(007)
[quase três meses depois | 24 de novembro]
HELENA ADENTROU O ENORME APARTAMENTO, O RELOGIO NA PAREDE DA SALA SINALIZAVA 4:07 DA MANHA, E SEM FORÇA A MAIS PRA AGUENTAR SUA BOLSA O OBJETO CAIU NO CHAO NO MOMENTO QUE ELA FECHOU A PORTA. A garota caminhou esbarrando em algumas paredes até seu quarto, não se importando muito com o barulho já que não tinha consciência suficiente pra se importar enquanto rastejava até o próprio banheiro e ajoelhada na frente da privada, abraçando a mesma enquanto sentia tudo que tinha consumido na noite embrulhando seu estômago.
Lucas, que estava dormindo no próprio quarto, acordou assustado com o barulho do impacto da bolsa no chão, o que o fez levantar rapidamente da cama já sabendo mais ou menos o que estava acontecendo pela frequência que isso tinha acontecido nos últimos meses. Quando a encontrou vomitando, o máximo que conseguiu fazer foi segurar seu cabelo e passar a mão nas suas costas numa tentativa de deixa-la mais calma, como um ciclo repetitivo dos últimos quase três meses desse que haviam voltado de São Paulo.
-- olha pra mim.-- ele murmurou, em tom baixo pra ela não ficar eufórica após ela terminar e dar descarga. A garota mesmo parecendo prestes a desmaiar juntou as últimas forças que tinha pra olhar nos olhos verdes do amigo, quase irmão.-- vai se fuder.-- sussurrou, quase inaudível, respirando fundo enquanto usava o indicador e o polegar pra abrir os olhos da mais nova, notando as pupilas dilatadas que completavam os olhos vermelhos.
Helena bateu levemente nas mãos dele para que parasse, fechando a tampa do vaso e deitando em cima sobre os braços novamente, começando a chorar mesmo que nao entendesse os motivos de estar fazendo aquilo. Luba, que já estava acostumado com a rotina, levantou e abriu o chuveiro na água gelada, tirando os saltos da garota antes de coloca-la embaixo da água gelada para fazer ela voltar aos poucos pra consciência, cuidando dela devagar antes de tira-la e colocar um pijama mais confortável pra que ela dormisse, mesmo que estivesse com o cabelo molhado.
-- eu amo você.-- ele sussurrou, beijando a testa da garota que já havia desmaiado.
Lucas tentou muito entender o que se passava na cabeça de Helena nos últimos meses, e doía muito que não conseguisse compreender e ajudar uma pessoa que era tão importante pra si, uma família, alguém que ele cuidava como irmã. Tudo aconteceu um pouco mais de uma semana após voltarem de São Paulo, em dezembro, ele não entendia realmente o que tinha acontecido, só sabia que todos os dias ela dormia até tarde e saia as dez horas da noite, só retornando de madrugada a beira de entrar em coma alcoólico ou de uma overdose.
Mesmo sem saber seus motivos, ver ela nesse estado matava luba, e ele não sabia exatamente como ajuda-la, o que piorava toda essa sensação. Ele chegará inclusive a tentar pedir ajuda a alguns amigos, mas todos respondiam pra ele para que tentasse conversar com ela, o que ainda o deixava nesse impasse de não saber o que falar.
Mas no fundo, ele sabia que já tinha tomado uma decisão, e quando Helena acordou no dia seguinte e o encontrou sentado na mesa de jantar com uma expressão nada boa, ela também já sabia o que estava prestes a acontecer.
-- você tem remédio pra dor de cabeça? os meus acabaram.-- perguntou, tentando adiar aquele diálogo que aconteceria enquanto fuçava uma bandeja de remédios em cima da bancada.
-- você sabe onde tem, pega e senta aqui pra gente conversar.-- não contextou, sabia que não estava sendo a melhor pessoa nesses últimos e querendo ou não, nesse pouco tempo que passava sóbria, a culpa chegava a bater.-- olha, eu demorei muito tempo pra ter essa conversa, mas não sei, talvez uma parte de mim acreditasse que era apenas uma fase mas pelo visto não é.-- o homem respirou fundo, começando apenas após a morena sentar em sua frente.-- não aguento mais ver você se matando os poucos enquanto se entope de droga, nossos amigos vão vim aqui semana que vem e vão ficar até janeiro e acho que é uma boa oportunidade pra você parar com essa palhaçada. Eu não vou te obrigar a nada, muito menos vim com discursinho manipulador, mas espero que tome consciência de seus atos.
-- desculpa.-- foi a única coisa que ela sussurrou antes de um silêncio de alguns segundos, onde ela tentava segurar as lágrimas para não se fazer de vítima.-- sei que tenho dado trabalho, e sendo mal agradecima, me desculpa de verdade por ter tr feito passar por isso mesmo depois de tudo que você me ofereceu. Eu juro que vou tentar. Prometo que não vou tocar em nenhuma droga ilícita até janeiro, o máximo vai ser álcool.
-- tudo bem, não te culpo, só queria que você conversasse comigo para que eu te entendesse.-- luba segurou a mão dela por cima da mesa, olhando em seus olhos, ambos verdes no mesmo tom, mas ela nao sustentou por muito tempo.
-- não é nada demais, eu prometo.-- lançou seu melhor sorriso antes de levantar e ir até o próprio quarto, vendo a hora antes de ligar pra gabi quase no automático.
-- oi linda.-- a garota falou logo que atendeu, a câmera estava apoiada em um lugar que, pelo ângulo, Helena deduziu ser o monitor da cattuzo.-- você tá bem?
-- não sei, levei esporro do luba.-- murmurou em respostava, observando enquanto a melhor amiga parecia fazer algo no PC.
-- já tava na hora. -- mesmo sem dantas ter contradizido, ela fez questão de se explicar.-- quer dizer, ele tá falando falando pra gente a muito tempo. Entendo ele. Mas também entendo você, não é fácil estar no meio.
-- me sinto mal de ter dado trabalho pra ele.-- tudo que Helena falava parecia tão monótono que qualquer pessoa que não falasse com ela desde setembro não a reconheceria, ou seja, a maioria das pessoas, já que as únicas com quem ela realmente falava com frequência era luba, os pais dele e Gabi.
-- ele não se importa com isso, o que importa pra ele é sua saúde.-- pela primeira vez naquela chamada a mais velha olhou diretamente pra câmera, enquanto a outra assentia com a cabeça. A vontade de chorar ainda presente, mas não faria isso enquanto alguém estava vendo.-- você tá bem? vai parar de fazer isso?
-- prometi pra ele que ia, então vou me esforçar pelo menos.-- não fez questão de responder a primeira pergunta, fingiu não ter escutando enquanto respondia a segunda -- te liguei por que tava com saudade, mas você já vai entrar em live né?
-- vou.-- ela respondeu, desviando o olhar do celular pro PC novamente.-- se quiser podemos jogar algo juntas, chamar calango, guaxi...
-- passo, tchau, te amo.-- murmurou, mandando beijinhos enquanto fugia da proposta.
Faziam três meses que não entrava nas redes sociais, pra nada, nem pra postar um oi tô viva, e não seria agora que o faria.
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GAME - g. mount [✓]
Fanfiction- onde uma amiga de luba tem uma sex tape vazada por um ex namorado e seus amigos tentam dar apoio a ela. - a parte um é apenas uma introdução!! a história começa a ficar mais legal/dinâmica na segunda e terceira parte <3