Capítulo 2

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Mel~👠

-Eu vou conversar com eles, porque não manda alguém com menos experiência? Porque não abre outra seleção para encontrar um estagiário? Isso é inadmissível, como eles mandam alguém que já está lá a dois anos!.-Papai esbravejava pela casa enquanto meu cérebro ainda gritava Nárnia, Nárnia, Nárnia.-Está me ouvindo Mel?- As palavras que eu gritei anteriormente para o Gabriel ficavam me assombrando.

-Sim, papai.-Mas não estava, assim como mais cedo quando o procurador me deu a notícia, nem ouvi nada depois, tudo que eu queria fazer era gritar e xingar o Gabriel, era tudo culpa dele, eu disse que o queria mais longe possível, mas ele quem deveria se locomover não eu. Se eu me negasse a cumprir essa ordem eu nunca conseguiria seguir para o juizado, se eu pedisse para alguém da minha família conversar com eles eu só provaria o ponto do Gabriel, que eu estava em um lugar privilegiado.-Que inferno!

-Vamos, eu vou com você.-Ele fala me chamando com a mão.

-Calma querido.-Mamãe tenta amenizar.-Mel o que você pretende fazer?

-Ainda não sei.-Encolho meus ombros e pego o tablet em cima da mesa de centro.

Jogo no google o nome da cidade que vou talvez atuar, Vai representar o que lá? As árvores? O município não tem mais de 800 habitantes, isso era algum tipo de castigo? Qual era o crime aqui? Sua vaca comeu da minha grama. Sua galinha pôs no meu galinheiro. Bufo frustrada, porque isso tinha que acontecer comigo? Eu já estava perto de acabar, porque não mantive minha boca calada, isso tudo por causa de um pequeno soco? porque eles mandariam uma estagiária para lá? Eu não quero ir.

Estava fácil demais né? Eu fiquei de dar a resposta amanhã ao procurador, mas eu meio que não tinha opção, talvez se eu falasse com o Gabriel, Não, não, você não está pensando em se submeter a isso, está? Ixi, não.

-Droga.

A cidade ficava a mais de 800 km daqui, levaria umas 13 horas para chegar lá de carro, não havia aeroporto, nem heliporto, só tinha na cidade vizinha que ficava a uns 260 km de lá, ou seja umas 4 horas de carro e eu nem sei dirigir!

Lá era virando a esquina de onde Judas perdeu as botas, LITERALMENTE.

Será que pegava internet? Se bem que não tinha como essas informações chegarem aqui se lá não tivesse internet, Palmas esse é o pensamento digno de uma promotora! Pelo menos eu não precisaria me locomover de carro, Isso seria um benefício, mas estaria longe de todo mundo, Isso era tenso. O que vou fazer? Se demitir e voltar a ser bailarina.

-Quando tem que dar a resposta?-Papai pergunta claramente mais calmo, olho para eles.

-Amanhã, e devo ter pelo menos um mês para ir caso essa seja a resposta.-É o que eu espero.

-Tudo bem, apoiaremos qualquer que seja a sua decisão.-Mamãe fala mais preocupada do que tentava demonstrar. Subo para o meu quarto, minha cabeça estava a mil, me jogo na cama e me levanto de repente, não era aqui que eu conseguiria respostas, vou para meu estúdio.

Ajudei a papai a arrumar aqui, o estúdio basicamente era um quarto, com duas paredes de vidro mostrando lá fora, as outras duas tem espelhos que vão do chão ao teto, uma barra que já foi elevada diversas vezes conforme eu crescia ficava ao lado de uma parede espelhada, coloco minha playlist no aleatório e vou para o centro do estúdio me preparando para ouvir os primeiros acordes da música, um arrepio me percorre quando The Lumineers começa a cantar Sleep On The Floor.

-Sério?-Pergunto inutilmente ao céu, deixo a canção me guiar e começo a dançar, quando a música acaba eu já tenho a resposta. Eu não posso desistir no meu primeiro obstáculo, se eu desistir agora eu realmente não mereço ser uma juíza, eu tenho que traçar meu caminho, tenho que provar que cheguei até aqui sozinha.

Doce Destino - Em Andamento Onde histórias criam vida. Descubra agora