Altivez O Reinado

Capítulo 67

Anely James Jackson
Rancho Neverland, Los Olivos
20 de julho de 2020, 22:03

 A intimidade é algo tão valioso. Saber que pode falar sobre qualquer idiotice e a pessoa ao seu lado não vai te julgar, é um privilégio. E eu tenho esse privilegio. Enquanto estamos aqui em frente a pia e o enorme espelho do banheiro, estávamos conversando sobre vidas fora da terra. Acredito que deve ter um planeta por aí com outros seres, podem ser como nós ou não. Enfim, meu marido concorda comigo e me sugeriu que lêssemos alguns livros sobre isso juntos, claro, após a sua viagem. E é uma ótima ideia!

— E qual era o assunto que Leo precisava tratar com você? — Michael pergunta enquanto bem devagar passa a lâmina por seu queixo. Cuidadosamente, Michael faz a barba. Ao lado dele, estou tirando alguns pelinhos da minha sobrancelha que estão fora do lugar.

— A namorada decidiu que eles vão para Nova York, que vão fazer faculdade em Nova York e vão morar juntos em Nova York. Ela não perguntou se era isso que ele queria. Só impôs a vontade dela! — ele faz uma careta para o espelho. Para e olha para mim — É, isso aí mesmo que você ouviu!

— Eles não são muito jovens? — pergunta com um certo desespero em sua voz. Entendo ele, também fiquei assim quando escutei. E mentalmente chamei ela de louca!

— Sabe o que é isso? É todo mundo normalizando essa palhaçada de casar cedo! Pra mim, morar junto já é casamento, dane-se! — ele olha para mim e confirma com um aceno frenético com a cabeça.

— Sei que sou um pouco apressado e tudo mais, porém, na idade dele eu estava tentando focar no futuro! — gesticula com às duas mãos enquanto olha para o próprio reflexo. Deixa a lâmina na pia dupla. Se afasta e começa a andar de um lado a outro do banheiro.

— Suponho que ela viu a oportunidade de se livrar da vida sofrida e está agarrando! — digo entre risos — Esses Jacksons coração mole são tudo bobo — ele para e olha diretamente para mim. Começo a rir descontroladamente e ironicamente.

— Haha! Que engraçada! — bem sério ele coloca às duas mãos na cintura — E o que ele vai fazer? Você disse pra ele largar essa Anely 2.0 né?

— Ei! — digo entre gargalhadas — Ele vai terminar com ela, foi o que ele disse né! — falo enquanto me recupero da crise de risos — O pior que pode acontecer é ela dar o golpe da barriga — volto a rir.

— Nem brinca com uma coisa dessas! — ele todo preocupado volta a andar de um lado a outro — Meu filho tão inocente e doce sendo usado dessa forma — fala em um drama em sua voz.

— Já pensou se ela tá gravida? — falo em um tom de urgência. Michael para e coloca às duas mãos na cabeça. Ele parece estar desesperado. Seguro um sorriso e ele fecha seu semblante — Brincadeira! — digo enquanto volto a rir dele — Amorzinho — deixo a pinça em cima da pia e vou até ele — Vai dar tudo certo! Seu filho não é idiota, ele sabe se defender e vai saber sair dessa situação!

— Deus te ouça, Nely, porque eu não estou com um bom pressentimento, essa história não está me cheirando bem! — olha para cima e suspira doloridamente. Abraço e tento o acalmar. Como amo esse paizão incrível.

21 de julho de 2020, 03:53

— Mãe... — abro meus olhos lentamente. Está tudo escuro. Michael está dormindo bem pesado. A respiração dele é alta. Me sento na cama. Será que estou ouvindo coisas? — Mamãe! — é Léo! Me levanto da cama e na pontinha dos pés vou até à porta. Destranco e abro bem devagar.

— O que foi? — pergunto entre sussurros enquanto fecho a porta logo atrás de mim. Estou usando uma camisola preta de seda, não pensei em pegar um roupão porque meus filhos já me viram com todo o tipo de roupa possível.

— Promete que não vai ficar brava? — essa não. Cruzo os braços e o encaro. Tento segurar a minha cara de "moleque, eu espero que não seja nada ruim" e tento mostrar "pode me contar qualquer coisa que você quiser, mamãe não vai te matar".

— Você pode sempre me contar qualquer coisa, não vou ficar chateada! — vou ficar chateada por dentro, mas, não vou demonstrar porque aí quando você fizer uma merda grande vai me contar e não esconder.

— A Manu, está passando por dificuldades em casa, então eu a trouxe comigo — oi? — Ela vai ficar no meu quarto até amanhã porque amanhã a levo para algum lugar!

— Ela está aqui? — tento soar calma. Ele acena positivamente. Okay. Anely, fica calma. Respiro profundamente — Fique aqui, meu bem! — abro a porta e entro no quarto novamente. Fecho a porta e tenho quase um ataque silencioso. O que esse menino ta pensando da vida? Hoje mesmo estava pra baixo porque ela queria mandar na vida dele e agora traz ela pra casa?

 Paro. Respiro profundamente. Ando até a cama e com sutileza bato com a minha mão no ombro do pai dele que sem dúvida é responsável por isso.

— Ah! — ele reclama e se vira para o outro lado com às duas mãos no ombro direito — Deus! — resmunga e após um longo tempo reclamando, ele olha para mim ainda confuso — O que foi mulher? — pergunta e em seguida se senta na cama — O que foi? — cruzo os braços e o encaro.

— Aparentemente ele foi terminar com a garota, mas, voltou com a garota! E quando eu falo voltou com a garota, digo, voltou e trouxe ela pra casa e agora ela esta no quarto dele! — falo entre cochichos.

— Eu até disse a ele sobre isso de será que vale a pena terminar? Não cabe uma conversa? — se senta e em seguida se coloca de pé — O que sugere que façamos? — ele se espreguiça.

— Quero que você evapore daqui porque trarei essa garota pra cá, não vou deixar ela dormir no quarto dele! E não, não estou com medo de ele meter um filho nela porque se fosse pra ter acontecido isso, bem, já teria acontecido porque se consegue fazer isso em qualquer lugar! — Michael acena positivamente e vai até à porta onde Léo que já tem o tamanho dele, está esperando.

 Ando até a porta e saio a deixando aberta. Enquanto Michael conversa com Leo, vou até o quarto dele. A porta está fechada e não se escuta nada, nem TV ligada. Bato duas vezes e então abro.

— Oi! — digo ao abrir a porta. Manu sai do banheiro que está com a luz desligada. Está usando uma camiseta simples e um shortinho verde que vai até seu joelho. Ela está lá, parada no ponto mais escuro do quarto — Vem até aqui, acho melhor você dormir no meu quarto está noite, se precisar ficar mais, é no meu quarto que você vai ficar! — falo firmemente. Manu anda bem devagar até a luz que a porta está trazendo ao quarto. Ao se aproximar, se nota o roxo em seu olho e um sangue denso descendo do canto direito de sua boca. Que porra é essa?