Aos treze

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Wilmer

— Você não deveria falar essas coisas a ela! — Repreendi minha filha, que já não chorava por todas as músicas perdidas. Que apenas me encarava de forma enfurecida por confiar na gravadora de sua mãe. —Isabela, você já está grande o bastante para entender como as coisas funcionam e sabe na pele como palavra ditas desta forma podem despertar gatilhos! — Geralmente as duas tem uma relação difícil, mais por intermédio de Isabela que não consegue pegar leve com a mãe apesar de compreender os problemas dela com o passado.

— Ela nunca pensa em mim! — A garota que agora estava com mechas loiras amareladas no cabelo se virou a mim ainda emburrada. — Eu sei, pai, mas eu estou chateada, magoada... eu perdi tudo, meu sonho desmoronou, foi um ano de trabalho para se resumir a cinzas? — Eu não conseguia sentir o que ela estava sentindo, mas poderia imaginar o quão frustrante poderia ser. — Para uma pessoa chegar e roubar o meu esforço, eu não acredito nisso! — Nem mesmo eu poderia acreditar nisso, de alguma forma eu estava preso em acreditar no sucesso de seu álbum e perde-lo assim também foi frustrante para mim. Abri os abraços e ela se aproximou de mim, a abracei.

— Isabela, eu prometo a você que iremos dar um jeito, amanhã a sua mãe e eu iremos ter uma reunião com nossos advogados... filha, temos um mês inteiro para encontrar soluções, o seu sonho não está perdido.

— Eu não deixarei você na mão, eu sei que errei, eu deveria ter ido pessoalmente resolver, mas estávamos tão atarefadas, não encontramos solução! — Demi, Sophie e Peter adentraram o quarto de Isabela, apesar de a porta já estar aberta acredito que eles nos escutavam as escondidas. — Me desculpe! — Demi não se aguentaria e falaria o que estava em seu coração. Minha filha se afastou de mim.

— O que aconteceu, mãe? — Ela falou calma, apesar de seu lábio inferior tremer, como se fosse chorar a qualquer momento. — Me explica!

— Petra e eu dividimos as tarefas, nós duas fizemos tudo. Era para registrarmos as músicas na plataforma online... — Demi se aproximou com cuidado da menina que a encarava com bastante atenção. — Mas justamente quando precisamos a plataforma estava fora do ar para reforma e só poderíamos fazer o registro na sede pessoalmente, não tivemos tempo filha, você é a minha prioridade, mas eu estou com uma empresa quase falindo, eu precisava me empenhar, para o nosso patrimônio prosperar. — Ela tocou o cabelo da filha com lágrimas nos olhos. Minha Demi estava se segurando para não chorar, para não voltar a aquele estado em que me ligou mais cedo. — Petra por confiar em nosso pianista o pediu a gentileza de registrar as músicas, ela o explicou tudo, fez isso na minha frente e ele apenas usou a sua desonestidade e ontem quando questionado, ele apenas disse que eu não o pagava a três meses que ele tinha seis filhos e uma esposa grávida e eu deveria tomar vergonha na cara e ser uma boa chefe...

— Você é uma boa chefe, amor...

— Não precisa me dizer coisas apenas para me alegrar, Will! — Me aproximei de Demi, pedindo para que ela acreditasse em mim. Eu não deveria ter pego o fundo da conta referente a gravadora.— Eu realmente não queria que as coisas fossem assim, me desculpe por te magoar, mas nem tudo está sobre o meu controle. Aprendi uma lição e espero que vocês três também possam aprender, cuidado em quem confiam! — Ela indicou para nossas três crianças, como qualquer mãe faria.

— Eu já aprendi isso faz tempo! — Sophie debochou.

— Sophie, dá licença! — Demi pediu com cautela e a menina ficou um pouco brava por sua repreensão. Sophie apenas se afastou e observei Peter a acompanhar enquanto tentava puxar assunto com a irmã mais velha.

i need you to get lostOnde histórias criam vida. Descubra agora