5 - Espera

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ARTHUR

Dr: as cirurgias correram da melhor forma possível. Ambas estão no quarto, deixei as duas no mesmo quarto para facilitar, é aqui do lado do de vocês
Arthur: eu posso ir vê-las? - falo ja me levantando

Dr: antes, quero que saiba que elas ainda podem demorar a acordar, o corpo humano precisa de tempo para se recuperar após uma grande lesão, e essa a que vocês foram submetidos foi gigante. Não se assuste com o tempo que possamos esperar, saiba que estamos otimistas.
Arthur: certo.

O médico se retira do quarto para chamar uma enfermeira para ficar com o Lucas enquanto eu vou ver a Carla e a Alyssa, nesse momento meu celular toca e é minha sogra. Ela está chorando e apavorada, tento tranquiliza-la, conto sobre as cirurgias e sobre o estado das duas. Aviso que estou indo vê-las nesse exato momento.

Mara me avisa que provavelmente só vão conseguir chegar até nós amanhã, devido ao mau tempo que estamos a região e pede que eu a mantenha informado. Quando desligo a enfermeira ja esta no quarto e uma segunda enfermeira me leva até minhas meninas.

Sinto minhas pernas fraquejarem quando me aproximo. De repente sinto que não estou preparado para vê-las nesse estado. A enfermeira abre a porta e eu respiro fundo.

Enfermeira: deixarei você a sós com elas, qualquer coisa é só chamar.
Arthur: certo, obrigada - tenho dificuldade de falar

Caminho lentamente e a cena a minha frente me desmonta inteiro: minhas duas meninas em camas de hospital, cheias de fios e monitores e curativos... não consigo conter o choro e nem tento.

Arrasto uma cadeira que esta no canto do quarto e me sento entre as duas. A Alyssa parece um anjo, com a cabecinha enfaixada, um curativo acima da sobrancelha e um embaixo do queixo, os bracinhos cheios de arranhões... minha menininha... faço uma prece a Deus, rogando que não leve minha filha.

Volto meu olhar pra Carla, eu não consigo olha-la muito tempo, sinto que meu coração vai ser arrancado de mim, eu não posso perder ela, a mera insinuação do pensamento me desestabiliza inteiro. A Carla é o amor da minha vida, eu não posso ficar sem ela, ela é minha base, ela me mantém. Por favor, Deus, não a tire de mim.

Passo algumas horas chorando e fazendo preces para que minhas meninas fiquem bem. Opto por ficar em dois quartos, não quero que o Lucas veja a mãe e a irmã assim. Eu me divido entre os dois.

A Thais, minha mãe e minha sogra fazem videochamadas para distrair o Lucas sempre que eu estou no quarto com as meninas. Já estamos na terceira vez em que eu o deixo com a enfermeira e falando com uma delas, ele agora está rindo com o Pedrinho, e isso me alivia um pouco, meu bebê vai ficar bem.

Entro no quarto da Cá e a Alyssa e sento entre elas novamente, seguro na mão da Carla.

Arthur: não me deixa - falo ja chorando - eu não consigo sem você, amor. Me perdoa, por não ter conseguido livrar a gente dessa... Cá, volta pra mim - desabo no choro mas mantenho minha mão na dela.

Sinto uma leve pressão nos meus dedos e levanto o olhar de repente.

Arthur: linda? - ela aperta minha mão - amor, você ta me ouvindo? Aperta duas vezes se sim - e ela o faz - deixo um beijo em sua testa e não consigo me conter de alegria e gratidão - chamo a enfermeira e vejo Carla abrir os olhos.

Ela me olha e sorri.

Carla: lindo... - sua voz é fraca
Arthur: calma amor, não se esforça, vai ficar tudo bem viu - ela assente

A enfermeira chega, o médico vem em seguida e eles fazem todos os procedimentos para ver se a Carla está bem. E ela está. Meu Deus, ela está bem! Eu começo a chorar novamente enquanto faço carinho no cabelo dela.

O médico explica a ela o que aconteceu, fala sobre a cirurgia que ela fez e sobre os cuidados que precisamos ter. Ela me olha e pergunta pelos nossos filhos, eu engulo em seco nesse momento. Respondo que o Lucas está bem, que está no quarto ao lado com uma enfermeira e ao telefone com o Pedrinho, ela suspira aliviada e em seguida pergunta pela Alyssa, eu busco socorro no médico.

E ele entende, ele explica a ela o estado da nossa filha e quando ela entende que a Alyssa está aqui ao lado faz esforço para vê-la, eu ajudo e ela desaba em um choro silencioso. Eu a envolvo em meus braços e choro também. A equipe médica se retira nos deixando a sós.

Carla: lindo, nossa bebê, ela precisa ficar bem
Arthur: ela vai ficar amor, eles estão fazendo o melhor que podem. Vamos ter fé, logo nossa menina vai ta como antes - ela assente e me puxa para mais perto.

Eu me deito na cama ao lado dela, com cuidado para não machuca-la. Ficamos um tempo abraçados em silêncio.

Arthur: eu tava com muito medo de te perder - falo com a voz embargada - e ia ser culpa minha
Carla: ei, não, olha pra mim - ela puxa meu rosto - você não teve culpa, não pensa assim, amor, você fez o que pôde pra evitar, aquele outro motorista que foi irresponsável - ela faz carinho na minha barba - você não teve culpa de nada, e eu to aqui. Nós vamos ficar bem, ta? - ela me puxa para um selinho

Arthur: ta, eu te amo - deixo um beijo em sua testa
Carla: eu também te amo - ela se aconchega mais em mim.

As horas passam e a Carla pede pra ver o Lucas, eu busco nosso bebê que se derrete no colo da mãe. Ela não contem as lágrimas quando tem ele no colo e eu também não resisto ao vê-los abraçados.

Quando garante que a mãe está bem, o Lucas repara na irmã.

Lucas: a aíssa ta dumino? - ele fala quase sussurrando
Arthur: ela ta, a maninha precisa descansar né, a mamãe descansou e agora acordou, agora a maninha vai descansar pra acordar também

Lucas: quelo ve ela de peto, pai, me eva la?

Eu olho pra Carla e ela assente. Não sei como ele vai reagir ao ver a Alyssa tão indefesa. Ele estava acostumado a vê-la ativa, junto dele. Pego ele no colo e me aproximo da cama da irmã.

Lucas: qué da bejinho pa ela ficá boa logo - eu o aproximo dela e ele beija a bochecha da irmã - ei mana, acoda logo, a zenti tem que ir pla casa lemba?

Eu engulo o choro que se insinua e quando olho pra Carla, ela ta secando as lágrimas. Volto com o Lucas pra cama da Carla.

Carla: você deu um beijo na maninha, amor? - ela faz carinho no rosto dele
Lucas: eu dei. Oh mãe, selá que ela vai demolar muito pa acodá?

Carla: não sei, meu bebê, o médico disse pra gente esperar né. A gente vai esperar. Mas, a maninha vai ficar bem, vamos todos ficar bem. - ela procura minha mão e quando encontra eu entrelaço nossos dedos.
Arthur: vamos ficar bem - repito mais pra mim do que pra eles - meu celular toca nesse momento e é minha sogra.

Eu ja tinha a avisado quando Carla acordou e que estava com os médicos, ela disse que ligaria pra falar com a filha. Passo o telefone pra Cá e saio do quarto para que ela possa falar com a mãe a vontade e se deixar sentir tudo sem se preocupar com o Lucas.

Quando saio do quarto me deparo com o médico vindo em nossa direção.

Dr: Arthur, a Carla está acordada?
Arthur: está sim, está no telefone com a mãe dela.

Dr: ok, talvez você queira deixar esse garotão aqui com a enfermeira enquanto sua esposa termina a ligação, eu preciso falar com vocês dois.
Arthur: está tudo bem?
Dr: é sobre o estado da sua filha.

Sinto um arrepio percorrer todo o meu corpo com o tom que ele usou.

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Não é nada justo da dona hobinn_ me chantagear descaradamente.

Mas ta aqui mais um, como prometido haha 🤝

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Val 🦋🥁

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