Capítulo Dezessete

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Oii gente, espero que gostem do capítulo e espero também seus feedbacks. 



O acontecimento com Muralha tinha gerado muita fofoca. No dia seguinte, cada corredor que eu passava alguém me olhava, algumas balançavam a cabeça em desaprovação, outras faziam joinhas como se eu tivesse feito o maior bem da humanidade e outras apenas me olhavam curiosas.

No caminho para o refeitório, um braço envolveu meu pescoço num abraço.

–Por que você não me chamou pra assistir você batendo na Muralha ontem? – Rebeca disse animada.

–Se eu soubesse que ia fazer aquilo, tinha te chamado.

–Absolutamente todo mundo tá falando sobre isso... e Muralha, não tá feliz não viu.

–Como você parece sempre saber de tudo? – Era uma dúvida real.

–Acha que sou amiga de Savoia por que? É nosso dom.

Quando entramos no refeitório, atraímos a atenção de várias mulheres, torci para que Muralha não estivesse aqui, não precisava disso agora. Na verdade, a única coisa que eu precisava era minha casa, minha cama e um pouco de silêncio.

Claro que minha torcida não funcionou e logo vi Muralha se aproximando de nós na fila do café da manhã. A brutamonte vinha devagar, cortando a fila. Havia um roxo debaixo do seu olho e isso me causou uma certa satisfação por dentro.

Não vi Savoia se aproximar, mas de repente ela estava ao meu lado, não parecia estar de bom humor. Quando Muralha chegou próximo o suficiente e viu a italiana ao meu lado, bufou.

–Você já não foi humilhada o suficiente? – Savoia sussurrou.

–Só quero pegar o café da manhã. – Muralha respondeu, todas sabíamos que ela não tinha vindo até aqui pra isso, mas era um bom jeito de não ter que falar com a mulher que ela odiava e ainda assim respeitava.

–Estou de bom humor hoje, pode passar na nossa frente. – O olhar de Savoia mostrava que estava se divertindo com a situação.

Muralha não falou mais nada e passou por nós irritada.

–Gostei do que fez no rosto dela. – A voz cheia de sotaque falou baixo perto do meu ouvido e me causou um arrepio pela proximidade. – Vamos conversar depois.

Já sentadas na mesa, o clima estava mais tranquilo, apenas Júlia às vezes me olhava de cara fechada e eu nunca nem tinha dirigido a palavra à ela direito.

–Boa Diana, Muralha mereceu o que você fez. – Monica falou.

–Mereceu mesmo. – Jenifer concordou.

Júlia ia começar a falar algo e Savoia interrompeu, me olhando.

–Ela vai querer se vingar, fique de olho.

–Sorte a minha que vou ser transferida amanhã. – Falei.

–Sorte vai ser se você voltar, tem muitos lugares piores que aqui. – Savoia deu uma piscadela pra mim.

O restante do café da manhã foi tranquilo e nada demais aconteceu. Quando me levantei da mesa, com o propósito de ir para a lavanderia, vi que Savoia se levantou junto e Júlia fez o mesmo, mas foi impedida pela primeira de acompanhá-la.

–Preciso conversar com Diana. – Ela falou para Júlia que já havia fechado a cara novamente... na verdade, essa parecia ser a única cara que ela tinha.

–Toda hora isso agora, Savoia? – Reclamou. Júlia era uma mulher bonita, acho que já tinha reparado isso no primeiro dia, seus olhos verdes eram bem chamativos e dava um ar selvagem quase atrativo nela.

–Será rápido. – A italiana respondeu e vi sua namorada se aproximar e dar um beijo rápido em sua boca. Eu estava de pé ali e só assistia a cena, inclusive percebi que Savoia ficou um pouco surpresa com o gesto, mas nada respondeu e se virou pra mim. – Vem.

Eu andava atrás dela pelos corredores, imaginei que estivéssemos indo para a mesma sala que conversamos ontem, mas uma guarda nos interrompeu, a mesma que havia me chamado ontem e levado até a sala do diretor.

–Vocês duas! – Ela chamou e nos viramos. – Me acompanhem.

Savoia não pareceu satisfeita com o chamado, pois escutei quando bufou, mas seguimos a guarda mesmo assim. Eu me mantinha na frente e Savoia vinha atrás.

Eu ficava um pouco surpresa em como era fácil trafegar por essa prisão. Havia sim muitas guardas vigiando, mas o acesso aos lugares era muito tranquilo e dificilmente se via alguém infringindo alguma regra quanto a isso.

A guarda nos levou até o mesmo escritório que Walter havia me convocado ontem, quando chegamos na entrada da sala, a guarda fez um sinal para que Savoia esperasse do lado de fora e entrei sozinha.

Dessa vez, apenas Walter estava lá dentro, sentado em uma das poltronas. Assim que me viu, se levantou.

–Trago notícias.

–Fale de uma vez.

–Bom, conversei com os superiores e eles não gostaram muito do que foi pedido... disseram que não podem aceitar os caprichos de uma criminosa dessa forma.

–E então? – Estava ansiosa.

–Mas eu expliquei, falei que se não for como ela quer não terá acordo. – Ele se sentou novamente. – Diana, a situação é bem mais séria do que eu pensava, essas informações que essa mulher tem devem ser de uma importância gigantesca.

–Isso eu já imaginava... mas no fim das contas, o que ficou decidido?

Walter suspirou.

–Eles querem te trocar. Querem colocar outra pessoa aqui dentro para conversar com ela... eles acham que você não pressionou e fez o suficiente.

Só podia ser piada. Depois de todos esses dias, de eu ser a única pessoa que tinha conseguido uma mísera informação, eles queriam me trocar?

–Você só pode estar brincando comigo. – Falei indignada.

–Falei que ia vir aqui e falar com você e falar com ela... ver se podemos chegar num acordo melhor.

–Eu vou chamar ela e veremos. – Eu sabia que no fim dessa pequena reunião, as coisas sairiam exatamente como Savoia queria, mas preferi não falar nada.

Abri a porta e a vi encostada na parede de braços cruzados.

–Vem cá. – Chamei.

Walter se levantou novamente... ele estava nervoso. Eu não podia julgar, Savoia realmente dava nos nervos mesmo sem conhecê-la.

A italiana entrou na sala, estava séria.

–E então? – Ela disse.

–Você deve ser Savoia... – Walter começou a falar.

–Vamos pular as apresentações, deixaremos pra outro momento, se não se importa.

Independente do que ela fez ou não fez, com essa língua, essa amistosidade, não era de se questionar o fato de estar aqui nesse momento.

–Certo. – Meu chefe falou. – Direto ao assunto... eles não aceitaram o que você pediu e vão substituir Diana para que você converse com outra pessoa.

Savoia riu e por um momento parecia realmente estar achando graça.

–Sabe quantos detetives, interrogadores, advogados e tudo o que você pensar eles já mandaram aqui pra conversar comigo? – Ela perguntou e quando viu que ninguém ia responder, continuou. – Muitos, mais do que você pode imaginar. Nada e nenhum deles conseguiu tirar qualquer informação de mim... e não vai ser diferente se eles trocarem Diana por outra pessoa. Estou exigindo pouco por enquanto e eu sei o quanto eles precisam que eu fale, que eu conte tudo que sei.

Eu não me meteria nesse assunto, deixaria Walter resolver e ver como ficariam as coisas daqui pra frente.

–Então eu garanto que essa será a última chance que seus superiores terão de conseguir a informação que eles querem... e será do meu jeito. – Savoia falou e direcionou o olhar pra mim em seguida. – E a única pessoa com quem vou falar qualquer coisa é Diana.

A Incógnita Savoia (PRÉVIA)Onde histórias criam vida. Descubra agora