Capítulo Dois

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     Todas as portas pelas quais passávamos eram abertas automaticamente quando a segurança que nos guiava dizia algo em seu rádio, em seguida eram fechadas. Eu tentava reparar cada ambiente que estávamos passando, mas minha mente parecia não conseguir assimilar.

     Notei quando passamos em frente à um lugar que provavelmente era o refeitório, pois haviam várias mesas grandes com bancos em cada lado. Já era a noite e eu sabia que cada prisioneira já estaria em sua cela esse horário, foi mais um planejamento que fizemos, seria melhor não chamar atenção por enquanto e a noite era o melhor horário para chegar.

     Havia pouco barulho e pouca iluminação, quando atravessamos mais um portão, percebi que entramos na parte onde estavam as celas. Era um grande presídio e existiam quatro alas, o meu alvo estava na ala A, então eu também ficaria nela.

     As mulheres à minha frente pareciam tão perdidas quanto eu, não pareciam querer falar nada e eu não consegui olhar o rosto de cada uma para tentar memorizar.

     Começamos passando pela ala D, em frente à uma das celas a fila parou.

–Número três, essa é sua cela. – A segurança falou no rádio e a porta da cela abriu.

     A terceira da fila, uma mulher baixinha entrou na cela, sem dizer nada e continuamos a caminhada, indo para a ala C e parando em frente a mais uma cela.

–Número dois e quatro, vocês duas aqui.

     O mesmo processo continuou até chegarmos na ala A, não havia mais ninguém atrás da segurança além de mim. Paramos em frente à uma cela. Só por ser a ala A já dava-se para perceber uma diferença das outras, parecia mais calmo, mais organizado e nisso eu fiquei um pouco mais confortável em saber.

–Boa sorte, Diana. – A segurança falou pra mim e disse algo no rádio. A porta da cela se abriu e eu entrei.

     Eu sabia que dividiria a cela com uma mulher chamada Rebeca, era uma das amigas de Savoia, o que poderia ou não me ajudar na aproximação com ela. Sabia também que Rebeca era uma das mais próximas de Savoia que não havia matado ninguém, presa apenas por furto.

     A cela já estava escura, apenas iluminada com as luzes vindas da janela, outra regalia da ala A, haviam janelas em todas as celas, banheiro privativo e camas separadas, não beliches.

     Uma das camas estava abaixo da janela e Rebeca estava deitada, de olhos abertos, lendo um livro com uma mini lanterna na boca. Coloquei minhas poucas coisas em cima da outra cama e fiquei em silêncio.

     Rebeca pareceu perceber e se levantou de uma vez, tirando a lanterna da boca e mirando em meu rosto.

–Quem é você? – Ok, não foi tão rude quanto esperei, só desconfiada.

–Meu nome é Diana.

–Rebeca, prazer. – Ela estendeu a mão e eu apertei amistosamente. – Não me falaram que eu teria companhia no quarto.

–Não me falaram que eu seria presa e cá estou eu.

     Rebeca riu.

–Faz sentido. – Ela colocou a lanterna na cama, deixando-a ligada, dando um pouco de iluminação. Me perguntei porque o abajur ao lado de sua cama não estava ligado. Rebeca olhou pra onde eu olhava. – Nós não podemos ficar com luzes acesas depois da meia noite.

–Entendi.

     Rebeca era uma mulher de trinta anos e havia sido presa após roubar uma joalheria quatro anos atrás. Na época, em entrevistas, ela havia dito que precisava do dinheiro para ajudar no tratamento de seu irmão, que acabou falecendo um ano depois.

A Incógnita Savoia (PRÉVIA)Onde histórias criam vida. Descubra agora