Capítulo 9

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Mel ~👠

-O que você acha de Justa Causa?-Pergunto observando ela.

-Miau.-Ela é puro descaso comigo.

-Eu acho um bom nome temporário, vem cá justa causa, piss-piss-piss...-A gatinha ignora e caminha arrogantemente para o sofá que estava no lado oposto.-Humpf, eu não queria papo mesmo.

Em menos de 24 horas morando com ela, aparentemente eu quem era a intrusa na minha própria casa, o sofá era todinho dela, ela ignorou completamente a caixa com um cobertor que eu coloquei para ser sua cama, sua ração? Preferia os restos de comida. Nunca vi uma gata mais cheia de vontade que ela.

-Vamos lá, eu tenho que ir trabalhar, por favor, tente não fazer sujeira na casa.-Falo colocando sua caixa de terra e mostrando para ela, além de encher até a borda seu prato com ração e colocar outro com água.-E não fuja, as pessoas lá fora não são confiáveis.

-Miau.-Vira de costa, não sei porque me dava ao trabalho.

Descobri tarde de mais que fazer justiça ali naquela cidade era um ato de injustiça, as pessoas me olhavam mais torto que das outras vezes, como se isso fosse possível, eu já estava acostumada, pelo menos não havia feito nada de errado, eu não tenho culpa, os costumes dali podiam ser diferentes, mas as leis eram as mesma para todo o país e jamais, jamais, em hipótese alguma um animal seria preso por fazer barulho, sendo que mesmo preso ele poderia continuar fazendo barulho e iria atrapalhar outras pessoas.

-Boom diia, Mel.-Eu andava perdida em meus pensamentos altruístas quando a Leo chama minha atenção do outro lado da praça.

-Oi Leo, desculpa não tinha te visto.-Me desculpo com um sorriso nos lábios, Leo parecia a única que não estava me julgando, porque até a Justa Causa às vezes parava e ficava me olhando com os olhos semicerrados.

-Pensamento longe?-Ela sugere com um sorriso de lado que não consigo decifrar.

-Hã?-Talvez eu estivesse me precipitando, a Leo era mesmo uma pessoa do meu lado?

-Mel, você tem alguém para quem voltar, quando o estágio aqui acabar?-Ela pergunta virando rapidamente para mim e começando a andar de costas estudando minhas expressões. Eu estava muito surpresa, não esperava essa pergunta do nada.-Não se espante, apenas quero te conhecer melhor, deixe-me reformular a pergunta, você tem namorado?

-Não.-Quase caio na gargalhada, esse era o caminho mais longo para ela tentar me conhecer.

-Namorada?-Insiste ela, com uma sobrancelha erguida não acreditando.

-Não também.-Dessa vez o riso escapa pelos meus lábios.

-Algum relacionamento complicado? Um término não superado? Um amor não correspondido? Um ex que fica no seu pé?-Ela realmente insistiria naquele assunto.

-Estamos chegando.-Falo quando estamos no final da praça que termina em frente ao fórum, Leo me olha fazendo bico e sorrio alcançando seu braço.-A resposta é não para todas as perguntas, as pessoas para quem eu quero, a todo instante, voltar, é para a minha família.-Talvez eu fosse mesmo uma filhinha de papai como a Margô sugeriu, mas no bom sentido da coisa, eu sentia falta da mamãe a cada respiração minha, éramos unha e carne e esses dias longe dela estavam menos colorido, sinto as lágrimas ardendo no canto dos meus olhos e trato de mandar elas pra longe.

-Não esperava por isso, mas estou contente com a resposta.-Fala piscando um olho parecendo satisfeita.-Bom trabalho, Mel.

-Bom trabalho para você também.-Falo caminhando para a sala da morte, como será que estava o humor do meu carrasco hoje?

Doce Destino - Em Andamento Onde histórias criam vida. Descubra agora