Capítulo 16

697 90 11
                                    

Mel

-Não acredito que é você de novo!-Ele me olha incrédulo.-Você acha que eu trabalho em algum tipo de ONG?-Ele parecia realmente furioso enquanto subia as escadas em minha direção, meu coração se enche de culpa e o cachorrinho em meus braços resmunga. Olho para ele, salvar uma vida sempre era o certo, encaro de volta o veterinário.

-Ele iria morrer se eu o deixasse lá-Aponto sabendo que era a verdade.-Eu não tenho culpa se os cidadãos daqui maltratam tanto os animais e de alguma forma eu acabo encontrando com eles e esse em especial era minha responsabilidade.

O cachorrinho resmungou de dor no meu colo e o veterinário pareceu se compadecer pela dor do animal, porque imediatamente tira ele dos meus braços e corre para dentro da fazenda, fico na escadaria vendo eles sumirem da minha vista.

Estava claro que eu não era bem vinda aqui, então me sento na grande escadaria da casa e apoiei meu queixo em meus joelhos, meus pés já reclamava por ter andado um longo caminho em um fino salto de 10cm, tiro os scarpins e suspiro aliviada com o vento frio batendo em meus pés, bolhas de sangue estampavam meus calcanhares e dedos. Inferno! Essa cidade é o fim do mundo, Eu falei pra gente escolher outro canto, mas não, você queria vir pra cá, como é mesmo? Intuição! Isso, você disse que era sua intuição pedindo para você vim-Cala a boca. Eu ainda teria que voltar machucando mais ainda meus pés, talvez eu conseguisse uma carona! Isso, acho que vi papai Noel passando com seu trenó puxado pelas renas.-Vá pro seu cantinho, vá. Que tipo de fim de mundo é esse, onde os taxistas se recusam andar com um animalzinho indefeso de passageiro? Bufo frustrada. Não esqueça que o cãozinho foi um presente para você. O cara era um psicopata, deixo para me preocupar com isso depois de confirmar que o animal estava bem, porque aí sim o cara que fez isso deveria se preocupar porque eu o caçaria até no inferno, ele nem pense que me intimida com isso.

Fico ali pelo que me parece uma eternidade, eu precisava ir embora antes que o sol cedesse o seu lugar para lua, ele precisa mesmo de tanto tempo para examinar um cãozinho daquele tamanho? Faz diferença o tamanho do animal se tem que fazer os mesmos exames?-É, tens razão, os exames seriam o mesmo independente do tamanho. Agora eu falo com vozes na minha cabeça, que insensatez. Imagino que não vá demorar muito mais e começo a me preparar mentalmente para colocar os scarpins de volta em meus pés.

-Ai!-Reclamo quando uma bolha entra em contato com o sapato.-Por favor, aguente mais um pouco, prometo deixar vocês por uma hora dentro da bacia cheia de água morna, o que acha?-Tento amenizar a dor mordendo os lábios, mas as lágrimas chegam aos meus olhos quando coloco finalmente um scarpin no pé.

-O que você está fazendo?-Benício chega na surdina me assustando, fico de pé rapidamente, esquecendo totalmente que estava com um pé calçado e outro não, então tudo acontece em slow motion, meu pé calçado escorrega para o degrau de baixo e acaba me desequilibrando, agitei meus braços no ar em busca de estabilidade e acabei agarrando em um dos lados do jaleco branco do veterinário, que girou escapando da minha mão de forma que acabei caindo de bunda na calçada, com um veterinário me olhando furioso com um pé no degrau de baixo e um pé no degrau de cima se estabilizando. A culpa é dele, quem manda chegar na ponta dos pés?-concordo! Se isso fosse em um dos meus romances é claro que o mocinho seguraria a mocinha no braço e ia amparar ela, ou em uma outra versão ele giraria no ar de forma que ele caísse no chão e ela cairia por cima dele, mas estamos bem longe de um romance, ainda mais com esse neandertal.

-Ai!-Minha bunda e meu osso em cima do quadril lateja, meus pés pareciam os únicos sem reclamar de dor, olho para ele e noto que o scarpin acabou escapulindo do pé e se encontrava agora no final da escadaria.-Tanto trabalho que deu para mim calçar!-Choramingo.

Doce Destino - Em Andamento Onde histórias criam vida. Descubra agora