carta aberta sobre mim

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8 de agosto de 2022 às 23:10hrs

Em meio a posts do Instagram, me deparo com a seguinte imagem, um print de alguém do twitter, que falava "você está bem? É claro que não estou eu uso antidepressivo." E isso me chamou atenção de forma que talvez nem mesmo eu tenha percebido minha situação em todo esse tempo. Salvei o post e iria compartilhar nos melhores amigos, mas desisti. Não repostei pelo simples fato de ter olhado ao meu redor e não ter encontrado alguém. Eu sou uma mulher de 22 anos que nesses últimos 9/10 meses, silenciou. Porque as vezes que falava, foram cada vez mais afastando aqueles que diziam serem meus amigos. Mas aí vem aquilo que toda mãe fala "ninguém é amigo de ninguém". De dezembro até recentemente, minha vida que já era um turbilhões de coisas, chegou perto de não mais existir. Os medicamentos não faziam mais efeitos, não sabia a quem mais recorrer, me sentia mal fisicamente e muito pior internamente. Minha cabeça estava a mil, sem parar nem na hora que eu iria dormir. Passei muitas noites em claro suplicando e tentando entender o que havia acontecido, o porque eu. O psiquiatra que era em Recife, pra me auxiliar mais de perto, me contratou por 1 mês lá na clínica, com a função de recepcionista. Escutei coisas horríveis de outros pacientes enquanto vivia o meu pior momento. Não podia ver metrô pois queria me jogar. Tive falso positivo de gravidez por conta dos remédios. Fui diversas vezes ao hospital e não podiam fazer nada, como eles mesmo falaram "ela é nervosinha" (isso eu apagada na maca). As crises eram fortes, que me deixavam com dor no corpo e me impediam até de andar. Comecei a ter crises do TDC onde eu tinha em qualquer lugar e isso me gerou medo, muito medo. Medo esse que me fez ter receio de sair de casa e me privei do mundo. Me isolei. Fiquei conhecida como "a menina doente" na minha família. Enquanto isso rolava, já não sabia mais o que fazer. Não comia, não dormia, desacreditei de Deus por vários momentos mesmo vivido momentos maravilhosos que só Ele poderia ter me proporcionado. Enquanto tudo isso estava acontecendo, no pico, participei do LPJ onde no último dia eu tive um momento incrível mas, doloroso. Eu estava envergonhada, com medo e ainda com pouca fé. Medicações mudaram, e nada adiantava. Só pioraram as coisas e cada vez mais o pensamento de desistir de tudo era grande, onde cheguei a escrever cartas de despedida e iria fazer pra todos aqueles que me importasse. Eu já tinha tudo planejado. Mas aí começou um novo processo com um novo médico onde tudo está melhorando e orações voltaram a serem feitas. Eu estou aqui porque estou envergonhada, porque estou perdida, porque estou com medo das pessoas que sei que falaram que me vitimizo ou quero apenas atenção. Talvez eu queira atenção, mas quero atenção Dele. Só que não tenho coragem de pedir perdão por ter desacreditado dEle. É tão doloroso você amar tanto alguém que por conta da sua dor você preferiu se afastar. Hoje tenho poucos amigos, ainda estou me readaptando, mas muitos foram embora sem nem dizer o porquê. E eu fiquei sozinha, no fundo do poço. Gritei muito, mas ninguém me escutou. Gritar pedindo socorro e ninguém aparecer, dói, cansa. Hoje estou melhorando aos poucos, estou atrás de várias rotas de fuga para ocupar a mente, mas digo que estou na minha melhor fase comigo. Meu autoconhecimento está cada vez melhor. Mas a única coisa que preciso hoje (sem ser coisa material, pois lá em casa estamos passando uma barra bem pesada em quesito financeiro) é me reencontrar com Cristo. Por minha livre e espontânea vontade. As vezes sinto que preciso falar da minha história às pessoas, mas ao mesmo tempo fico receosa "e se revirarem os olhos e acharem que estou me vitimizando?", mas lembro da sensação que tinha quando eu dava testemunho. Eu me sentia mais próxima dEle do que qualquer outra coisa. Mas preciso pedir perdão por ter deixado Ele de lado e ter dado espaço para a dor.

Transbordei em TextosOnde histórias criam vida. Descubra agora