37 - Vida boa

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CARLA

O silêncio que se instalou no quarto é tão sereno, tão confortável, que me dá até vontade de chorar, por perceber o quanto eu sou abençoada.

Quando o video acabou, depois de secar as lágrimas, nos amamos em uma lentidão excitante, provando e recordando o corpo um do outro. Eu nunca me senti tão amada e tão desejada como o Arthur me faz sentir. E por mais que eu não troque por nada os momentos com os meus filhos, também preciso desses momentos só com o meu marido.

O aperto em meus braços e deixo um selinho no seu peitoral. Ele desliza a mão pelas minhas costas e ergue meu queixo me dando um selinho.

Estamos nus, entrelaçados, com os corações batendo no mesmo compasso. O fato de ser madrugada só intensifica o momento, intensifica a nossa intimidade.

Arthur: você é tão linda - ele diz me encarando e acariciando meu rosto
Carla: eu sou mesmo - brinco
Arthur: convencida do caramba - ele ri e me puxa pra cima de si.

Carla: eu sou louca por você, sabia? - digo deitada por cima dele e deslizando as unhas por sua barba.
Arthur: não mais do que eu sou por você - ele me puxa e me da um beijo rápido.
Carla: quer apostar? - desafio com os olhos fixos nos dele e um sorriso malicioso nos lábios.

Ele nos gira, ficando por cima de mim dessa vez, e me beijando, mas é um beijo com mais carinho e devoção do que malicia.

Quando encerra o beijo ele roça o nariz no meu, e desliza para o meu lado, me prendendo em uma conchinha, cheirando meu pescoço, e eu me derreto, curtindo o momento.

Arthur: vida - diz alguns minutos depois - eu tava pensando aqui, a Lene Sensitiva acertou mesmo né.

Não me aguento com essa observação e gargalho.

Carla: eu não acredito que você tava pensando nisso! - falo entre risadas.
Arthur: não ri, garota - ele diz rindo também - eu tava pensando em tudo que a gente passou pra chegar aqui, e lembrei que ela sempre afirmou que íamos ficar juntos. E não é que ela acertou.

Carla: ta, calma - tento me recompor - mas, de fato, é uma boa observação. Ela nunca duvidou mesmo né.
Arthur: não, e confesso que até eu duvidei. Não fica com raiva por eu admitir isso, mas é que teve um tempo que pareceu que eu tinha te perdido mesmo. - percebo a voz dele embargada.
Carla: eu não vou ficar com raiva - viro de frente pra ele, acariciando seu rosto - também duvidei por um tempo, inclusive tive raiva da insistência dela. Porque doía sabe, ela dizer que íamos voltar e pra mim era impossível que isso acontecesse, e cada previsão dela era como mexer na ferida. Mas, fico muito feliz que ela tenha acertado. Não vejo minha vida sem você dividindo ela comigo.
Arthur: sinto a mesma coisa - ele me da um selinho - eu te amo demais.

Me aconchego em seu peito e ele me abraça, deslizando a mão pelas minhas costas, e eu quase pego no sono. Mas, ai ele começou a cantar, baixinho, suave.

Se for preciso, eu pego um barco
Eu remo por seis meses como peixe, pra te ver

Já senti meus olhos marejarem e o abracei mais forte, enquanto ouvia com a cabeça encaixada em seu pescoço.

Tão pra inventar um mar grande o bastante
Que me assuste e que eu desista de você

Ele cantava essa música pra mim lá no comecinho, logo que saímos do bbb.

Se for preciso eu crio alguma máquina
Mais rápida que a dúvida, mais súbita que a lágrima
Viajo a toda força e num instante de saudade e dor
Eu chego pra dizer que eu vim te ver

Eu quero partilhar, eu quero partilhar
A vida boa com você
Eu quero partilhar, eu quero partilhar
A vida boa com você

Que amor tão grande
Tem que ser vivido a todo instante
A cada hora que eu tô longe é um desperdício
Eu só tenho oitenta anos pela frente
Por favor, me dê uma chance de viver

Que amor tão grande
Tem que ser vivido a todo instante
A cada hora que eu tô longe é um desperdício
Eu só tenho oitenta anos pela frente
Por favor, me dá uma chance de viver

Eu quero partilhar, eu quero partilhar
A vida boa com você
Eu quero partilhar, eu quero partilhar
A vida boa com você

Se for preciso, eu giro a Terra inteira
Até que o tempo se esqueça
De ir pra frente e volte atrás milhões de anos
Quando todos continentes se encontravam
Pra que eu possa caminhar até você

E eu sei, mulher, não se vive só de peixe
Nem se volta no passado
As minhas palavras valem pouco
E as juras não te dizem nada
Mas se existe alguém que pode
Resgatar sua fé no mundo, existe nós

Também perdi o meu rumo
Até o meu canto ficou mudo
E eu desconfio que esse mundo já não seja tudo aquilo
Mas não importa, a gente inventa a nossa vida
E a vida é boa com você

Eu quero partilhar, eu quero partilhar
A vida boa com você
Eu quero partilhar, eu quero partilhar
A vida boa com você

Não tem pra trás nada
Tudo que ficou tá aqui

Eu quero partilhar, eu quero partilhar
A vida boa com você
Eu quero partilhar, eu quero partilhar
A vida boa com você

Carla: obrigada - digo me erguendo pra olhar nos olhos dele, com a voz embargada, tomada pela emoção que essa música evoca em mim - obrigada por ser do jeitinho que eu sonhei pra mim - lhe dou um selinho - obrigada pela nossa família, por cuidar tanto da gente, por me amar, eu te amo, tanto tanto tanto garoto - ele encaixa a mão no meu pescoço e me puxa para um beijo mais profundo.

Arthur: pra sempre a gente, vida - diz quando encerra o beijo - pra sempre a gente. Amo você.

Ele desliza o nariz no meu e eu me encaixo novamente no seu peito, sentindo suas mãos me abraçando, inspirando seu cheiro, com a certeza de que nada vai conseguir mudar isso aqui que a gente tem, nunca.

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Quanto tempo né gente, perdoem 🤧

Esse capítulo aqui veio porque prometi pra CarinaCRodrigues . 🫶🏽

Mas confesso que to um pouco sem criatividade pra seguir com essa fic aqui, portanto podem me dar sugestões que serei muito grata 😁

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