CARLA
Abro os olhos com dificuldade de respirar pela dor, olho pro lado e vejo Alyssa, Lucas e Arthur dormindo. Tento me levantar para não acordá-los mas a dor está insuportável e eu não consigo me erguer sozinha.
Me estico um pouco alcançando a mão do Arthur, que está estendida até mim, puxo de leve e ele abre os olhos assustado.
Arthur: o que aconteceu? - ele sussurra
Carla: muita dor - falo choramingandoEle levanta de imediato e vem até meu lado na cama.
Arthur: onde ta doendo? - ele se aproxima
Carla: me tira daqui, não quero acordar as criançasEle me pega no colo me levando até o sofá da sala enquanto me contorço
Carla: é uma cólica infernal, Arthur eu nao to aguentando - sinto uma leve vertigem e deito no sofá
Arthur: a gente vai pro hospital. Vou pedir a Carmem pra vim ficar com as crianças.- ele olha no relógio - 4 da manhã, mas a gente precisa ir.Ele pega o celular e liga ora Carmem que de pronto atende e garante que está vindo.
Arthur: vou pegar a chave do carro - ele se aproxima e beija minha testa
A campainha toca, ele volta com a chave e a carteira, abre a porta, Carmem entra e antes de ir até as crianças passa por mim e me garante que vai cuidar deles até eu voltar, me deseja melhoras e eu só assinto. A dor está me consumindo, enquanto ela levanta sinto um líquido nas minhas pernas, passo a mão. Sangue.
Carmem: dona Carla! - ela se assusta
Carla: o que ta acontecendo comigo? - falo chorandoO Arthur vem, me pega no colo e tudo é um borrão pra mim depois daí. Sei que chegamos ao hospital, sinto pontadas na parte baixa do meu ventre, assim como na coluna e um ardor insuportável. Apaguei. De Repente não sinto nada, abro os olhos e estou deitada em uma cama, oscilo entre a consciência e a falta dela por um tempo que parecem horas, até que escuto a voz do Arthur.
Arthur: linda? - sua voz está embargada - como você ta?
Abro os olhos e tento focar nele, seus olhos estão vermelhos, ele chorou.
Carla: amor, o que aconteceu?
ARTHUR
Sinto meu corpo inteiro tremer desde a hora que acordei com a Carla me chamando. Ver ela nesse estado me desestabiliza por completo. Ver o sangue que escorria pelas suas pernas me deixou atônito. Eu não sei como cheguei ao hospital sem causar nenhum acidente.
Ela estava em um estado de semiconsciência e nem sei se ela ouviu quando sussurrei que tudo ia ficar bem. Ela estava consumida pela dor. O que ta acontecendo com a minha mulher?
Ela foi atendida de imediato e eu não pude acompanhar tudo, fiquei na sala de espera, desesperado, aos prantos. Até que o médico veio até mim.
A notícia que ele me deu tirou meu chão. Como assim? Não pode ser!
Carla estava grávida. 2 meses. Uma gravidez tubária, o bebê estava se desenvolvendo nas trompas, que rompeu. Carla teve uma hemorragia. E nosso bebê sofreu um aborto.
Eu não consigo respirar. Perdemos um bebê, que nem sabíamos que estava vindo. Carla está em cirurgia, estão tentando conter a hemorragia. O médico me explica que uma gravidez assim, nas trompas, geralmente não avança, o resultado é comumente o aborto, pois o bebê não tem como se desenvolver em um espaço tão limitado.
Ele tenta me confortar, informando que o fato de sabermos ou não, não poderia mudar muito o destino do bebê, a preocupação é a Carla. Eu explico que a alguns dias ela tem sentido dor, e ele informa que tudo que ela sentiu foi devido a isso. Pergunto como isso aconteceu se temos dois bebês saudáveis. E ele responde.
O acidente.
Sempre esse maldito acidente, a Carla passou por uma cirurgia séria, e as sequelas ainda se mostram. Perdemos um bebê. E a minha linda está lutando pela vida numa sala de cirurgia.
Passo um longo tempo esperando, já não sei de onde sai tantas lágrimas, até que o médico me avisa que a cirurgia acabou, ela estava bem, estava no quarto e eu vou até ela.
Entro no quarto com mais lágrimas caindo pelo rosto. Minha Carla, ela parece tão frágil, me aproximo e deixo um beijo em sua testa, fico lhe olhando, agradecendo a Deus por ela estar bem, e peço força pra contar a ela o que aconteceu.
Percebo que ela está despertando. Chamo por ela. Ela me olha e me preparo pra dar ela a notícia que sei que vai abrir um buraco em seu peito, assim como abriu no meu.
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Pelo amor de Deus não me matem, nem me odeiem. Eles vão ficar bem, eu prometo 🥺Comentem.
Ainda não escrevi o próximo, vou escrever e volto em algum momento depois dos 70 comentários
Val 🦋🥁