CARLA
Carla: anham, sabia - respondo o Lucas e tento mudar de assunto - o que vocês tão fazendo?
Lucas: o meu pai é o amor da sua vida também?
Eu olho pra ele e antes que possa responder vejo o Arthur chegando na sala. Mas as crianças não fazem festa, estão os três me encarando. Ou melhor, os quatro. Esperando uma resposta.
Claro que ele é o amor da minha vida, mas eu vou dizer isso depois da raiva que ele ta me fazendo? Acho que não.
Carla: ei, cadê a tia Carmem?
Alyssa: ta na cozinha - responde solicita - e o meu pai é o amor da sua vida?
Maria Clara: sua vida? - repete e para aos meus pés em expectativa.
Essas crianças tão sentindo alguma vibração, só pode. Respiro fundo e olho pro Arthur antes de responder, ele está parado, encostado na parede, só observando nossa conversa. Esperando minha resposta, que ódio! Não vou dizer outra coisa que não a verdade aqui.
Carla: claro que é, o papai de vocês é o amor da minha vida - respondo e minha voz embarga, me deixando confusa, não esperava essa onda de emoção.
Coloco o Lucas no chão e tento distrair eles, o que é fácil, agora que já arrancaram de mim a resposta que queriam estão esparramados no chão com os brinquedos.
Sento no sofá e a Maria sobre no meu colo, o Arthur senta também, finalmente interagindo com eles e me tirando do foco.
Arthur: bom dia pra vocês também, que ignoram o papai.
Lucas: bom dia papai! - ele larga os brinquedos e se joga no colo do pai.
Maria Clara: vida da mamãe, né Aíssa - ela diz sorrindo no meu colo.
Alyssa: isso mesmo, irmã - ela assente satisfeita.
Eu sorrio, coloco a pequena de pé e logo ela corre pela sala, aproveito e saio de perto antes que seja demais pra mim.
Aqui vai uma verdade: a minha pequena Alyssa é fascinada pelas princesas da Disney, é uma romântica e defensora do felizes para sempre dos contos de fada. E ela jura que eu sou uma princesa e o pai um príncipe, então não é surpresa ela estar tão focada em ter certeza que nos amamos. Porém, considerando tudo, to achando que rolou algo mais na conversa do Arthur com a Thais, alguma coisa que mexeu com a cabeça da minha filha e está deixando ela preocupada a ponto de ficar repetindo essa história de "amor da vida" pra garantir que eu e o pai dela estamos bem, fora que a Thais se achou no direito de ligar pra ele. E se for mesmo isso, significa que o Arthur mentiu pra mim. E eu não sei o que sentir ou pensar sobre isso. Na verdade sei, mas to com medo do que tudo isso vai nos causar.
ARTHUR
Ela tá claramente desconfortável. Porra. Vejo ela sair e se esconder na cozinha, dou um tempo a ela enquanto observo meus filhos e penso em como reverter essa situação chata.
Droga.
Eu não menti pra ela. Bom, não fiz nada com intenção de enganar ela, mas omiti uma parte da conversa com a Thais. Não contei porquê não queria que a Carla ficasse noiada, não tem porque, não quero nada com a Thais, mas aparentemente eu devia ter sido claro desde o início. Suspiro e sorrio para os meus filhos que brincam juntos pela sala.
O tempo vai passando e nada da Carla voltar para onde estamos, escuto ela rir com a Carmem na cozinha e assumo que ela resolveu me dar um gelo. Ai cara, vacilei. Esfrego as mãos pelo rosto. Preciso falar com minha esposa.
Levanto do sofá achando que os pestinhas não tão nem ai pra mim, mas os três rostinhos me encaram enquanto a porta voz pergunta.
Alyssa: o amor da vida da mamãe vai pra onde? - eu não consigo não sorrir.
Arthur: vou falar com a sua mamãe, posso?
Alyssa: pode. - sorri satisfeita.
Maria Clara: tadê a mamain? - ela ergue os bracinhos questionando.
Arthur: acho que ta na cozinha, você quer ela?
Maria Clara: naum - ela da de ombros e volta a brincar.
Eu sorrio, esses meus filhos são engraçados.
Chego na cozinha e a Carla está sentada nos banquinhos do balcão com a Carmem, sorrindo, mas fecha a cara assim que me ver.
Carmem: bom dia, seu Arthur - me cumprimenta.
Arthur: bom dia, dona Carmem - sorrio - você pode ficar com as crianças um pouco enquanto eu falo com a Carla?
Carmem: claro - ela levanta e se retira.
A Carla mexe no celular, ignorando minha presença. Eu caminho até ela e paro a sua frente.
Arthur: oi, amor da minha vida - chamo e ela me fuzila.
Carla: não to pra gracinha, Arthú - ela me afasta e desce do banco.
Não permito que ela se afaste, coloco seu corpo entre mim e o balcão.
Arthur: eu sei, mas me escuta ta? - ela cruza os braços - eu não te contei tudo.
Carla: que ótimo pra você - noto seus olhos marejando.
Arthur: amor, eu só não queria te estressar com uma coisa tão sem fundamento como a Thais - reviro os olhos - além do que te contei, ela falou que sentia minha falta, e disse que sentia falta de tudo, ela mudou a voz no "tudo" e eu não sou burro, entendi ao que ela se referia, mas ignorei. - ela me encara cética - Foi ai que eu disse que tava aposentado da farra, me fiz de desentendido, talvez por ter me feito de bobo ela acha que não foi clara na insinuação e ta me ligando por isso, não sei, mas enfim, depois ela fez a fala de que só você pra conseguir que eu me aquietasse e eu disse que sim, tudo por você. Foi isso.
Carla: como que eu vou saber que você não ta mentindo pra mim de novo? - a voz dela embarga.
Arthur: porque eu não to! - deslizo o polegar pela bochecha dela - Confia em mim, eu não quero te enganar, nunca quis, só omiti isso pra não te estressar, não ia dar em nada, eu não quero nada com a Thais, nem contato com ela eu tinha mais, não sei o que deu nela pra focar em mim assim. Eu só quero você, sempre foi só você. - colo a testa na dela que suspira e repousa as mãos no meu peito.
Eu a abraço, envolvendo sua cintura e a prendendo a mim.
Arthur: desculpa não contar tudo, não vou mais fazer isso. Só achei que algo tão insignificante não merecia nosso desgaste - beijo a ponta do seu nariz e ela me abraça, deitando a cabeça no meu peito.
Carla: não gosto de brigar com você - beijo o topo de sua cabeça - nem quero brigar com você, mas cara, é gatilho! Você ainda lembra tudo que aconteceu né?
Arthur: olha pra mim, vida - seguro seu rosto entre as mãos - eu lembro sim, mas ainda naquela época, nunca foi ela, quando eu me permiti pensar que tinha chance com você, ja era, eu era seu. E foi assim desde então. Fiquei com ela depois casualmente, somente porque não te tinha e nem achava que ia ter mais. Eu tava me afogando e tomei muitas decisões erradas. - respiro fundo - Mas desde que a gente se acertou... - sorrio e ela sorri - não precisa você ficar insegura, sempre foi você e vai continuar sendo, achei que isso ja tava muito claro, amor da minha vida.
Ela fica na ponta do pé e cola a boca na minha.
Arthur: te amo. - digo em seus lábios.
Carla: te amo - ela diz me abraçando com o rosto no meu pescoço - me abraça, to carente de você.
Arthur: to notando mesmo - digo sorrindo e a apertando nos meus braços.
Segundos passam e ela levanta o rosto de repente e me encara atônita.
Arthur: o que aconteceu? - ergo a sobrancelha rindo, sem entender.
Carla: Arthú - ela diz ainda me olhando - será...?Não pode ser - me encara pensativa - será?
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SERÁ O QUE MINHA GENTE PELO AMOR DE DEUS???
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