Feliz Natal

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Camila estava amarrada, com ferimentos no rosto e amordaçada. Seus olhos estavam fechados e as lágrimas escorriam por suas bochechas avermelhadas.

O homem parado em sua frente apontava uma arma em sua testa. Eu me levantei do chão frio, sentindo minhas pernas tremerem e minhas mãos formigarem. Então gritei, e minha voz saiu como o som de um disparo.

Era isso, Camila estava morta.

Abri os olhos, sentindo meu cabelo grudar na testa e no pescoço. Meu peito subia e descia descompassado e minha cabeça doía.

Quando fiz menção de levantar, senti alguém agarrando meu quadril.

Era Camila, que dormia enquanto chorava baixinho.

Os pesadelos estavam frequentes. Para mim e para ela.

— Camz. — Chamei, tocando seu rosto. — Acorde, você está bem.

Chacoalhei levante seu tronco para não assusta-la. Ela abriu os olhos arregalados e avermelhados, e rapidamente me abraçou quando percebeu que eu estava ao seu lado.

A terapia deveria estar ajudando-a a superar os traumas causados, mas era algo que levava tempo.

— Você está bem. Está em casa. — Repeti, acariciando seu cabelo.

— Foi horrível. — Ela sussurrou tentando parar o choro.

— Eu sei, amor. — Beijei sua cabeça, acariciando sua costa.

Já fazia uma semana que eu dormia todos os dias na casa dos Cabello. A polícia ainda estava rondando a família, tentando tirar toda informação possível.

A verdade era apenas uma, e nós sabíamos.

Alejandro seria preso por corrupção.

— Acho que deveríamos voltar para o colégio. Ficar em casa não está ajudando. — Camila disse um tempo depois, respirando fundo.

Os médicos haviam informado que levaria uma tempo para que Camila e Sofia se adaptassem  vida de antes. Por isso, Camila ainda não havia voltado ao colégio.

Sua irmã, por outro lado, parecia menos relutante, talvez porquê ainda não tinha a mesma percepção de uma pessoa um pouco mais velha.

— Tá bom. — Eu disse calmamente.

Era o último mês antes da faculdade. Eu não sabia se Camila havia prestado alguma prova antes de começarmos a namorar, mas eu sim.

Havia prestado cinco provas pra cinco universidades diferentes. Cada uma mais longe da Califórnia.

Não estava nos meus planos me apaixonar por ela, e também, a faculdade não parecia tão importante agora.

— Nós deveríamos ir pra Nova Iorque, depois da formatura. — Ela disse, quase como se lesse meus pensamentos.

— Por quê? Acho que ainda está cedo para decidir, Camz. — Acariciei seu cabelo, sentindo uma fisgada na boca do estômago.

Eu estava com essa sensação de ansiedade desde que Camila fora sequestrada.

— Meu pai será preso, eu sei disso. Minha mãe também sabe. E eu nunca planejei ficar aqui depois da escola. — Camila saiu dos meus braços, erguendo seu tronco para me encarar melhor.

Eu apenas assenti.

— Você fez provas para faculdade? — Perguntei então, um pouco receosa.

Camila mordiscou o lábios, olhando para as próprias mãos.

Conqueror  G!POnde histórias criam vida. Descubra agora