Minha cabeça doía. Sentia meu corpo pesado, era difícil me mexer. Os rostos na minha frente estavam em choque completo. Eu não entendia o porquê. Tudo acontecia muito rápido ou eu que estava atrasado.
- Meu Deus, meu amor, meu filho, meu filho. - Uma moça de cabelos pretos longos, chorava aos prantos enquanto me olhava. Eu queria dizer a ela que estava bem, mas não conseguia. Não sabia como falar, minha língua também pesava.
- Calma senhora, temos de examina-lo, por favor, leve-a para fora. - Um homem sorri para mim após expulsar a moça chorosa, acompanhei sua saída com pesar. - Olá, se você consegue me entender pisca uma vez.
Pisco.
- Ótimo. - O homem, presumi ser o médico chefe, em seu colete diz João, examina meus olhos, fazendo perguntas e mais perguntas. Pisco como resposta. Ele anotava em sua prancheta de modo ágil, as rugas em volta de seus olhos e as sardas em suas mãos indicavam que ele atuava na área há um bom tempo. - Agora me diga se consegue sentir isso?
Sinto-o beliscar minhas pernas.
Pisco.
- E aqui, consegue sentir? - Mais beliscos, agora no braço.
Pisco.
- Você consegue falar? - Ao tentar nada sai além de ar. Ele acena como se entendendo completamente. - Você se lembra do por que veio parar aqui?
Pisco duas vezes.
- Imaginei. Lembra de seu nome? - Aquela perguntar me fez paralisar.
Provavelmente eu estava acordado há meia hora, talvez, mas não me lembrava de nada. De nada.
Reparo quando ele acena para a enfermeira que estava próxima, manuseando um remédio desconhecido por mim, ela injeta aquilo na minha intravenosa.
- Calma, rapaz. Não é nada. Mas eu preciso te dar as notícias, então, estamos apenas garantindo que você não vá ter nenhuma reação adversa.
Por que ele acha que eu teria uma reação adversa a uma notícia?
- Você sofreu um acidente de carro, veio parar aqui no dia 28/02/2018, teve algumas complicações, traumatismo, quebrou a perna, mas nada que não fosse reversível.
Até ali nada parecia alarmante, acidentes acontecem, eu estava vivo, isso era bom.
- Você entrou em coma. Seu nome é Gabriel Almeida, você tem vinte e quatro anos de idade. Aquela que saiu daqui chorando é a sua mãe. Você ficou praticamente um ano em coma, Gabriel. Hoje é dia 19/04/2019.
Eu estava de coma durante um ano? Não parecia fazer sentido, mas explicava o porquê de eu não conseguir falar ou me mover direito. Eu fiquei deitado nessa cama por um ano, sem me mover. A notícia não me espantou conforme o João previu.
Gostaria de fazer-lhe perguntas sobre como eu iria ficar, se voltaria a falar em algum momento, andar normal. Mas, antes de tudo isso, eu queria perguntar, se minha memória voltaria. Por que isso estava me deixando nervoso. Eu não reconheci a minha própria mãe. Eu perdi tudo o que tinha guardado comigo, eu perdi minha vida.
O mais assustador é não saber quem eu era.
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Quando tudo der errado, segure o meu coração (Reeditando)
RomanceGabriel acorda após um ano em coma. Sem memórias e aprendendo a lidar com uma realidade desconhecida, torna-se um desafio saber quem foi antes do acidente. Aos poucos vai descobrindo que nada parecia estar certo em sua vida antiga. De tal forma que...