NARRAÇÃO : GABRIEL
Meu maior sonho sempre foi ser pai.
Sempre quis formar uma família. Pode até parecer clichê, mas era a verdade.
Não ia falar isso pra Alice, não agora.
Ela estava trancada dentro do banheiro fazendo o tal do teste e me peguei pesando que se por acaso o teste desse positivo, eu iria comemorar, mas ela...
Não era o momento certo, eu sabia disso e ela sabia disso. Qualquer um saberia.
A vida dela estava conturbada e eu não estava sabendo lidar com isso muito bem, não sabia o que dizer ou o que fazer pra tentar vê-la melhor.
Então eu só sentei na beirada da cama e esperei, o coração aos saltos, a cena toda se repetindo em minha frente.
Tinha medo de perguntar pra ela o que perguntei pra Rafaella e escutar a mesma resposta.
Eram duas pessoas diferentes e pelo que eu conhecia da Alice, ela não teria coragem de fazer um aborto, mas... E se tivesse coragem também? Eu não imaginava que a Rafaella fosse mesmo fazer, ela dizia que era o sonho dela tanto quanto era o meu.
Mas não perguntei. E nem vou.
A porta do banheiro abriu e ela saiu de lá segurando o teste.
Ela tinha emagrecido, percebi. E os olhos estavam inchados, provavelmente tinha chorado muito em casa antes de entrar no meu carro. Observei ela sentar ao meu lado na cama, olhando pro teste.
—O que aconteceu na sua casa? — Perguntei, ela ficou em silêncio por um tempo. Talvez não tenha sido a coisa certa a se perguntar.
—Se isso aqui der positivo... — Ela engoliu em seco — Você vai achar que tô te dando o golpe da barriga?
—Que?! — Quase gritei — Tá maluca? — Ele me encarou e sustentou meu olhar — Sério, Alice — Suspirei — Eu não sei o que faço com você. Golpe da barriga? — Soltei uma risada.
—Se parar pra pensar, seria perfeito. Eu tô desempregada, fui embora de casa... — Contou nos dedos — Uma pensão ia ser ótimo.
Eu gargalhei, tinha que rir mesmo.
—Se você estivesse me dando o golpe da barriga não estaria aqui toda preocupada segurando o teste na mão — Ergui uma sobrancelha, uma onda de raiva me atingindo quando entendi o porquê dela estar falando aquilo — Qual foi dos seus irmãos que tocou nesse assunto?
—Esquece, não foi nada — Ela murmurou.
—Com quanto tempo dá pra ver o resultado? — Perguntei apontando os lábios e apontando para o teste com o queixo.
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𝐅𝐀𝐍𝐅𝐈𝐐𝐔𝐄𝐈𝐑𝐀 • 𝐆𝐀𝐁𝐈𝐆𝐎𝐋
RomanceAlice Bueno escreve fanfics. Pois é, aos 23 anos e formada em Letras, ela sonha como qualquer outra garota, a diferença é que bota tudo pra fora em forma de histórias fantasiosas. Mas o que acontece quando sua maior inspiração está parada em sua fre...