Existem momentos que perduram a nossa mente por toda nossa vida, mas como fazemos o outro se sentir perdura pela eternidade.
Demi
Ao acordar a primeira coisa que meus ouvidos captaram foi o som da risada dos três. Esse era o meu som favorito e confesso que apesar de eles terem me acordado com toda essa euforia, poderia me sentir agradecida por eles estarem juntos com toda essa cumplicidade de irmãos.
Posso, de maneira involuntária, estar sorrindo neste momento, ainda com os olhos fechados e com meu coração palpitando de alegria. Vejo o meu esposo dormindo ao meu lado e por instantes sonhadores me sinto completa. Respiro fundo e me levanto.
Observo com receio o clima, puxando um pequeno pedaço de cortina. Outono não era minha época favorita, mas deveria ser vivida e contemplada como todas as outros. A vida é um ciclo, como as estações.
— Eu não acredito que vocês fizeram isso... se o papai souber ele irá cortar a sua cabeça e servir no jantar! — Sophie falava como uma boa irmã mais velha, mas de fato nunca saberíamos por ela sobre o que eles estavam conversando. Me aproximei a porta de seu velho quarto e observei os três jogados a cama. A garota ao meio, se levantou demonstrando minha presença aos irmãos mais novos, ela me recebia com um largo sorriso nos lábios. — Mãe! — Ela falou meio sem graça em meio aos sorrisos dos irmãos. Sorri aos três de maneira graciosa.
— Vocês dois irão para escola! — Indiquei para os dois que estavam cheios de gracinha, mas logo pararam, por se recordarem das próprias obrigações. — Nem pensem em faltar! — Eles já estavam quase se atrasando, apesar de entrarem mais tarde em dias de sábado.
— Ela sempre acorda de mal humor? — Sophie brincou com o seu senso de humor um pouco peculiar, mas o seu comentário fez os irmãos rirem e a mim revirar os olhos.
— Só em dias que você está aqui! — Isabela falou de maneira idiota e Sophie arremessou a ela um objeto antes de eu virar as costas e os três me seguirem para o andar de baixo. A minha filha mais velha de maneira singela depositou um beijo em minha bochecha ao ver minha chateação.
— Bom dia para você, também, Senhora Valderrama! — Peter se aproximou e apesar de estar falando de forma dramática, ele sempre se mantinha carinhoso. — Como dormiu? — Brincou fazendo referencias a um cavaleiro.
— Bem, obrigada! — Entrei na onda deles, enquanto buscava algo para o café da manhã deles.— Só não dormi melhor, porque vocês estavam gritando! — Reclamei, mas sorri.
— Mãe, estava aqui pensando eles poderiam faltar hoje! — Sophie se aproximou. — Quem vai para escola aos sábados? — Sorri sozinha ao me recordar de uma vez que Sophie se vestiu para ir a aula a um dia de sábado.
— Aulas complementares! — Peter respondeu a pergunta da irmã, que fiz biquinho, como sempre fazia quando recebia uma resposta contrária do que esperava. Eu até poderia permitir eles ficarem em casa hoje, apenas hoje...
— Está tudo certo, temos só as duas primeiras aulas... — O irmão coçou a garganta a Isabela, o que me fez encara-la com dúvidas. — Difíceis hoje! — Ela desconversou.
— Estão na mesma sala? — Sophie tirou a minha atenção a garota e voltei a fazer ovos mexidos para a família.
— Infelizmente! — Peter respondeu a irmã mais velha fazendo ela rir. — Isabela é uma aproveitadora! — Serrei Isabela com os olhos e seus olhos castanhos claros refletiam a luz do nascer do sol.
