Capítulo 16 -Não Dá Para Ficar Pior, Certo?

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           Adrien apertava a alça de sua mala com certa força. Ele estava inquestionavelmente desanimado, precisava se despedir de sua amada. Ele ansiava pelos lábios melosos adocicados dela, uma última e única vez. Entretanto, sua viagem deveria ficar em completo sigilo. Ninguém além de Plagg e Félix poderiam saber sobre o paradeiro de Adrien. Ou melhor, Chat noir.

          Adrien ainda relutava em fazer seu check-in no portão de embarque. Apesar de Félix dizer que a polícia conseguiria se virar sem Chat noir, ele ainda estava preocupado com possíveis ataques de super vilões, e se Chat noir não estivesse lá, seria um desastre gigantesco. Félix disse que ligaria, caso um vilão resolvesse colocar seus planos em prática. Mas isso não impediu que Adrien ficasse completamente hesitante. Afinal de contas, ele não estava nem um pouco pronto para passar três meses longe de Paris.

          Adrien caminhava lentamente até o portão de embarque, na esperança de perder propositalmente seu voo. Mas até mesmo quando Adrien queria se atrasar, o universo dava um jeito de ficar contra ele. Ele entregou seu passaporte e passagem para a comissária de bordo no balcão, e caminhou adentro do corredor que ligava o avião ao aeroporto. O imenso corredor de vidro lhe passava uma sensação solitária, melancólica e depressiva. Ele se sentia muito tentado a fugir, e voltar para os amáveis braços de Marinette. Mas ao olhar para trás, ele pôde ver a figura de Félix, o reaprendendo, olhando-o como uma cara de decepção. Balançou a cabeça, numa tentativa de retirar a miragem de Félix diante de seus olhos, e voltou a caminhar até o avião.

Era um enorme dilema.

À medida que ele caminhava, seus pensamentos insistiram em encontrar com Marinette. Ele estava com medo, ansioso, porque ele sabia que ela iria ficar completamente arrasada. Sabia que ela estaria preocupada, sabia que ela estaria triste.

          Ele podia ver o rosto de Marinette se encher de lágrimas raivosas, enquanto ela abraçava uma almofada em sua cama, soluçando xingamentos inapropriados. Ele parou a frente da porta do avião, e olhou novamente para trás. Dessa vez, era a miragem de Marinette que o olhava desolada.

— Marinette, me perdoa... — Foram suas últimas e únicas palavras, antes de entrar na aeronave.

          Não seria fácil. Porque Adrien tinha a certeza de que, depois daqueles três meses, Marinette o expulsaria de sua vida. E ele nem poderia retrucar. Pois, seria muita crueldade ainda querer alguma coisa, depois de deixá-la sozinha por tanto tempo.

[...]

          Chat noir ainda não tinha voltado da delegacia, ela esperava passar o dia com ele. Mas não teve uma notícia se quer de seu amado felino. Aquilo era estranho, muito estranho. Sumir de repente não era do feitio dele. Ela caminhava de um lado para o outro e olhava para seu celular. Talvez, Chat noir teve uma emergência, e precisou arcar com a sua responsabilidade de ser um herói. Provavelmente ele não demoraria muito.

Ela estava terrivelmente enganada.

As horas foram se passando e Marinette ficava ainda mais aflita, roendo suas unhas ansiosamente. Ela olhava para a tela do seu celular, onde o número de Plagg reluzia, tentando-a a fazer uma ligação.

"Será que eu devo?"

Ela se perguntava, enquanto ainda olhava para a tela incandescente. Não resistiu, ela tinha que saber por onde Chatnoir andava.

           Ela ouvia com atenção os bipes da chamada, ansiando por uma resposta concreta sobre onde estaria Chatnoir. De repente, a voz de Plagg ecoou pelo aparelho telefônico. Ele parecia meio sonolento e cansado.

— Alô? — Plagg falava de forma arrastada, e deu um breve bocejo, demostrando seu visível cansaço.

— Desculpe. Eu te acordei? — Marinette se encolhia em seu sofá, com vergonha por ter atrapalhado a noite de sono de Plagg. Porém, sua preocupação falou mil vezes mais alto.

Mon Petit ChatonOnde histórias criam vida. Descubra agora