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Eu era a pessoa mais azarada do mundo

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Eu era a pessoa mais azarada do mundo.

Por um instante cheguei a cogitar que talvez a Hope e a Milena ganhassem de mim nesse quesito. Tudo bem que a Hope tinha caído do cavalo e a Milena tenha vomitado, mas quando o Gabriel estacionou na frente de casa, descubro que não.

Já diz o ditado: Nada é tão ruim que não possa piorar.

—Gabigol! — Minha mãe gritou, largando a vassoura no chão pra se aproximar do carro — Quanto tempo você não aparece por aqui!

Eu gemi, soltando o cinto de segurança, Gabriel olhou de lado pra mim, com um sorrisinho escapulindo no canto do lábio enquanto fazia o mesmo que eu.

—Hoje é o dia — Comentou, desligando o carro e abrindo a porta pra descer.

Eu fiquei pra trás, me esticando para pegar a bolsa que tinha levado pra Fazenda. Quando desci e me aproximei, os dois já estavam no maior papo.

—Pois é, não tenho tido tempo — Gabriel estava falando.

—Não quer entrar para tomar um café? — Minha mãe ofereceu.

—Na verdade, tomamos café com meus pais hoje, né? — Me olhou, de maneira divertida.

Será que se eu deixasse o olho dele roxo as pessoas iam perceber? Se bem que do jeito que ele era, ia gostar. Desisti da ideia.

—Ah, é? — Minha mãe olhou pra mim, parecendo ansiosa — Como foi?

Se a senhora soubesse, nem perguntaria.

—Foi... Peculiar, né Alice? — Gabriel falou, em seu usual tom de deboche. Olhei pra ele arqueando uma sobrancelha. Ele queria morrer?

—Como assim peculiar? — Minha mãe perguntou, ainda me encarando.

—É, Alice... Conta pra tia como foi — Gabriel cruzou os braços, ergueu uma das sobrancelhas e passou a língua nos lábios. Uma aposta silenciosa. "Conta pra ela, vai" era o que me dizia com o olhar.

—Você não tá atrasado pro treino? — Tentei mudar de assunto, mas não funcionou.

—Ai filha, não me deixe nervosa. Como foi o café? — Minha mãe perguntou, parecendo uma adolescente de quinze anos quando tinha a oportunidade de ouvir fofoca — Aconteceu alguma coisa? Alguém se machucou? — O Gabriel gargalhou.

—Ninguém se machucou, tia — Me olhou, sorrindo de ladinho. Eu me machuquei, mãe. Eu quase me matei — Eu já disse que você e sua mãe são parecidas? Pois é — Apertou os lábios.

—Conto pra você depois, mãe. O Gabriel tá atrasado, né Gabriel? — O fuzilei com o olhar.

—Verdade. Preciso ir — Ele diz, balançando o corpo sob os pés.

—Convidou ele pro jantar, sexta? — Minha mãe perguntou, fazendo o Gabriel parar no lugar, fiz careta pra minha mãe — Sabia que você ia esquecer! Olha querido — Tocou o braço do Gabriel, cheia das intimidades — O Bryan foi o campeão do circuito de Rally aqui do Rio.

𝐅𝐀𝐍𝐅𝐈𝐐𝐔𝐄𝐈𝐑𝐀 • 𝐆𝐀𝐁𝐈𝐆𝐎𝐋Onde histórias criam vida. Descubra agora