texto XXIX

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Me perdi no meio da multidão tentando encontrá-los. O que resta fazer? Me achar? Eu não sei, sinceramente, não sei. Minha mente está girando em uma sala completamente escura e vazia. Acho que alguém está dentro da sala, pois, consigo ouvir bem distante um "você é a culpada disso". Confusão. Me perdi no que era real e o que inventei já não faz mais sentido para mim. Não sei se sinto falta do que eu era antes, não lembro da última vez que estava sendo verdadeira comigo. Ah, como sinto falta do meu abraço que me confortava enquanto o mundo desabava. Corro para todos os lados em busca de mim e tudo que encontro são faces e espelhos me criticando. As lágrimas presas imploram por misericórdia da minha alma para poder rolar pelo rosto a fora. Elas precisam ser libertas como pássaros indo ao norte quando o inverno chega. Mamãe está com medo e mesmo falando "estou bem", ela esconde minhas drogas. Não a culpo, faria o mesmo em seu lugar. Não consigo confiar em mim, não consigo dizer que estou bem até porque isso é relativo. Como quero ficar em cima da casa ou no topo de uma montanha, sem meus pensamentos e sem a multidão que me transmite coisas tóxicas, com meu caderno, caneta e poetizar minhas dores. Olhar as constelações do universo e ligar as minhas para purificar um pouco e preencher o vazio. Mas, acordo e o mundo grita para mim. Vou dormir com o mundo gritando que o amanhã acontecerá da mesma forma que o ontem. Droga. Não sou eu quem digo que devemos nos preocupar com o hoje e fazermos valer a pena? Minha vida é tão contraditória quem dirá meus pensamentos. Sou tão jovem, porque estou tão cansada de mim? Talvez não seja cansaço de mim, mas de buscar alguém onde me sinta segura do meu próprio caos.

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