Oi gente, vim novamente trazendo mais um capítulo essa semana. Consegui render bastante e quis postar logo pra vocês verem mais interação de Savoia. Deem suas opiniões quando terminarem o capítulo.
–Recebendo visitas no segundo dia? Deixa eu adivinhar. Pais? Irmãos? Namorado? – Encarei-a, sem responder. – Namorado? Não acredito.
Ontem parecia me odiar e hoje está falando comigo como se fosse minha amiga. Definitivamente essa mulher é uma incógnita.
Ela deu um sorriso, suas mãos jogavam a maçã de uma para a outra.
–Você não se encaixa aqui. O que fez?
–Roubo de carro.
–Se está na ala A, ou é metida com algo ou formada.
–Por que quer saber? – Perguntei.
–Porque eu gosto de saber quem são as pessoas próximas a mim ou as minhas colegas. – Deixou a maçã em cima da mesa e encostou os dedos em uma mecha de cabelo minha. – E porque Muralha parece ter muito interesse em você e gosto de irritar aquela, scema.
–Sou formada em psicologia. – O que era verdade. Ela se afastou um pouco.
–E por que estava roubando carros?
Savoia estava me analisando, estudando, tentando saber se eu estava mentindo ou que tipo de pessoa eu era.
–Cometi um erro.
–Detalhes, cara.
Não respondi. Eu havia estudado a história várias vezes para não errar, mas não queria parecer robótica narrando como se estivesse lendo.
–Até agora estou sendo boa com você, mas não teste minha paciência, já te avisei isso. – Sua voz saiu ríspida.
–Depende do que você quer dizer com boa. – Falei e a encarei, notando que não havia gostado do comentário, suas sobrancelhas estavam franzidas. – É uma brincadeira.
Tentava procurar uma forma que a faria quem sabe gostar mais de mim, mas eu não conseguia ler nada nela, nenhum indício de qualquer coisa.
–Não estou para brincadeiras.
O alarme soou, indicando o fim do café da manhã. Fiz menção de me levantar e sua mão segurou meu braço.
–Não terminamos de conversar. Mas continuaremos em outro momento.
–Claro. – Respondi sem muita convicção.
Fui para a lavanderia onde eu trabalhava e comecei a fazer o que precisava. Um novo plano já estava na minha cabeça, eram dois caminhos arriscados que eu poderia tomar, mas quem sabe funcionasse.
Eva, a mulher que eu havia conhecido ontem aqui na lavanderia trabalhava do meu lado, alguns momentos falava comigo, outros permanecia em silêncio e outros conversava baixinho com outras detentas. Ela era um pouco mais velha e parecia ter certo respeito entre as outras ali dentro.
–Inferno. – Ouvi ela sussurrar.
–O que foi? – Perguntei.
–Lembra quando falei ontem que uma maluca trabalha aí? Ela acabou de entrar.
Naquele momento eu tive certeza que coincidências realmente existiam, porque ninguém menos que Savoia estava parada na entrada e não parecia nada satisfeita.
–Stai scherzando. – Seu italiano saiu baixo. Ela veio próximo a onde eu estava, mas não me olhou, seu olhar estava fixado em Eva ao meu lado. – O que significa isso?
–Você não vem trabalhar, cedi seu lugar à outra pessoa. – Eva falou com o queixo erguido.
Savoia estava enfurecida, pelo seu olhar dava pra identificar isso. Não havia necessidade nenhuma, mas lá estava ela brava novamente com outra pessoa por possivelmente minha causa.
–Por causa disso, você vai trabalhar sozinha hoje. As outras detentas aqui dentro não vão mover um músculo pra te ajudar e caso ajudem, tratarão direto comigo e não estou num bom dia hoje.
–Ela não fez nada de errado, era o lugar que estava disponível e eu vim trabalhar aqui. – Me intrometi.
Savoia não me olhou, ignorou totalmente o que eu havia dito. Havia um balde com água suja no canto atrás de Eva, Savoia caminhou até lá, pegou algumas roupas já limpas na pilha ao lado e jogou tudo lá dentro. Por que de repente ela parecia outra pessoa e estava fazendo um absurdo desse?
–O recado está dado. Você! – Ela falou apontando para uma garota que observava tudo meio assustada. – Se ver alguém ajudando essa senhora, me procure e guarde bem o nome dessa pessoa na sua cabeça. Se eu souber que alguém ajudou e você não reportou, toda a consequência cairá em você. – A garota apenas concordou com a cabeça.
Eva estava em silêncio, mas eu senti que ela exalava raiva, ódio de estar sendo humilhada dessa forma no local onde era tão respeitada pelas outras. Eu observava tudo completamente indignada. Não parecia a mulher que tinha conversado minutos atrás comigo.
–Nós não podemos ficar à toa, se alguma guarda nos ver, levaremos advertência. – Uma mulher que eu não conhecia falou, atraindo a atenção da italiana.
–Pouco me importa, finjam ou qualquer coisa. – Ela disse e se virou, indo embora e deixando um silêncio enorme na lavanderia.
Ninguém se moveu, apenas Eva, que começou a retirar as roupas limpas do balde de água suja. Resolvi ajudá-la, não era justo que ela fizesse tudo sozinha e Savoia não me intimidava.
–Você não pode ajudar. – A garota que tinha ficado incubida de vigiar falou pra mim de longe. – Se não vou ter que falar seu nome pra ela.
–Pode falar, não se preocupe.
Trabalhei e ajudei Eva o máximo que eu pude, o trabalho estava mais do que o dobro então estava difícil, as roupas molhadas eram extremamente pesadas e pareciam não acabar. As outras mulheres permaneciam ali reunidas e algumas conversavam entre si, porém ninguém fazia nada. Algumas delas chegavam perto de Eva e sussurravam coisas em seu ouvido, que apenas movia a cabeça concordando ou não.
Num certo momento me aproximei dela.
–Me desculpe por isso, acho que você está pagando algo por minha culpa.
–Não se preocupe, menina. Aquela mulher acha que é a dona dessa prisão, ela vai me pagar por isso. – Eva disse furiosa. – E além do mais, você pode me ajudar com outras coisas depois.
–Claro.
O resto do tempo de trabalho foi em silêncio. Quando finalizei o horário de trabalho, eu estava exausta e precisava descansar, não só o corpo, mas a cabeça, que passava mil coisas. O dia tinha sido completamente bagunçado e ainda estava na metade. Não entrava na minha mente porque Savoia tinha feito isso, do nada. Desde que tive contato com ela, esse era o único momento que eu tinha visto a criminosa que tanto diziam.
Durante o resto do dia não vi Savoia mais, nem no almoço e nem no jantar. Não passei perto de sua cela, mas imaginei que ela estivesse lá. À noite, deitada em minha cama já com as celas fechadas e tudo escuro, percebi que talvez a mulher pela qual eu precisava me aproximar talvez não fosse tão boa quanto eu tinha criado esperanças que fosse.
Traduções:
Stai scherzando: só pode ser brincadeira
Cara: querida
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A Incógnita Savoia (PRÉVIA)
RomanceDiana é detetive e é designada para um trabalho de infiltrada dentro de um presídio, para investigar Savoia, uma criminosa que possui informações extremamente importantes para a polícia. Seu objetivo é fazer o necessário para conseguir esses dados d...