Ícaro

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Gulf sempre teve tudo o que queria. Chamassem-no de mimado ou bastardo, ele não se importava. Nunca foi uma questão ficar na dúvida se algo seria dele ou não. Até Mew. Ele o queria, mas o outro foi demasiado complicado de se deixar levar. Flertar sempre foi divertido para o mais novo, acompanhar o interesse nos olhos de outras pessoas ou seduzi-las ao ponto de os mais tímidos ignorarem sua camada protetora de autoconsciência.

Talvez fossem os olhos que transpareciam certa ingenuidade, ou o sorriso assertivo, ou todo o conjunto facial que chamou a atenção de Gulf. Seja o que fosse, Mew Suppasit era um apelo enorme para o mais novo. E Gulf amava desafios, perder nunca foi seu forte. 

Se ele queria Mew Suppasit, nada e nem ninguém o impediria de tê-lo. 

°°°

Gulf não viu o momento o qual não pode mais deixa-lo ir. Ele sabia que muitas pessoas não conseguiam lidar com ele, ainda mais com o seu lado emocional e gene forte. E, em algum momento, o flerte, o tesão, a paixão momentânea e desejo súbito por algo, mudou. Em certo momento Gulf queria Mew para ele, mas não do jeito encantador e novo de qualquer brinquedo que salte aos olhos, e sim de modo mais profundo. 

Ele não notou quando apenas ouvir a voz de Mew o fazia bem, assim como não sabia o quanto ele necessitava que Mew o mantivesse perto, mais perto que antes. Algo que o contato físico não seria capaz se suprir. Ele queria ter tempo com Mew, ama-lo de toda forma possível, o satisfazer, o fazer feliz; ele daria tudo de si e não importava quanto tempo levaria até que Mew fosse capaz de ver isso nele. 

Sorri, pensando  no tempo que demorou para tê-lo e ele faria de tudo para mantê-lo consigo. Apesar dos porêns de sua mãe, ele não via como conseguir alguém melhor que Mew. 

Mew foi feito para ele. 

- Oi

Mew não consegue deixar de corresponder o sorriso bobo de Gulf. Revirando os olhos ele tenta recompor-se. Caçando uma blusa para poder tapar sua nudez.

- Oi. - Decide responder, pois não consegui ignorá-lo.

- Não precisa colocar nada, afinal, logo estará sem ela. Vamos economizar os segundos, que tal?

Mew fingi que não o escuta, assim que se encontra completamente vestido, deita na cama ao lado de Gulf, pegando o seu livro. Um minuto se passa, foi o tempo do mais velho acomodar-se e abrir a última página lida.

- São quase meia noite Gulf, vá dormir. Você passou toda a tarde na biblioteca, não está cansado?

Gulf queria revirar os olhos, mas evita. Ele não havia passado a tarde na biblioteca, mas sim com Nian. No entanto, Mew não precisava saber disso. Visto que na cabeça de Mew, o outro era um ex namorado, mas Gulf não queria explicar a verdade de seu relacionamento com Nian. Não esse lado. E nunca o faria. 

- Sabe o que os meus amigos dizem sobre você?

- Ilumina-me. - A ironia jorrando do sorriso cínico de Mew apenas serviu para deixar Gulf mais excitado.

- Eles acham que você é um maldito padre ou algo assim. - Finalmente conseguindo chamar a atenção do namorado, Gulf senta sobre Mew, fechando o seu livro, afastando o objeto dos dois. - Acham que eu entrei num culto porque eu mal vou as festas ultimamente. Veja se isso tem graça?

Mew não desvia da face fingidamente inocente.

- Por que você não vai mais as festas?

As mãos de Gulf tocava inocentemente os ombros de Mew, sem avançarem, apenas sentindo os músculos sob os dedos.

Quando tudo der errado, segure o meu coração (Reeditando)Onde histórias criam vida. Descubra agora