2 - Tequila

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Confirmei as horas pela milésima vez, no meu telemóvel. São 9h50, faltam dez minutos para iniciar o exame que vai definir o meu futuro.

Sendo eu uma pessoa que odeia chegar atrasada, já estou junto da sala mergulhada nos livros há uns bons quinze minutos.

Todo o meu percurso do último mês pode ser desperdiçado se não conseguir um bom resultado neste teste.

Pensando bem, acho que não foi tempo desperdiçado, aprendi muito neste último mês e fiquei a conhecer um lado da minha personalidade que andou arrumado numa gaveta grande parte da minha vida.

O que inicialmente era um trabalho para eu poder acompanhar o meu namorado pelo mundo, passou a ser um trabalho pelo qual eu realmente estou apaixonada.

De qualquer forma, já não tenho o namorado.

Cinco minutos antes das dez da manhã, o Noah chega exatamente ao mesmo tempo que o responsável por vigiar a prova.

- Bom dia – depois da conversa sobre a foto o Noah não voltou a olhar-me nos olhos e as nossas conversas passaram a ser apenas o essencial da boa educação.

Guardei os meus livros na mochila que tinha às costas e respirei fundo antes de entrar na sala.

Os poucos minutos que faltavam para o início da prova pareciam longas horas e já conseguia sentir o suor a correr pela minha testa. O que é bastante interessante, tendo em conta que está a chover torrencialmente e as temperaturas não passam dos 5 graus.

As duas horas de teste deixaram-me desidratada de tanto suar, entreguei o teste já resolvido ao homem que aparentava ter uns 40 anos e saí em direção a um café que há perto do circuito para repor os líquidos do meu corpo.

Se não estivesse a conduzir podem ter a certeza que pedia uma cerveja bem fresca.

Sentei-me ao balcão e pedi uma garrafa de água.

- Quer natural ou fresca? – o funcionário apoia o pulso no balcão à espera da minha resposta.

- Fresca, por favor.

- Certo, e o pedido do cavalheiro? – cavalheiro? Ao olhar para o meu lado percebo que o Noah precisava de repor os líquidos tanto como eu.

Se o funcionário do bar não falasse não tinha reparado que ele se tinha sentado ao meu lado.

- O mesmo que ela – Noah senta-se mais confortavelmente no banco ao meu lado e retira a carteira do bolso das calças – Sabes que estares a encarar-me não me dá a habilidade de saber o que queres perguntar?

Estou a agir em piloto automático e nem me apercebo daquilo que faço e o facto de estar a encarrar o Noah é a prova perfeita disso.

- Desculpa – mexo-me no banco numa tentativa de diminuir o desconforto que está no ar.

- Sem problema, como correu o teste? – o funcionário que nos atendeu há poucos segundos regressa com duas garrafas de água na mão.

- Obrigada – agradeço ao homem e volto a minha atenção de novo para o Noah – bem, apesar do meu corpo estar a gritar o contrário.

- Deixa-me adivinhar, tremores e suores de nervosismo? – ele abre a garrafa e engole uma boa quantidade de água.

- E uma ligeira desidratação – abro a minha garrafa e ponho um pouco de água na boca para perceber se estava demasiado fria. Depois de perceber que não estava, verti quase metade da água pela garganta.

- Ligeira? Nem quero imaginar se fosse severa.

Sorri com a sua verificação e retirei a mochila das costas para poder retirar a carteira e pagar.

O meu mundo de Formula 1 - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora