Capítulo Treze

2.1K 216 46
                                    

Oi gente, vim com mais um capítulo e queria agradecer novamente quem está acompanhando, espero que continuem por aqui dando suas opiniões.



Eu estava distraída durante o almoço. Mil coisas passavam na minha cabeça e eu ignorava enquanto as mulheres conversavam na mesa.

Em um certo momento que eu não tinha percebido, Muralha e suas colegas se aproximaram da mesa, fazendo com que todos ficassem em silêncio.

Ao terminar o almoço, fui para minha cela, precisava pensar no que faria. No meio do caminho, Savoia me alcançou e veio caminhar ao meu lado.

–Eu disse que você estava fugindo.

–E eu disse que não estava.

–Pra mim isso parece fugir.

–Preciso só de um tem...

Antes que eu terminasse de concluir a frase, uma mulher que eu nunca tinha visto se aproximou rapidamente e empurrou Savoia, ao menos é o que eu vi. Da mesma forma como se aproximou rápido, também sumiu.

–Inferno! – Savoia continuava parada no mesmo lugar, com a mão sobre a lateral da barriga. – Figlio di puttana.

Ela retirou a mão da barriga e um pouco de sangue escorria ali, olhei direito e vi que seu uniforme já estava manchado com o líquido vermelho.

Questo bastardo mi ha tagliato. – Ela se encostou na parede próxima.

–Meu Deus! Temos que ir para a enfermaria. – Falei nervosa.

–Não temos, só me ajude ir até minha cela e cuide para que ninguém me veja assim.

–Savoia, você está sangrando, nós vamos para a enfermaria. – Comecei a puxá-la em direção contrária de onde ficava sua cela e ela me segurou para não continuar.

–Por um momento, escute. Quer que eu continue sangrando até desmaiar ou vai me ajudar a ir até a cela? Porque na enfermaria nós não vamos. – Ela disse e eu suspirei derrotada.

–Ok, vamos.

Enquanto caminhamos pelos corredores em direção à sua cela, uma de suas mãos apoiava em meu ombro e a outra segurava sua barriga para que ninguém visse que estava sangrando.

Depois que subimos as escadas, percebi que ela estava perdendo um pouco as forças, respirava com rapidez e começava a suar, porém não falei sobre a ideia de levá-la na enfermaria novamente, o que seria mais sensato pra ferida que sangrava sob a roupa.

Já dentro da cela, Savoia se sentou em sua cama e fez menção de levantar o uniforme para ver a ferida melhor, porém me adiantei e tomei partido pra fazer isso antes. Eu havia tido aulas de primeiros socorros na polícia, acreditava que podia dar um jeito nisso.

–Me deixe ajudar já que não quer ir na enfermaria. – Ela não respondeu, mas permitiu que eu me aproximasse.

Levantei sua camisa com cuidado e analisei o ferimento. Não estava muito fundo, por sorte, mas estava sangrando bastante por ter sido um corte grande.

–Preciso de algo para limpar, esterilizar e fechar.

–Ali em cima da mesa. – Ela suava bastante, havia muito sangue e se alguém visse agora, não teria como esconder. Sua camisa, sua calça estava toda suja de sangue.

Me apressei em procurar as coisas necessárias. Talvez ela já estivesse acostumada com esse tipo de evento, porque tinha tudo que precisava ali. Álcool, panos limpos, gases. As mesmas coisas com o qual Rebeca tinha me ajudado ontem.

Voltei novamente para sua frente e me abaixei para limpar o ferimento, que continuava a escorrer sangue.

–Isso vai arder. – Falei jogando bastante álcool em um dos panos limpos.

Ela agarrou forte a cama quando coloquei o pano encharcado de álcool na ferida. Fiz pressão e segurei por um tempo o pano ali, para que diminuísse um pouco o fluxo de sangue.

Enquanto fazia pressão no corte, vi que ela estava de olhos fechados e a respiração continuava apressada.

–Seria melhor que ficasse de olhos abertos.

–Estou acordada, cara.

Alguns minutos depois, retirei o pano e peguei outro, indo até o chuveiro e molhando com água. Limpei a região da ferida, que agora tinha parado de sangrar. Com a gaze, tampei o ferimento e me levantei. Ela permanecia em silêncio, de olhos fechados.

–Seria bom trocar de roupa.

–Me dê um minuto. – Respondeu baixinho. Pela forma como seus olhos estavam fechados com força, as sobrancelhas franzidas, imaginei que ela estivesse ou com raiva ou com dor, apesar de tentar transparecer que não.

–Eu vou indo... – Não sabia se ficar seria o melhor.

–Espere. – A mulher se levantou de uma vez e vi que ficou tonta, me aproximei e segurei seus braços, forçando-a a sentar novamente.

–Fique quieta aí.

Grazie. – Sua voz saiu tão baixa que mal consegui escutar. Não precisava saber italiano para entender que ela estava agradecendo.

–Ainda acho que na enfermaria isso seria tratado de forma melhor, vai saber o que aquela mulher usou para te cortar. E se estiver enferrujado, pode causar uma infecção.

–Você usou meu álcool quase todo, sabe como é difícil conseguir isso aqui dentro? – Savoia teve a audácia de dizer. – Com certeza vou ficar bem.

–Melhor descansar então.

–Venha aqui. – Ela falou e me aproximei. – Sente-se.

Fiz o que ela pediu, sentei ao seu lado e esperei que falasse alguma coisa. Num primeiro momento achei que fosse continuar calada, apenas me observando.

–Você vai ser transferida, mia cara. – Eu não tinha certeza do significado daquelas palavras, mas a impressão é que era o jeito dela de ser afável. – Você tem até amanhã para resolver se vai ou não confiar em mim.

–Eu não sei o que você espera.

–Claro que sabe. – A mão dela tirou uma mecha de cabelo minha da frente do meu rosto e colocou atrás da orelha.

–Até amanhã, Savoia.

–Carina. – Sussurrou.

–Carina? – Repeti e ela fechou os olhos, concordando com a cabeça.

–Sim. Ficaria feliz se não espalhasse isso por aí. Um gesto de confiança.

Sim, aquele era um gesto de confiança, para ela talvez fosse tudo, uma informação de extrema importância. Pode parecer burrice da polícia, trabalho mal feito, mas nenhum dos arquivos de Savoia diziam e mencionaram seu primeiro nome. Não havia registros nenhum sobre isso. Em todos os arquivos apenas o nome Savoia era mencionado e a polícia não fazia mais questão de procurar por seu nome e imaginaram que nem existia um.

–Tente não se meter em confusões. – Falei o que ela tinha dito pra mim em outro momento. – Até amanhã.



Traduções:

Grazie: Obrigada

Mia cara: Minha querida

Questo bastardo mi ha tagliato: Essa desgraçada me cortou

Figlio di puttana: Filha da puta

A Incógnita Savoia (PRÉVIA)Onde histórias criam vida. Descubra agora