texto LXXXIII

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De todas as partes difíceis da vida, não sentir que você tenha mais vontade de continuar é a mais assustadora. Todos os dias você se pega em conflito consigo mesma tentando entender que porra está acontecendo e se encontra cada vez mais no fundo do poço, no qual você jurou nunca mais estar. Quando nascemos e começamos a entender que a vida é uma via de mão dupla, na mesma proporção que chega vai embora, ficamos receosos e com medo de qual pessoa que mais amamos vai ser levada ao paraíso primeiro. Isso de fato assusta e quando as perdas começam a serem cada vez mais próximas a ti, você se questiona: "o que está acontecendo? Porque todos que amo estão indo embora?" ou, no meu caso, "quando será minha vez? E como será?". A cada dia que passa, imagino que é meu último dia e começo a contextualizar, em minha imaginação, velório, enterro, quem estará lá, quem ficará mal ou algo do tipo. E isso é algo muito louco de se pensar, principalmente com constância. Muitos agradecem por mais um dia vivo, mas continuo com o "mais um dia?" fixado em minha mente.

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