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NARRAÇÃO : GABRIEL 

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NARRAÇÃO : GABRIEL 

(cenas +18)

Minha cabeça estava um turbilhão. 

Eu queria socar alguma coisa. 

Sempre depois dos jogos o meu nível de irritação chegava ao ápice, eu simplesmente não conseguia falar com ninguém e preferia evitar qualquer discussão, era começar e já era. 

Apesar de ter o sangue frio pra algumas coisas, saber que em pleno século XXI ainda existiam pessoas que falavam coisas pra machucar outras me deixava irado. 

A sensação de inutilidade ia me corroer qualquer dia desses. 

A luz da cozinha era a única acesa quando cheguei em casa, Alice tinha a mania de sair apagando tudo, luz, televisão, tirava os carregadores da tomada, o micro-ondas…  Tudo. Medo do caralho de entrar em casa na maior escuridão. Acendi a luz da sala e subi as escadas, indo direto pro quarto. Precisava relaxar pelo menos o suficiente antes de falar com a Alice, tudo que eu menos queria era ter outra discussão com ela. 

—O que tá fazendo? — Perguntei entrando na cozinha depois de ter tomado um belo banho. 

—Alguma coisa pra você comer — Ela respondeu, me olhando de lado e apertando os lábios. 

—Esquece isso — Murmurei, me aproximando dela, parando ao seu lado e desligando a boca do fogão — Você tá me devendo uma — Disse me lembrando da conversa no sofá mais cedo. 

—É sério? Achei que estivesse bravo, o jogo foi uma porcaria — Ergueu a sobrancelha e cruzou os braços. 

Eu a encarei, em silêncio. 

Falar sobre futebol com ela não parecia ser a melhor opção no momento, eu ainda estava de cabeça quente e sabia que ela ficava puta quando assistia aos jogos também.  

—Eu não vou falar sobre o jogo com você — Murmurei, desviando o olhar. 

—Eu sei que você está chateado, eu vi o vídeo do cara te chamando de "macaco" — ela virou, ficando de frente pra mim. 

Era impossível não prestar atenção nessa mulher, o jeito que ela cruzou os braços fez a blusa subir. Uma blusa minha, a minha favorita, aliás. Eu tinha perdido completamente a moral. E o guarda roupa. 

—Então pronto, foi isso — Suspirei — Nós dois e metade do Brasil sabemos que vai ficar por isso mesmo — Apertei os lábios tirando meu olhar de suas coxas e a encarando nos olhos — Não quero falar disso. 

—Porque você nunca fala dos jogos comigo? Você sempre chega e fica na sua, eu queria que você se abrisse, queria ajudar — Falou ela, me encarando de volta. 

—Porque quando eu chego em casa a última coisa que quero é ficar remoendo mais ainda o que aconteceu no jogo, Alice — Suspirei, passando a mão no rosto — Sempre esqueço que você fica puta em dias de jogo também — Abri um sorrisinho de lado — Quer me xingar um pouco? 

𝐅𝐀𝐍𝐅𝐈𝐐𝐔𝐄𝐈𝐑𝐀 • 𝐆𝐀𝐁𝐈𝐆𝐎𝐋Onde histórias criam vida. Descubra agora