Capítulo Dezenove

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Oii gente, desculpa a demora, mas tá aí o capítulo dezenove. Espero que gostem e comentem o que acharam.



Acordei com o som da voz de Savoia, que tentava falar baixo, mas a cela não era tão grande assim.

Sto cercando di sistemare tutto il prima possibile. – Estava de pé encostada na parede de costas pra mim e com um celular na mão, encostado no ouvido. – Sii paziente... devo sganciare.

Quando ela desligou, virou pra mim e viu que eu estava acordada.

–Ainda bem que você não entendeu nada do que eu falei, não é? – Ela perguntou.

–Como você tem um celular? Não é proibido?

–Sim, é. – Savoia abaixou perto da parte debaixo da cama onde dormia e imaginei que estava escondendo o celular novamente. – Por acaso vai me denunciar?

–Não, não quero me meter nisso. – Respondi.

A verdade é que eu não queria me meter em mais nada que não fosse necessário. Tudo parecia gerar problemas, estresse.

–Você acorda sempre cedo assim? – Ela perguntou e me levantei da cama, descendo em seguida.

–Aqui, sim. Muita ansiedade.

–Eu já tomei banho, daqui a pouco começa o café da manhã, vou te dar privacidade.

Me surpreendi pela atitude, privacidade era tudo que eu queria e precisava. E tomar um banho com a certeza de que ninguém estaria me observando era um alívio. Nada seria tão bom quanto estar na minha própria casa, mas me contentaria com esse pouco.

E assim que tocou o alarme e as celas foram abertas, Savoia saiu, me deixando sozinha. Aproveitei para tomar um banho mais demorado e o melhor de tudo era que a água estava quente. Esse tipo de regalia era injusto com as outras detentas que eram obrigadas a tomarem banho e usar o mesmo banheiro, sem privacidade nenhuma e água fria? Sim, mas era algo quase fora de controle. Na minha percepção isso mantinha uma certa "ordem" na prisão, querendo ou não. Tinha outros meios de colocar ordem, claro, mas essa era a que menos causava dor de cabeça e tempo.

O dia passou e não tive nenhuma notícia de Walter ou de qualquer pessoa que pudesse me dar alguma informação sobre o que seria feito. Savoia também estava sumida e não havia me dito mais nada.

Passei a tarde toda dentro da cela, tinha escolhido um dos livros de Savoia para ver se conseguia me distrair, mas com tanta coisa passando na minha cabeça, a concentração não vinha de forma nenhuma.

Acredito que eram quase seis horas da tarde quando ouvi alguém entrando na cela. Não, não era só uma pessoa, eram três. Na mesma hora fiquei nervosa. Era Muralha e suas duas amigas que eu nunca lembrava o nome. A líder vinha na frente, com as duas atrás e entrou sem aviso. No mesmo momento me levantei da cadeira e dei alguns passos para trás enquanto se aproximavam. Nesse horário, os corredores próximos às celas estavam vazios, porque a maioria estavam ou no pátio esperando o jantar ou no banheiro.

–Não foi uma boa ideia mexer comigo, princesa. – Muralha falou com sua voz grossa.

–Acho melhor vocês saírem. – Falei.

–Sua amiga italiana não está por perto agora. – Ela disse e deu mais alguns passos à frente, me prendendo entre a parede e ela.

Assim que ela disse isso, suas duas amigas se aproximaram também e cada uma segurou um dos meus braços antes que eu tivesse qualquer reação.

–Você vai se arrepender de ter feito aquilo, princesa... eu até nutria um certo carinho por você, mas esse é meu jeito de mostrar quem manda por aqui.

Depois disso, não consegui enxergar muito mais coisas. Muralha começou a me dar vários socos, que alternavam entre meu rosto e minha barriga e por mais que eu me esforçasse para soltar o braço das duas mulheres que me seguravam, eu não conseguia. Num certo momento ela parou e eu já não via mais nada, mas sabia que estava caída no chão. Percebi de relance que as três se afastaram quando alguém entrou na cela... imaginei que era Savoia, pois escutei algumas palavras em italiano serem proferidas.

–Diana? Consegue me ouvir? – Acho que senti sua mão em meu rosto, tentando levantar para que eu a encarasse e tentei balançar a cabeça em concordância, mas não tive certeza se consegui. – Eu vou matar aquela, miserabile.

–Carina. – Chamei com dificuldade quando a vi levantar para sair da cela.

Savoia parou e se voltou para mim, abaixando em minha frente novamente. Minha visão estava ficando cada vez mais escura e eu conseguia sentir o gosto metálico do sangue em minha boca.

–Estou aqui, cuore. – Ela falou e sentou no chão perto de mim, acomodando meu corpo no seu. – Ei você! Chame uma enfermeira ou qualquer pessoa aqui, rápido.

Ela estava falando com quem? Minhas forças de continuar de olhos abertos estavam indo embora e um sono grande bateu.

–Não durma, Diana. – Savoia disse perto do meu ouvido e eu queria obedecer, queria continuar acordada, mas simplesmente não consegui.

Acordei deitada em uma maca, uma enorme dor de cabeça bateu assim que abri os olhos. Olhei ao redor, tentando identificar onde estava e reconheci a enfermaria do presídio. Não sei se era um alívio ou não, mas o fato era que minha cabeça estava prestes a explodir e o sono quase veio de novo, mas vi uma figura de cabelos longos e pretos se aproximando.

–Você acordou. – Savoia disse quando parou ao lado da maca e sentou numa cadeira.

Abri a boca para responder, mas a voz não saiu. A mulher ao meu lado pegou um copo de água e colocou na minha boca para que eu bebesse e um alívio correu por todo meu corpo quando engoli o líquido.

–O que aconteceu? – Perguntei.

–Eu não estava lá, isso que aconteceu. – Respondeu e notei sua cara de decepção, não sei se era comigo ou com si mesma.

–Bom, não é culpa sua.

Fiz um esforço para levantar o corpo, mas meu corpo inteiro doeu, principalmente a área do tórax. Ah, eu lembrava, Muralha tinha dado tantos socos que eu estava surpresa de estar acordada agora.

–Fique deitada. Não se passou nem um dia e você já quer levantar? – Savoia repreendeu.

–Não posso ficar aqui assim.

–Não só não pode, como não vai. – Ela deu um sorriso fraco, parecia triste. – Eu disse que não ia deixar nada de ruim acontecer com você e parece que começamos bem mal.

–E o que vamos fazer... – Comecei a perguntar, mas o sono novamente veio com tanta força que não consegui terminar a frase. Olhei para onde Savoia encarava e vi que o soro estava pingando bem rapidamente, provavelmente tinha algum remédio ali que dava sono.

–Durma bem, cuore.



Traduções:

Sto cercando di sistemare tutto il prima possibile: Estou tentando resolver isso o mais rápido possível

Sii paziente... devo sganciare:  Seja paciente... preciso desligar

Miserabile: miserável/desgraçada

Cuore: coração



A Incógnita Savoia (PRÉVIA)Onde histórias criam vida. Descubra agora