Capítulo 18

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Petra Pritchett
Rancho Neverland, Los Olivos
18 de agosto de 2017 • 09:52

 Quando se tem treze, quinze ou dezessete anos, nos sentimos imortais. Junto com essa coisa tão ridícula, sentimos que somos donos da razão e nada é mais importante que mostrar o quanto somos donos de nós mesmos. Quanta imbecilidade!

 Deixar outra pessoa pensar que está no poder e depois simplesmente golpear, é o melhor a se fazer. Não digo isso apenas em casos extremos onde você precisa fugir ou se defender de alguém perigoso, estou falando até mesmo no âmbito familiar

 Meu pai é um homem extremamente exigente e queria que suas filhas seguissem seus passos. Eu pude dar todos os passos que eu quis dar porque antes de dar meus passos fiz o que ele queria que eu fizesse, foi uma boa estratégia. Não furei dois anos no ramo da música, mas foi o suficiente para ele

 No fim, percebi que Sylvester Cooper Pritchett só queria ter a sensação de ter uma se suas filhas em seu lugar ou como seria se ele morresse, quem faria em seu lugar? Quem ele colocaria em um lugar de destaque no testamento?

 Eu fazer o que ele queria por um ano e sete meses, poupou minhas irmãs da chatura dele. Hoje, mesmo que ele possa ser chato o quanto quiser pela idade, ele até que é um bom velhinho. Ele é divertido e de certa forma fofo. Ele é Ellie são umas gracinhas

 Ontem eu estava os ajudando novamente com o testamento. São apenas nesses momentos que me lembro que sou advogada. Normalmente a minha faculdade de medicina é mais utilizada. Seja para dar um ponto ou fazer uma cirurgia de risco em campo de batalha, ou até mesmo em missões meia boca

 Testamento, algo que fiz aos vinte anos. Já tinha meus filhos e só conseguia pensar neles. Minha fortuna independente era de em torno de duzentos bilhões, naquela época, como os velhos adoram falar, aquilo era muito dinheiro!

 E eu não poderia simplesmente não deixar claro com quem ficaria tudo aquilo, ainda mais fazendo o que eu fazia nas horas vagas. Bem, ainda faço, mas com menos frequência. Para minha alegria, as pessoas pararam de tentar matar Michael e isso é ótimo! Eu merecia mesmo umas férias

 Ao escrever meu testamento aos vinte, recebi de Michael um olhar que no momento eu não sabia bem se era reprovação ou apenas medo. Após um tempo, ele acabou me confessando que não imaginava um mundo onde eu não existisse, aquilo foi mais lindo que um "eu te amo"

 A maneira que a voz dele vibrou aos dizer. O modo como seus lábios se moveram. Aquele momento ficou marcado na ala das minhas lembranças favoritas do meu casamento que não terminou da melhor forma possível. Me dá extrema tristeza olhar para trás, para nosso namoro romântico, gentil e olhar para nossa separação/divórcio conturbado e triste

 As coisas que Michael me disse me atingiram na alma. Foram palavras cruéis que me cortam o coração até hoje. São essas palavras que fizeram com que eu fosse mais distante dele hoje. Não consigo ser a mesma com ele. Nunca voltamos a ser o que éramos antes do casamento e éramos ótimos amigos!

 Em um movimento preguiçoso saio do meu carro. Fecho a porta do motorista e com minha câmera em mãos, ando em direção a casa que um dia foi meu lar e hoje, é o que gosto de chamar de "reino da Anely" quando essa mulher chegou aqui, ela já chegou mostrando quem iria mandar nos próximos anos e todos já entenderam que isso era o que realmente aconteceria!

 Eu gosto da Anely, eu sempre gostei. Não demonstrei tanto quanto deveria, mas, eu fiz o que pude. Para mim, é difícil deixar as pessoas passarem pela portinha do meu coração. Ninguém nunca é confiável o suficiente. Ninguém nunca é tão merecedor de estar lado a lado comigo

Altivez O ReinadoOnde histórias criam vida. Descubra agora