Capítulo 35

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Pietra Stone
Stone House, Los Angeles
29 de janeiro de 2019, 19:15

 Tiro os sapatos lentamente para não fazer barulho. A essa hora Miguel esta em reunião ou trabalhando no escritório e tudo o que eu menos quero é uma briga agora

 O bonito simplesmente determinou que eu tinha que chegar em casa até às sete da noite, na minha própria casa! Eu realmente não sei até onde minha paciência vai

 A Pietra de dois anos jamais aceitaria algo desse tipo. Sabe qual é o problema da Pietra atual? Medo de morrer sozinha!

 Mas, no momento estou preferindo morrer sozinha do que continuar ao lado dele. Realmente não consigo mais

 Estou me sentindo presa e sufocada. Nem a minha mãe mandava nas minhas roupas, no jeito que eu falava ou se metia no meu trabalho e olha que dona Ellie é uma ótima roteirista!

— Você chegou meu amor! — Miguel diz surgindo em frente a porta da sala de jantar a uns 40 passos da porta de entrada onde estou agora

— Olá meu amor — digo um pouco sem graça e com um certo receio. Do dia para a noite Miguel se tornou meu pior pesadelo. Embora ele nunca tenha realmente me batido, ele faz com que eu me sinta acoada de alguma forma

 Sem dúvida a maneira como ele me belisca por não dizer o que ele quer que eu diga é um dos motivos!

— Preparei o jantar para nós dois! — ele abre um sorriso que considero ser diabólico. Chegamos ao maravilhoso momento do casamento onde você começa a achar que seu marido é Satanás!

— Jura? — falo com um medo notável em minha voz. Que droga, eu não sei mais atuar na frente desse filho duma puta! Olha só que belezinha! Ele está me estragando!

 Um dia no set de filmagens eu simplesmente travei quando o vi me observando. Michael até notou, mas, o que ele disse? "Ah eu sei, fico assim quando Anely me observa". Difere, ele tinha uma pessoa que o ama infinitamente o observando, isso te deixa nervoso porque você quer dar seu melhor!

 No meu caso eu estava com receio porque eu estava prestes a começar uma cena quente com Michael. Como eu iria fazer isso com o homem que me reprime de gemer na cama? Com o homem que me manda usar terninhos porque não gosta que eu mostre meus ombros e pernas?

 Ele é doente, totalmente doente e eu só preciso pensar em como vou sair disso. Minhas malas de emergência já estão prontas. Só preciso inventar uma viagem urgente a trabalho, agora, só me falta coragem!

— Venha! — Miguel pega em minha mão, sinto um medo tão grande. Forço um sorriso para ele. Com um pé quase pisando no outro eu vou com ele até a sala de jantar. É como se eu nem soubesse mais andar. Não sei andar ao lado dele, não sei mesmo — Sente-se! — ele puxa a cadeira para mim. Me sento devagar

 A mesa está com uma toalha vermelha de cor sangue. Tem taças de suco de morango. Dois pratos tampados e eles estão lado a lado. Miguel se senta ao meu lado. Estica o braço até a tampa do dele revelando uma carne mal passada e cheia de sangue. Ele tira a tampa do meu, revelando uma galinha branca morta com uma faca cravada no peito. Seu sangue está por todo o prato. suas penas brancas estão manchadas de sangue

— O que é isso? — ele ironiza — Sem dúvida é o que você esta se perguntando agora — ele dá uma risadinha diabólica — Se lembra quando eu disse que não iria tolerar que você chegasse aqui após às sete? — ta, ele realmente é maluco, isso não é motivo para se matar alguém

— Se me matar, vão investigar a minha morte. Não sou qualquer porcaria Miguel, sou a mulher que mais revolucionou o cinema mundial. Sou a porra da primeira mulher a ser diretora, a primeira a ganhar prêmios em todas as categorias do Oscar! Eu sou importante! Mudo vidas, por mais que você tente me menosprezar! — me coloco de pé — Já chega! — não vou aceitar ameaças, não mais!

— ME RESPEITA! — ele grita. Uma dor aguda me atinge. Em um piscar de olhos me vejo no chão. Pisco um par de vezes. Instintivamente levo minha mão até minha cabeça

 Esta doendo muito. Olho para cima. Miguel esta segurando uma grossa mecha do meu cabelo. Infeliz, você não vai me humilhar mais ainda!

 Me levanto rápido demais fazendo minhas vistas ficarem escuras por alguns segundos. Vou até à mesa. Levo a mão até a faca que estava cravada na galinha. Avanço em Miguel que desvia e me da uma cotovelada no rosto

 Eu não vou sair viva daqui. Como vou o atingir? Ele tem a mesma altura que Daniel, 1.91 é muita coisa! Ele vai me matar, vai me matar!

12 de junho de 1975, Mansão Pritchett
— Para matar um gigante como Daniel! — Petra ri enquanto passa as mãos pelo peitoral de Daniel. Dan só faz um biquinho engraçado — Basta você fingir que vai atingir a coxa. Por instinto a pessoa vai se inclinar para se defender e então, é aí que você atinge os olhos, têmporas e a parte central do cranio!

 Faço menção que vou o atingir na coxa. Miguel me dá um tapa no rosto e me empurra. Ele pega uma das facas que estava ao lado do prato. Me distancio dele só por alguns segundos e volto, faço novamente, Miguel se inclina para me atingir com a faca. Dou um pulo para trás me desviando dele e cravando a faca em sua têmpora direita o fazendo cair na hora!

Caso encerrado
Legítima defesa.

Altivez O ReinadoOnde histórias criam vida. Descubra agora