Capítulo Vinte e Quatro

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Oii gente, vim com um capítulo pequeno, mas quis trazer logo a atualização. Desculpem a demora, me veio um bloqueio mental e esse final de semana foi meio corrido. Logo eu volto ao normal.



Não era uma tarefa fácil confiar em Savoia, principalmente porque parte de mim sentia que ela estava tentando se aproximar de mim para conseguir algo em troca. Claro que eu poderia estar errada, mas estar na posição em que eu estava, onde ela me pedia para confiar nela e não contar para a polícia que precisava de tempo era algo complicado demais, uma posição que eu não tinha certeza se queria estar.

Me ocorreu que eu sabia o primeiro nome dela, coisa que nem a polícia ou qualquer arquivo dela mencionava e eu tinha optado por não espalhar essa informação. Mas por que? Essa era uma pergunta que eu não conseguia responder para mim mesma.

–Eles te informaram que temos só até o horário do almoço para conversar? – Savoia perguntou.

–Não, eles não me informam muita coisa.

–Típico. – Reparei quando ela deu um gole em seu vinho. Queria eu estar bebendo também, mas em horário de trabalho e com tanta responsabilidade era impossível. – Como eu disse, eu preciso de tempo, então falei pra eles que só converso com você na parte da manhã.

–E eles simplesmente aceitaram?

–Você não acreditaria no quanto esses mascalzoni são sujos e só pensam em si mesmos.

Ela tinha razão, mas eu não ia concordar, não em voz alta. Pensei em perguntar o que significava a palavra em italiano que ela tinha acabado de falar, mas imaginei que fosse algum insulto, então deixei pra lá.

–Vamos continuar ou daqui a pouco você me bate. – Ela disse. Eu ri e notei que seu olhar foi diretamente para minha boca, então fiquei séria novamente. – Você deveria sorrir mais, mia cara.

–Continue. – Era melhor ignorar o último comentário.

–Claro... como eu estava dizendo, o dinheiro consegue comprar muita coisa, não só lá dentro da prisão, que na verdade é o de menos. Informações, contatos, negócios, tudo é feito com pessoas aqui de fora e enquanto eu estava lá, minha vida continuava aqui fora, mesmo que eu não pudesse estar aqui.

–O que quer dizer?

–Quero dizer que tenho uma vida fora daquele lugar, mas isso virá depois. – Ela terminou sua taça de vinho e pegou a garrafa para encher novamente. Olhei no relógio e vi que o tempo tinha passado rápido demais, estava quase na hora de terminar a conversa. – E minha única oportunidade de conseguir o que eu queria era você, veremos se ainda vou conseguir depois que acabarmos isso aqui.

–O que você precisa conseguir? – Eu sabia que ela não me responderia, mas precisava tentar.

Savoia apenas sorriu e se levantou.

–Nosso tempo acabou. – Disse olhando no relógio que estava pendurado na parede.

–Amanhã no mesmo horário? – Perguntei.

–Claro... – Ela se aproximou quando levantei. Quantas aproximações ela está fazendo hoje. – Bom te rever, Diana. Espero que não tenha raiva de mim.

–E por que eu teria? – Eu disse tentando ignorar sua aproximação e acabei sentindo que ela estava cheirosa, muito cheirosa.

–Pelas coisas que aconteceram e como aconteceram.

–Não foi sua culpa a maioria delas, era meu trabalho. – Respondi voltando minha atenção aos seus olhos, que me encaravam sérios.

–Ainda assim, me culpo um pouco. – Sua mão colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. – Você continua sendo um rosto bonito, dentro e fora daquele lugar isso não muda.

–Não se culpe, não por isso. – Não compensava eu responder a última parte, simplesmente porque eu não sabia como reagir e minhas emoções nesses momentos eram estranhas demais.

–Acho que nos vemos amanhã. – Ela passou por mim e foi até a porta, deu algumas batidas até que abriu.

Caminhei até lá e me virei pra ela antes de sair, me observava e estava séria agora.

–Até amanhã, Savoia.

–Até amanhã.

Depois que o segurança fechou a porta, soltei o ar que não sabia que estava segurando. Estar no mesmo ambiente que Savoia me deixava tensa, as emoções se tornavam uma bagunça e a pressão de ser uma detetive e ela uma criminosa era grande demais .

Quando saí do hospital psiquiátrico, percebi também que estava tensa de estar dentro desse lugar, muitas lembranças vinham de uma vez só, mesmo que eu tentasse ignorar.

O carro que tinha me trazido estava na porta me esperando quando saí e me levou até em casa. O motorista disse que no dia seguinte eu teria que ir sozinha para o hospital, o que agradeci, porque não precisava de ninguém me levando pra cima e pra baixo.

Não esperei muito e fui logo escrever o relatório enquanto o que Savoia tinha me dito estava fresco na minha memória. No final, travei sem saber se devia ou não falar da parte que ela havia dito que precisava de tempo.

Optei por não mencionar. Esperava estar fazendo a coisa certa, ao menos minha intuição dizia que era o correto.

Enviei o email com o relatório com as demais informações e desliguei o notebook. Torci mentalmente para que estivesse fazendo o certo. 


Traduções:

Mascalzoni:  canalha

A Incógnita Savoia (PRÉVIA)Onde histórias criam vida. Descubra agora