46 - Nada mudou

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Semanas depois

ARTHUR

Arthur: bom dia, família! - cumprimento chegando na brinquedoteca.
Lucas: bom dia, papai! - ele corre até mim e eu o pego no colo.
Alyssa: bom dia, pai! - ela me cumprimenta mas não vem até mim concentrada na Maria Clara que está de costas pra mim e se mantém assim mesmo quando me responde.
Maria Clara: boum dia, pai.

Arthur: o que elas tão fazendo? - pergunto ao Lucas.
Lucas: tão brincando de mamãe e filhinha, a Alyssa é a mãe a Maria é a filha. Acho que a Alyssa ta arrumando a Maria pra escola. - ele me informa.
Arthur: entendi, bacana - rio - cadê a mamãe?
Lucas: vomitando - ele diz - tadinha - da de ombros.
Arthur: vou ver ela, então. - coloco ele no chão.
Lucas: ela disse que é nojento e era pra gente ficar aqui, mocinho - ele cruza os braços.
Arthur: vocês três, eu vou ajudar ela, cara.
Lucas: então ta, se você quer ir - ele da de ombros - ta fedendo lá
Arthur: ta - eu rio - vai brincar com as meninas, ja o papai volta.

Os enjoos tão acabando com a Carla nessa gravidez. Parece que foi só ela descobrir pra eles começarem com tudo, ela enjoaa manhã, tarde e noite. Eu fico preocupado, apesar de saber que é normal, só detesto ver ela tão frágil.

Arthur: linda? - bato na porta do banheiro
Carla: VAI EMBORA! - ela berra.

Ah, tem isso. Ela não me quer por perto quando está passando mal, na verdade ela não me quer perto dela em nenhum momento. Eu sei que são os hormônios da gravidez que a deixam louca, mas preciso ficar me lembrando disso a todo instante. Ela é um doce, um amor com todo mundo, mas é só eu chegar que a cara fecha e tudo vira um problema. Ela tem desenterrado brigas nossas de anos atrás, coisa que eu nem lembrava mais e ainda briga comigo por coisas que aconteceram quando estávamos separados. Eu respiro fundo, peço paciência e espero esses hormônios darem uma trégua.

Arthur: to te esperando aqui fora - insisto.
Carla: não! Pode ir arrumar o que fazer.
Arthur: vou continuar aqui - digo tranquilo.
Carla: eu to bem - noto a voz embargada.

To falando, os hormônios tão acabando com ela. E prefiro ela brigando comigo do que chorando. Respiro fundo, e espero. Sei que agora ela só sai depois de fazer toda a higiene bucal necessária pra tirar todo o gosto ruim da boca.

Quando a porta enfim abre ela me encara e em segundos o queixo trem e os olhos transbordam as lágrimas.

Puxo ela para os meus braços e ela se aconchega.

Carla: eu tô insuportável - soluça - me desculpa, não quero ser grossa com você e...
Arthur: ei, ta tudo bem - sussurro fazendo carinho em seu cabelo.
Carla: não ta tudo bem, Arthú! - ela ergue o rosto do meu peito pra me olhar - eu to chata pra caralho, nem eu me aguento mais, e a única coisa que eu faço além de brigar, é chorar, ah e vomitar também! Eu não lembrava que era assim tão ruim! - ela começa a chorar de novo - e eu to descontando em você, que não faz nada além de ser incrível comigo, que é um santo por ter tanta paciência comigo sendo chata desse jeito, e eu to a muito pouco de começar a descontar nas crianças, to sem paciência até com eles, eu não quero fazer isso, só que quando vejo ja foi e...
Arthur: ei - seguro seu rosto entre as mãos - eu sei que ta tudo bagunçado pra você e é por isso que eu não quero que você se sinta culpada por nada. Linda, eu vou ficar bem, as crianças vão ficar bem, se você precisar se afastar deles pra não se arrepender de alguma fala, se afasta que eu dou conta, se precisar brigar e sentir raiva de alguém, to a sua disposição, pode me xingar o tanto que você quiser! Eu vou continuar aqui, to aqui pra você, não posso sentir por você, mas seguro a barra, pode deixar. Essa fase vai passar, no fim, vai ficar tudo bem, fechou?

Ela fica na ponta do pé e me beija, a abraço apertado e sinto o gosto das suas lágrimas que continuam caindo.

Carla: eu te amo tanto tanto tanto - diz ainda nos meus lábios.
Arthur: eu sei - digo sorrindo.
Carla: convencido - ela ri, secando as lágrimas.
Arthur: você quer comer alguma coisa?
Carla: ja comi - ela faz uma careta - mas não sustentei. Não sei se consigo comer mais.
Arthur: que tal eu pedir pra Carmem fazer uma torradinha com requeijão, e um suco de laranja? Você tenta comer um pouco, só pra não ficar de barriga vazia - coloco uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.
Carla: pode ser - ela assente.
Arthur: vou pedir, e você quer fazer o que agora?
Carla: vamos ficar lá com as crianças? - assinto e nos encaminhamos pra lá.

Antes de chegar na brinquedoteca, passo na cozinha e peço a Carmem pra preparar algo pra Carla comer e em seguida levar lá pra gente. Depois disso, já com nossos filhos, a Carla deita no sofá e eu sento no chão pra brincar com eles.

Alyssa: vamos brincar de show!
Arthur: de show?
Lucas: é! Boa Alyssa!
Maria Clara: boa, Aíssa! De show papai! - ela pula e a Carla puxa ela pra si a enchendo de beijos - socolo socolo - diz rindo fazendo com que todos nós ríamos também - bincá de show - ela diz pra mãe.
Carla: ta, como é a brincadeira de show?
Alyssa: alguém é o cantor, e os outros são a platéia ué - ela da de ombros.
Maria Clara: ué - a papagaia repete.
Lucas: o papai tem que ser cantor!
Alyssa: é! Busca o violão pai!
Arthur: vocês tem certeza mesmo? - faço corpo mole.
Carla: simmm - minha esposa diz sorrindo - por favor, papai.
Maria Clara: pufavô! - ela pula em mim.
Alyssa: por favor! - mais uma pulando em mim
Lucas: por favor! - e repete o pulo.
Arthur: ta ta, me rendo. - digo rindo enquanto eles sorriem ainda pulando.

Me livro dos pestinhas e vou pegar o violão, me acomodo no mesmo lugar enquanto eles se aconchegam no sofá junto com a Carla, que agora está sentada, na platéia. Pisco pra ela, e começo a cantar.

Mudaram as estações e nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente

Se lembra quando a gente
Chegou um dia acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber que o pra sempre, sempre acaba

Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém, só penso em você
E aí então estamos bem

Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa

Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa

Quando encerro a musica, as crianças aplaudem e minha esposa sorri secando uma lágrima que escorreu.

Carla: te amo demais - ela sussurra
Arthur: eu que te amo - respondo também aos sussurros.

Meus filhos logo pedem outras músicas e a alegria e as risadas deles preenchem o ambiente. Tanta coisa mudou na minha vida, na da Carla, na nossa vida juntos... mas de fato, assim como diz ma música que cantei, nada conseguiu mudar o que ficou... meu amor por ela, o amor dela por mim. E no fim, eu voltei pra ela... ela voltou pra mim... Conseguimos voltar pra casa.

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Essa música me quebra galera, ai o querido me canta essa e ainda tomando vinho? É pra me acabar!

E esse capitulo foi de presente pra senhora CarinaCRodrigues que ta de aniversário hoje! Parabéns amiga!

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⏰ Última atualização: Jan 28 ⏰

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