O nosso (re)encontro

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A cada passo que eu dava achava que pisaria em falso e cairia em alguma armadilha. Mew seguia um pouco a minha frente e, mesmo que ele me guiasse, ainda tinha a impressão que cairia a qualquer segundo. A trilha estava escura o suficiente para precisarmos de lanternas. Mal enxergava as outras pessoas. Acredite, havia pessoas que saiam de suas camas às 02:00 da manhã para subir uma trilha. 

E Mew era uma delas.    

Essa era a atividade aventureira que faltava desde que acordei e não sei se curto muito. 

Mew havia me perguntado se queria sair com ele, como um encontro. E eu imaginei que iriamos apenas almoçar ou algo assim. Não que seria acordado de madrugada! Gloria provavelmente vai se descabelar ao notar que não estarei em casa quando acordar. E o pensamento disso me fez rir. Além do mais, apesar de estar com sono e intrigado com toda essa trilha noturna, era refrescante ver Mew mais solto e sorridente. 

Ele ainda me olhava com receio, mas havia diminuído um pouco após o incidente das lembranças. Foi gratificante assistir a sua animação quando entrei no carro e é esse momento que me carregava nesse momento. Ele estava tentando. E eu estava muito feliz por isso. Fiquei temeroso com o passar das semanas, não imaginei como seriamos após decidirmos tentar mais uma vez, mas, com toda certeza, não achei que ele evitaria me tocar ou me tratar como alguém com quem teria um relacionamento. 

E cheguei a conclusão de que talvez no fundo ele não tivesse a confiança de que eu estou afim dele, eu me sinto muito mais do que atraído fisicamente; mas não sei se podia demostrar muito,  estou com medo dele recuar. Toda essa situação era estranha e confusa. 

- Chegamos galera! Se cuidem, aqui vocês podem se sentir a vontade, mas evitem largar lixo! Estamos na natureza e respeitá-la é o mínimo! 

O instrutor, um homem calvo de tamanho mediano, sorri. E, desde que iniciamos a trilha, revejo o rosto redondo dele. Finalmente podia descansar, minhas pernas doíam. Andamos em subida por quase uma hora! As luzes estavam espalhadas ao longo das árvores e o ar estava tão fresco que me distrai por alguns segundos. 

- Ei, vamos nos sentar. - Sinto a mão de Mew puxando a minha. 

Ele nos leva até a uma grande árvore, sentamo-nos embaixo dela. Ainda estava escuro, mas certamente a vista a nossa frente nos permitiria ver mais da cidade. Podia notar as luzes brilhantes ao longe das casas e prédios. 

- Toma. - Mew me estende uma garrafa de água. - Como você está?

O encaro, ele parecia absurdamente lindo para às 03:30 da manhã.

- Cansado e com sono. Que tipo de encontro é esse? - Ele sorri. Eu realmente amava quando ele sorria para mim. 

- Achei que seria interessante, veja, daqui a pouco o sol vai nascer. E eu vou te oferecer um café da manhã com a presença do primeiro acordar do sol, no lugar mais alto da cidade. Essa vista é de graça! 

- Dou minha nota no final. 

Mew abe um largo sorriso e tudo o que eu podia fazer era retribuir. Ainda não sabia como reagir com ele. Como eu deveria? 

Ficamos em silêncio por um tempo, apoiados na casca da árvore, observando o céu estrelado se iluminar aos poucos, se preparando para a chegada do sol. Eu me sentia em paz. Talvez pela primeira vez desde que acordei. Uma súbita paz afasta toda a estranheza e amargura que me perturba nessas últimas semanas.  

- Qual o seu lance com o sol? Você parece gostar bastante dele. - Murmuro.

- Qual era o seu lance com o sol, na verdade. Você que vivia falando disso. - Mew se ajeita, de modo que ficasse virado para mim. Seus olhos suaves repousam nos meus. - Eu prometi te trazer aqui e agora estou cumprindo. Eu sei que você mudou e não gosta das mesmas coisas e tudo mais, mas eu queria ter essa experiência com você. 

Quando tudo der errado, segure o meu coração (Reeditando)Onde histórias criam vida. Descubra agora