
— Acredito que uma garota de dezenove anos, sabe sim! — Talvez a pergunta fosse retorica, mas eu fiz questão de responder. — Jovens fazem loucuras, bom, espero que ela tenha usado algo desse tipo por livre e espontânea vontade, não quero pensar sobre... — Congelei, senti minha respiração se intensificar e me senti culpada por não ter me importado mais com a minha filha. Sophie estava me poupando de preocupações. Talvez ela tenha sido dopada. Estava com medo por minha menina. A mulher a minha frente coçou a garganta. — Me fale sobre os exames...
— Ela não teve contato com nenhuma doença sexualmente transmissível, mas algumas só dão os primeiros sinais depois de anos, portanto iremos ficar de olho e faremos o acompanhamento do caso. — Eu estava com muito medo, eu não deveria ter a deixa... eu apenas fiz tudo errado. — Sophie me explicou tudo, seus achismos também, bom não encontramos sinais de violência sexual, mas encontramos resquícios de uma droga não identificada por mim e nem por meus colegas de trabalho em seu sangue, como fazem alguns dias, fica mais complicado de saber e as informações são minuciosas. — Não era culpa minha, muito menos de minha menina e eu deveria confiar em suas palavras, só foi um susto, uma serie de problemas e talvez tenha ficado um peso muito grande depois do que aconteceu. Talvez Sophie se questionasse ao não se lembrar. — Levarei para analise e te ligarei quando descobrir. — Assenti a ela enquanto buscava respostas as minhas perguntas incessantes e recorrentes. — Conversando com sua filha, ela me pediu para que passasse as informações para você e você passaria para ela da melhor forma que conseguisse! — Ela também estava assustada e quando ocorria a tempestade, ela preferia recorrer a mim. — Você deveria deixá-la crescer!