ARTHUR
Passei o dia inteiro trabalhando hoje, estou tonto de tanta reunião e de ler tantos contratos. Avisei pra Cá que ia demorar hoje e de fato é o que acontece, saio da reunião morrendo de vontade de chegar em casa e ver meus amores.
No caminho penso em como sou grato por estarmos tão bem, por todos estarmos bem depois do susto naquele acidente. E depois de tudo que eu e a Carla passamos... hoje temos nossos dois pedacinhos. Sorrio bobo só de pensar, eu não poderia estar mais feliz.
A única coisa que tenho sentido falta é de ter mais tempo só com a Carla, mas sei que são consequências da paternidade. A gente vai conseguir reorganizar nossa rotina que mudou um pouco depois do acidente.
No meio do caminho decido passar no shopping pra comprar um presente pra Carla. Não é nenhuma data especial, só senti vontade de mimar a minha coisinha linda de 1,53.
Quando chego vou direto na joalheria e compro pra ela uma pulseira em ouro branco com 4 corações, representando nós 4: eu, ela, a Alyssa e o Lucas. Saindo da joalheria dou de cara com a Vitória, nos cumprimentamos, ela pergunta pela Carla e pelas crianças, sorrio ao falar deles e ela me parabeniza pela minha linda família.
Em pouco tempo já estou chegando em casa, quando abro a porta vejo tudo muito calmo, ja devem estar todos dormindo. Entro sem fazer barulho e me deparo com uma mesa posta, jantar pra dois. Ué? Provavelmente foi a Carla que preparou pra gente, mas cadê ela?
Deixo o presente que trouxe pra ela em cima da mesa, o Dummy e o Chaplin estão dormindo na porta dos quartos das crianças, um em cada, o que me indica que as crianças estão em seus quartos, eles sempre ficam de guarda, olho em ambos os quartos e confirmo que Alyssa está no quarto dela e o Lucas no dele. Cadê a Carla?
Vou até o nosso quarto e ela não está, reparo na decoração, as velas, o clima romântico. Ela preparou uma surpresa, meu coração se enche. Eu estava morrendo de saudade de poder estar com ela, de senti-la e de ama-la com calma como ela gosta e merece, ultimamente tem sido tudo na correria. Meus pensamentos são interrompidos quando escuto um soluço, vem do nosso banheiro, me aproximo da porta que estava fechada. Carla. Chorando.
Me desespero e bato na porta.
Arthur: linda? O que aconteceu?
Ela não responde. Forço a maçaneta e percebo que a porta está destrancada. Eu entro e a vejo. Escorada na bancada da pia, de roupão, com o penteado que eu amo e o rosto vermelho e banhado em lágrimas. Mas, o pior de tudo é o olhar de dor e mágoa que ela me direciona. O que aconteceu?
Imediatamente vou até ela e a envolvo em meus braços, ela não retribui e não relaxa nos meus braços, ela só chora mais.
Arthur: o que aconteceu meu amor? Olha pra mim - seguro seu rosto a fazendo me olhar - pelo amor de Deus, Cá. Qual o problema?
Carla: você jura que não sabe? - o tom dela é ríspido. Ela pega o celular e me mostra - eu pensei que você tava em reunião, mas não, enquanto eu tava aqui preparando uma surpresa pra você, porque to com saudade de você - ela começa a chorar novamente - você tava se exibindo por ai com outra! - ela tenta me afastar, mas me mantenho firme - Eu sei que não tenho dado a atenção que você merece, sei que nossos filhos exigem muito, mas porque você ta fazendo isso comigo? - a fala dela é carregada de dor e eu ja estou com os olhos marejados.
Arthur: linda, isso é mentira! É fake news! Por Deus! - pego o celular da mão dela - eu saí da reunião e fui no shopping sim porque eu queria comprar um presente pra você, foi só isso que eu fui fazer lá. Olha - eu aponto na foto - eu tava saindo dessa joalheria, ta vendo o pacote na minha mão? - aponto novamente a foto - ta la na sala, com o presente que eu trouxe. Sabe porque eu to sorrindo ai? - ela me encara - porque eu tava falando de você e das crianças, a Vitoria me perguntou como vocês estavam e parabenizou pela família linda que a gente tem! Eu NUNCA faria nada do que você ta pensando! NUNCA! E achei que você ja sabia disso. - ela parou de chorar e me olha estática.
